Ano novo: desafio entre a luz e a
sombra
É muito comum reformarmos casas, carros, móveis,
roupas, corpos, a propósito, reformar os últimos
está em alta, usando uma expressão
popular.
O setor de serviços oferece todo o tipo de
restauração e a cada dia surgem novas técnicas
para revitalizar ou mesmo transformar estas
dádivas divinas desgastadas, pois estas já não
apresentam mais a beleza e as funcionalidades de
outros tempos.
Entretanto, quando se fala em reformar o
Espírito a maioria não entende como aplicar esta
prática a si mesmo, enquanto outros sabem, mas
não se preocupam com esta necessidade premente,
deixando sempre para depois.
E mais, em relação ao Espírito, a maioria se
questiona por que mudar, qual seria a razão para
promover mudanças na personalidade e caráter?
Não é melhor deixar como está, ajuízam, afinal,
mudar dói, é preferível permanecer na zona de
conforto, para que esquentar a cabeça tentando
alterar tradicionais e consolidadas condutas e
ideias, há muito tempo consolidadas?
A Terceira revelação – o Espiritismo –, dádiva
de Deus, esclarece que todos devem buscar a
perfeição relativa, é meta fatal de todos os
Espíritos, sendo assim, o melhor é trabalhar
para se alcançar esta condição o mais rápido
possível, de modo a evitar muitas dores e
sofrimentos, características dos Espíritos ainda
prisioneiros de suas muitas limitações morais e
éticas.
Há basicamente duas áreas em que deveríamos
buscar melhorias de toda ordem, pois são os
setores que, quando bem desenvolvidos, nos
conduzirão à pureza espiritual: o campo do
conhecimento e inteligência e o lado moral.
Contudo, como já tivemos muitas encarnações, e,
por escolhas próprias, optamos por nos conduzir
por condutas desrespeitosas às Leis de Deus,
construímos um chamado passivo de dívidas, e
mais, edificamos traços de personalidade e
caráter distantes daqueles comuns aos Espíritos
elevados. Este nosso lado distorcido é
exatamente o que precisamos trabalhar, reformar,
transformar, pois não são úteis ao nosso
processo evolutivo, e atrapalham a evolução
moral e intelectual.
Entretanto, agora não é tão fácil assim
desconstruí-los. O tempo necessário para nos
vermos livres destas mazelas morais e da nossa
ignorância, será indiretamente proporcional aos
nossos sinceros esforços em nos melhorarmos e,
diretamente proporcional à intensidade com que
eles já estejam enraizados em nós.
Por isso se diz haver muitas personalidades em
cada um de nós, formadas pelos traços bons ou
maus desenvolvidos em existências anteriores,
permanecendo vivos na atualidade: a nossa luz,
por um lado, e a nossa sombra, pelo outro.
Neste processo, surge naturalmente a proposta
do conheçamo-nos a nós mesmos, já
conhecida desde passado longínquo, mas pouco
exercitada nos dias modernos, este ensino
socrático aplicado ao nosso tema em exame
poderia apontar para esta reflexão: Não quero
ser mais quem fui, mas ainda não sou quem quero
ser. Então quem sou?
Um possível caminho para viabilizar esta grande
reforma, seria identificar hábitos salutares,
tais como, orar rotineiramente; ler obras
edificantes - que não precisam ser
necessariamente espíritas; usar e abusar da
laborterapia, expressão que ganhou verdadeiro
sentido e abrangência na obra O Livro dos
Espíritos, quando aborda o capítulo sobre
Lei do Trabalho, definindo trabalho como
qualquer ocupação útil; repetir testemunhos de
aprendizado e renovação, insistentemente, pois
para desfazer um vício ou uma conduta perniciosa
hoje presente em nosso caráter, é preciso
reforçar as novas e boas condutas muitas vezes,
sem o que, não se consegue apagar ou controlar
os traços indesejadas; visitar doentes, asilos,
orfanatos; iniciar um novo curso em qualquer
área do conhecimento...
São muitas as opções, mas é preciso escolher uma
ou algumas e agir.
Considerando o outro lado da moeda, é preciso
identificar as maiores dificuldades que
enfrentamos no dia a dia e começar a substituir
estes comportamentos, palavras e pensamentos,
quando impregnados de irritação, negativismo,
avareza, inveja, ciúme, maledicência,
preconceito, preguiça... por outros mais
saudáveis.
Observar também neste nobre esforço em nos
melhorarmos: extinguir definitivamente certos
hábitos extremamente nocivos, principalmente ao
corpo físico, como o uso do fumo, das drogas
lícitas – bebidas alcoólicas - e ilícitas. Há
outra conduta que nos enfraquece e perturba
sobre maneira que é o uso excessivo da televisão
e, hoje em dia, do celular. Estes dois
dispositivos que a ciência tornou realidade para
nos ajudar, se usados sem discernimento e
controle, podem dificultar a concretização de
outras providências que buscamos tomar em nosso
próprio benefício.
Consideremos também que não basta evitar o mal,
é imperioso fazer todo o bem ao nosso alcance,
um desafio e tanto no processo de reforme
íntima.
Como outro exemplo deste chamamento espírita,
basta consultar o capítulo XVII – Sede
perfeitos, contido em O Evangelho segundo o
Espiritismo. Neste texto, o autor Allan
Kardec sugere 19 características do chamado Homem
de bem, mas não são todas, há outras, mesmo
assim, um excelente começo para quem deseja
reformar o seu Espírito.
Um novo ano se inicia, esperamos de muita Paz e
Saúde para todos, e tenhamos a certeza: fazer
luz extingue a treva!