O ciclo da renovação
A civilização egípcia foi a primeira a adotar o
calendário solar de 365 dias, baseada na observação da
Estrela Sírio e na inundação anual do Rio Nilo. Os
egípcios dividiram o ano em 12 meses de 30 dias, com 5
dias adicionais chamados epagômenos. Ao longo do tempo,
esse conceito foi refinado por diversas culturas,
alinhando-se os calendários aos ciclos astronômicos.
A divisão do tempo em anos e meses gerou reflexões
filosóficas sobre a vida, como a do escritor Mário
Quintana, que transformava o cotidiano em poesia. Sua
expressão “engarrafamento do espírito de Natal”
simboliza o contraste entre o espírito natalino e os
excessos típicos dessa época. A ideia de guardar o
espírito de Natal em uma garrafa para cada mês do ano
seguinte nos convida a manter vivos, ao longo desse
período, os princípios de bondade, generosidade e
empatia que o Natal representa.
O início de um novo ciclo convida à reflexão sobre
nossas escolhas e atitudes. Ao olhar para dentro de nós,
temos a chance de renovar nossas intenções e recomeçar
com mais consciência. Este é um momento propício para
avaliar o que fizemos, aprender com os erros e buscar
melhorias contínuas.
É natural que recordemos seletivamente os momentos
felizes, mas a reflexão sobre os erros cometidos também
é essencial. Esse processo não é para buscar culpados,
mas para entender o que deve ser ajustado em nossa
trajetória pessoal. A catarse, ao limpar os traumas, nos
prepara para a evolução.
No calendário chinês, 2025 será o Ano da Serpente, que
nos convida a enfrentar medos e buscar sabedoria através
da introspecção e da mudança. Esse conceito se alinha ao
que nos ensina a Doutrina Espírita: a transformação
moral é um processo contínuo. A frase “Reconhece-se o
verdadeiro homem de bem pela sua transformação moral e
pelos esforços que emprega para domar suas inclinações
más” resume esse princípio. É um convite à reflexão
sobre nossa conduta e a busca incessante pelo
autoconhecimento e evolução pessoal.
Sócrates, filósofo que influenciou Santo Agostinho, nos
deixou o legado da introspecção e do autoconhecimento
como caminho para a sabedoria. Agostinho, em sua
experiência de renovação, recomendava o autoexame
diário, para avaliação das ações praticadas durante o
dia e questionamento sobre o que poderia ser melhorado.
Esse processo de reflexão contínua é um poderoso
instrumento de transformação.
Relacionamentos harmoniosos são fundamentais para a
felicidade. Cultivar o diálogo, a empatia e o perdão são
atitudes essenciais. Por outro lado, deixar para trás o
que não nos serve mais, como mágoas e vícios, é um ato
de libertação. Cada atitude altruísta toma o lugar de
uma ação egoísta, contribuindo para a construção de um
mundo mais justo e amoroso. Assim, ao nos comprometermos
com a reforma íntima, estaremos preparados para
enfrentar qualquer novo ciclo com determinação e
esperança.