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por Wagner Ideali

 

Mediunidade, obsessão e transtornos mentais


A mediunidade sempre foi vista como um dom especial que algumas pessoas possuem, para conversar com os espíritos. A doutrina espírita procura apresentar a mediunidade como a prova da existência do espírito, portanto da sobrevivência, da imortalidade.

Notadamente muitos estão equivocados quanto ao sentido verdadeiro da mediunidade, pois ela não é um fim, mas sim um meio, ou seja, um meio de se aproximar do mundo espiritual e não o fim em si mesma, pois mediunidade sem um objetivo profundo de melhoria íntima, atualmente, não faz sentido. No passado era usada para despertar a humanidade sobre a existência da vida além da vida, mas hoje ela tem um objetivo de mudanças no comportamento, pensamentos e, portanto, nas ações dos médiuns e das pessoas em geral. Qualquer tentativa fora desses objetivos pode facilmente levar à obsessão.

Podemos dividir a mediunidade de duas formas básicas: com Jesus e sem Jesus. A primeira implica sua aplicação na ajuda ao próximo, esclarecendo, orientando, informando, sempre com princípios morais profundos de amor ao próximo, enquanto a segunda tem como objetivo apenas a autopromoção, o ganho material e, devido a isso, o medianeiro corre um grande risco.

Estudando Kardec no memorável O Livro dos Médiuns, verificamos a existência de inúmeras formas de se operar a mediunidade, tais como: psicografia, psicofonia, vidência, audiência entre tantas outras possibilidades de se comunicar com o mundo extrafísico, o mundo espiritual.

Assim sendo, podemos perceber que a mediunidade é uma ferramenta sublime quando aplicada para a ajuda ao próximo, esclarecimento e aprendizado.

Todo médium precisa ter consciência de que o desenvolvimento mediúnico começa com a mudança comportamental, o estudo e a prática da caridade.

A possibilidade de servir ao próximo com amor e desinteresse é uma dádiva divina destinada a auxiliar e confortar aqueles que estão em necessidade.

Inegável é a importância da caridade e da solidariedade como meios de vivenciar os ensinamentos de Jesus Cristo.

O estudo constante, tanto do Evangelho de Jesus quanto de outras obras espirituais e filosóficas, eis um dos itens do desenvolvimento mediúnico.

É importante também o discernimento espiritual, a necessidade de distinguir entre boas e más influências espirituais, porque nem todos os espíritos desencarnados são benevolentes, sendo assim essencial praticar a mediunidade com responsabilidade e cuidado.

O poder da oração, como uma forma de conexão com o divino e como uma ferramenta para auxiliar no desenvolvimento mediúnico e na busca por orientação espiritual, deve sempre estar na mira do médium.

Reencarnação e a contínua evolução espiritual revelam-nos que cada vida é uma oportunidade de aprendizado e crescimento.

O risco dos transtornos mentais está sempre presente para o médium desequilibrado, mas quando temos a oração, os comportamentos de amor e caridade, estaremos nos blindando de qualquer desequilíbrio.

Estamos numa fase de transformação e a mediunidade também está passando por um processo de transformação. Atualmente bem já estamos vivendo a mediunidade intuitiva, e com o tempo isso vai-se intensificar ainda mais. Essa mediunidade intuitiva, ou como dizem alguns a mediunidade mental, exige ainda mais do médium o estudo profundo do seu eu, bem como da mediunidade, como também exige dele muita concentração, obtida com a prece sincera e a autoanálise sobre seus pensamentos e atos.

Com a mediunidade apresentando-se de forma intuitiva, o médium precisa estar preparado para fazer uma leitura exata, para então promover uma escrita ou a palavra, para transmitir o pensamento do espírito da forma mais transparente possível.

O animismo vai acompanhar o médium durante muito tempo, mas se reduzirá na medida em que o médium procurar educar-se dentro de padrões morais baseados nos ensinos de Jesus.

Estudar a doutrina e a mediunidade para conseguir separar o que é dele e o que é do espírito, eis outro ponto importante para quem pretende trabalhar nessa área.

No dizer de Miramez: “A mediunidade com Jesus é aquela consciente de seus deveres. É o companheiro ciente do que deve fazer, que se submete constantemente às corrigendas, quando a consciência o instiga à meditação e a humildade retrata as distorções da invigilância”.

Jesus sempre será o caminho, a verdade e a vida. Assim podemos afirmar que a verdadeira mediunidade, livre da obsessão e dos transtornos mentais, se “desenvolve” efetivamente com Jesus.

 

 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita