Joias da poesia
contemporânea

Autoria: Sebastião Lasneau

 

Trovas depois da morte

 

O momento de morrer

É uma tela iluminada

Que recorda o alvorecer

Na hora da madrugada.

 

O verbo não elucida

Por mais brilhe, cante, exorte,

Toda a morte que há na vida,

Toda a vida que há na morte.

 

Quem andou nas próprias dores,

Servindo e amando ao sofrê-las,

Vê na morte o fim do dia

Todo enfeitado de estrelas.

 

Ante a morte, frente a frente,

Senti uma cousa assim:

Triste saudade pungente

Numa alegria sem fim.

 

Cegueira será na Terra

Talvez uma grande cruz,

No entanto, é o caminho certo

Para a vitória da luz.

 

A quem ama, serve e espera

O corpo é divina grade;

Morte é a chave que se ajusta

À porta da liberdade.

 

A morte me lembra agora

Um sábio cirurgião

Que altera tudo por fora

Mas não muda o coração.

 

Cego, no instante do adeus,

Exclamei, voltando à luz:

— Louvado sejas, meu Deus!

Bendito sejas, Jesus!


Da obra Trovas do Mais Além, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita