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por Marcos Paulo de Oliveira Santos

 

O que é ser espírita?


Existem alguns pressupostos fundamentais que determinam se o indivíduo é ou não é espírita, quais sejam: Deus; Imortalidade da alma; Comunicações dos Espíritos; Reencarnação; Pluralidade dos mundos habitados e Evangelho de Jesus.


Deus


No Espiritismo, Deus é compreendido como a causa primária de todas as coisas, o ser supremo, eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, o amor infinito e soberanamente justo e bom.

A ideia de Deus no Espiritismo transcende a visão antropomórfica e punitiva. Deus é entendido como a inteligência suprema do universo, cujos atributos são expressos na perfeição das leis naturais. A Doutrina Espírita ensina que as leis divinas são naturais e imutáveis, não se modificando conforme as concepções humanas, sendo acessíveis à razão. Dessa forma, o estudo dessas leis é fundamental para a evolução moral e intelectual do ser humano.


Imortalidade da Alma


A imortalidade da alma é um princípio basilar no Espiritismo. Segundo a doutrina espírita, a alma (o Espírito) não morre com o corpo físico, mas continua a sua existência no plano espiritual.

A vida continua após a morte do corpo, em um processo contínuo de evolução. A morte não é um fim, mas uma transformação, um estágio na jornada imortal do espírito.

A alma, ou Espírito, é vista como imortal/indestrutível, apenas mudando de forma e circunstâncias de acordo com o seu grau de evolução. Essa perspectiva permite uma visão consoladora sobre a morte, pois não é vista como um fim abrupto, mas como uma continuidade da jornada espiritual.


Comunicações dos Espíritos


As comunicações dos espíritos com os “vivos” são um dos pilares do Espiritismo, sendo investigadas e estudadas desde os primeiros trabalhos de Allan Kardec.

Os Espíritos, que são seres imortais e dotados de consciência, podem se comunicar com os encarnados através de diferentes meios, como a mediunidade.

A mediunidade é entendida como uma faculdade natural que alguns indivíduos possuem (em maior ou em menor grau), permitindo a comunicação com os Espíritos.

A doutrina ensina que essas comunicações não são aleatórias ou miraculosas, mas sim fenômenos explicáveis por leis naturais, que ainda estão sendo estudadas e compreendidas. Além disso, as mensagens dos Espíritos têm um caráter pedagógico, muitas vezes oferecendo conselhos, esclarecimentos, conforto e orientações sobre a vida espiritual e o caminho ético-moral.


Reencarnação


A reencarnação, ou a volta do Espírito ao mundo material em diferentes corpos humanos, é um dos princípios mais marcantes do Espiritismo. A doutrina ensina que o Espírito reencarna em um novo corpo com o objetivo de continuar seu processo evolutivo, superando suas imperfeições morais e adquirindo novos conhecimentos e virtudes.

A reencarnação é vista como uma oportunidade de aprendizado, onde o Espírito, ao longo de suas existências, pode corrigir erros passados e buscar a perfeição. A ideia de reencarnação está intimamente ligada à justiça divina, pois ela permite que cada Espírito tenha várias oportunidades de evolução, dependendo de seu livre-arbítrio e das escolhas que faz em cada existência.


Pluralidade dos Mundos Habitados


O Espiritismo ensina que o universo é vasto e, consequentemente, povoado por seres em diferentes estágios de evolução.

A pluralidade dos mundos habitados é a ideia de que existem muitos outros planetas no universo onde seres vivos, em diferentes estágios (ético-morais, materiais e/ou espirituais) de desenvolvimento, habitam e evoluem.

A Terra, para o Espiritismo, não é um ponto isolado, mas um dos muitos mundos em que a vida se manifesta. Além disso, o Espiritismo confirma que os seres humanos podem, após a morte e em estágios evolutivos mais avançados, habitar outros mundos, em consonância com o grau de perfeição alcançado. Essa visão amplia a compreensão sobre a existência humana, colocando-a dentro de um contexto universal e eterno.

Se pararmos para refletir com seriedade, o Criador não teria criado um número incalculável de estrelas e mundos para haver somente vida na Terra.

Por fim, há ainda o Evangelho de Jesus.


Evangelho de Jesus


O Evangelho de Jesus é central na moral espírita, sendo entendido não apenas como um conjunto de preceitos religiosos, mas como um guia prático para a evolução moral do espírito.

A mensagem de Jesus, no Espiritismo, é vista como a mais alta expressão da moral e da ética universal. Seu ensinamento de amor, perdão, caridade, humildade e paciência é visto como o caminho para a verdadeira transformação do ser humano. Ele é o modelo que o Criador enviou para que todos nós, humanos, tivéssemos um roteiro seguro para as nossas existências.

A Doutrina Espírita ensina que os ensinamentos de Jesus não se limitam a um contexto histórico, mas são universais, aplicáveis em todos os tempos e lugares. Os espíritas, portanto, consideramos o Evangelho como uma referência constante para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, baseada nos princípios do amor ao próximo e da busca pela perfeição moral.

O Espiritismo oferece uma visão integrada da vida, em que os seres humanos são entendidos como espíritos em processo de evolução contínua, através da reencarnação e das leis universais de causa e efeito.

Ao dar um novo entendimento sobre Deus, a imortalidade da alma, as comunicações espirituais, a reencarnação, a pluralidade dos mundos habitados e o Evangelho de Jesus, o Espiritismo busca proporcionar um entendimento profundo sobre a realidade da existência, oferecendo respostas consoladoras e racionais para as questões mais existenciais da vida.

A prática espírita, fundamentada no amor, na caridade e no conhecimento das leis divinas, propõe um caminho de transformação espiritual para o indivíduo e para a coletividade.

Para além destes preceitos fulcrais, que tornam uma pessoa espírita; há também outro, não menos importante e sobejamente conhecido pela seguinte frase insculpida em O Evangelho Segundo o Espiritismo que diz: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.

Se envidamos esforços para a cada dia sermos melhores e acreditamos nos postulados supracitados, podemos ser considerados espíritas.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita