Invisíveis também se comprazem em iludir
Sabe-se que os espíritos não sabem tudo. Eles nada mais
são que homens e mulheres que já deixaram a vida
material ou estão para nela retornar, e que guardam
conteúdos morais, intelectuais, emocionais e
psicológicos, habilidades, tendências e gostos do
estágio em que se encontram. Há que lembrar que a morte
não é uma varinha mágica que transforma o espírito; este
terá que evoluir pelo esforço próprio visando ao seu
aprimoramento intelecto-moral. E como não há
privilégios, nem preferências, todos teremos que trilhar
esse caminho.
As diferentes escalas do mundo espiritual, definidas
pela densidade do perispírito (e esse parágrafo abre
para o leitor imenso universo de estudos e pesquisas que
não cabem na presente abordagem, para não torná-la muito
extensa), separam os variados níveis em que os espíritos
se encontram, a depender essencialmente do aspecto
moral. Este define o estado do espírito no mundo
espiritual, podendo habitar regiões iluminadas ou
permanecer em regiões obscuras, de acordo com seu padrão
vibratório.
Por isso os espíritos ainda seduzidos pelas paixões de
apego ou domínio, vingança ou má índole, valendo-se da
invisibilidade, podem enganar, iludir. A mediunidade
pede seriedade e disciplina, e como existem médiuns
invigilantes, despreparados ou que não estudam a própria
faculdade, espíritos há que deles se utilizam igualmente
para iludir e dominar.
Por isso destacamos a mensagem assinada por Luoz,
Espírito protetor, dada em 1861, constante de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 21, item
11 – Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas, com o
subtítulo (no capítulo): Jeremias e os Falsos Profetas.
As advertências constantes do item destacado são de
grande importância e estão esquecidas, talvez até pelo
nome da mensagem, mas recomendo com ênfase nova leitura
e estudo, especialmente em grupos mediúnicos, de onde
destaco dois trechos parciais:
a) “Sonhei, Sonhei”. Indicava assim um dos meios que
eles empregavam para explorar a confiança de que eram
objeto. A multidão, sempre crédula, não pensava em lhes
contestar a veracidade dos sonhos, ou das visões (...) -
A expressão utilizada do profeta, na época, médium na
atualidade, sobre visões ou sonhos, são de imaginação,
invenção ou ilusão provocada por espíritos enganadores,
que se valem da credulidade do médium, provocando
absurdos e incoerências. Daí a citação de conferir a
veracidade, ou diante da impossibilidade, analisar com
racionalidade, o que vem dos espíritos. Havendo
incoerência com a lógica, recomendação é recusar e
desconsiderar.
b) (...) escutai os sábios conselhos do apóstolo
João, quando diz: “Não acrediteis em todos os Espíritos;
experimentai se os Espíritos são de Deus”, porque, entre
os invisíveis, também há os que se comprazem em iludir,
se se lhes depara ocasião. Notem que advertência
oportuna. Experimentar antes! Alguns podem perguntar:
Como? Aí surge o critério fundamental: analisar as
comunicações à luz do bom senso e do discernimento. Com
tais critérios não nos enganamos, desde que bem
alicerçados no conhecimento do assunto, estudando a
Doutrina Espírita em toda sua completude. Aprenderemos
com o tempo, com a maturidade, com a experiência, a
distinguir os bons dos maus espíritos.
A recomendação é para leitura do item, no citado
capítulo, atentamente. O autor conclui que esse é um dos
escolhos da prática espírita, em que novatos e
inexperientes sempre se deparam e que os mais maduros
podem ser envolvidos, se caírem na sedução da vaidade,
que turva o raciocínio.
E também indica que, se não aprendermos a distinguir os
bons dos maus espíritos, podemos nos tornar também
falsos profetas, pois que seremos comunicadores da
ilusão, do engodo, da fantasia, do fanatismo, das
inclusões indevidas.
Por isso sempre é bom estudar. Tudo está escrito,
codificado, nós é que nos distraímos.