Tema: Ação e reação; persistência
Boas sementes florescem
Alberto, todos os dias, ia de ônibus para o trabalho.
Ele morava numa vila, um pouco distante da cidade, por
isso o percurso era demorado.
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Mas Alberto não se importava, já estava acostumado.
Sentava-se sempre ao lado da janela e ia prestando
atenção na paisagem.
No caminho, o ônibus passava por um trecho de estrada.
Era a parte mais monótona do trajeto. Não havia casas,
nem comércio, apenas o acostamento e o mato.
A estrada fora construída numa parte elevada do terreno
e só se via a paisagem ao longe.
Depois de certo tempo, passando por ali todos os dias,
Alberto teve a ideia de atirar sementes pela janela, na
tentativa de que algumas florescessem e embelezassem seu
caminho. E assim ele passou a fazer.
Todas as sementes que ele conseguia, de frutas, ou de
flores, guardava e depois as lançava na beira da
estrada.
Muito tempo se passou e Alberto, observador como era,
sempre procurava ver os frutos do seu empenho, brotando
e crescendo ao longo da estrada.
De vez em quando, ele via uma flor da espécie que ele
tinha semeado. Algumas poucas mudas conseguiam se
desenvolver ali. O calor da estrada, o vento dos
veículos pesados e o mato prejudicavam bastante o
crescimento das plantas.
Alberto sabia dessas dificuldades, mas persistia mesmo
assim. Recolher e lançar as sementes já havia se tornado
um hábito para ele.
Os colegas do ônibus também já estavam habituados a ver
Alberto jogar suas sementes. Um dia, um deles
argumentou:
– Alberto, não adianta! Ali não cresce nada. É uma ou
outra semente que consegue brotar. Não sei por que você
insiste nisso.
– As plantas fazem tão bem! O mundo precisa tanto delas!
Talvez seja a única chance dessas sementes. Pelo menos
dou uma oportunidade a elas. Não me custa nada –
respondeu Alberto, determinado.
E, assim, vários anos se passaram. Houve períodos em que
Alberto semeou bastante. Houve fases em que ele ficou um
bom tempo sem semear. Mas ele sempre manteve sua
atividade de propagar as boas sementes, mesmo sem ver a
maioria delas crescer.
Certo dia, o ônibus quebrou. O motorista teve que
encostar o veículo no acostamento e avisou os
passageiros que teriam que esperar até que outro ônibus
da empresa pudesse vir buscá-los.
Os passageiros se incomodaram, mas, sem ter alternativa,
tiveram que esperar. Depois de alguns minutos, o
motorista abriu a porta e alguns desceram para caminhar
um pouco.
Alberto foi um deles. Ele gostava de observar a
paisagem. Desceu do ônibus e, caminhando um pouco,
conseguiu enxergar o vale abaixo da estrada.
Estava cheio de flores coloridas e árvores de todos os
tamanhos. Além das plantas, havia passarinhos e
borboletas. Todo o vale era um ambiente de natureza rica
e agradável.
Alberto sentiu uma felicidade enorme. Ele conseguia
identificar várias espécies de plantas que eram das
sementes que ele costumava jogar. Percebeu que aquela
linda paisagem era fruto da sua semeadura e sentiu-se
muito realizado.
O vento havia levado a maioria das sementes que ele
jogava, e só mais adiante é que elas conseguiram
germinar. E não eram somente elas. O crescimento dessas
plantas, criava condições para que outras sementes,
trazidas de outros locais pelo vento, pela água da chuva
ou pelos animais, conseguissem se desenvolver ali
também, aumentando a diversidade de espécies vegetais e
animais daquele local.
Outros passageiros do ônibus viram a mesma coisa e,
também percebendo a situação, vieram abraçar Alberto,
cumprimentando-o. Todos ficaram felizes com aquele
momento tão especial!
A alegria de todos era por constatarem que vale a pena
persistirmos nas boas ações, mesmo que os resultados não
sejam imediatos, ou que não aconteçam próximo de nós.
As boas ações são como boas sementes e, mesmo que leve
algum tempo, de alguma forma, florescem em algum lugar!