O
crescimento espiritual
Já alguma vez refletiu
como acontece o
crescimento espiritual?
Esta é uma realidade e
está a acontecer, pois
este é o sentido da
vida.
Nós confundimos o
crescimento espiritual
com o crescimento do ser
terreno mentalmente ou
de conhecimento. Eles
influenciam-se, mas não
são o mesmo e um não
está dependente do
outro. Pode até
acontecer o crescimento
de um ser o contrário do
outro, e isso é mais
comum do que
imaginamos.
Quando aquilo, a que a
psicologia chama de Ego,
cresce, normalmente tem
um efeito negativo no
Espírito, que irei
chamar de consciência,
pois aqui na Terra
podemos chegar com
alguma facilidade à
consciência, mas
dificilmente ao
Espírito, embora um seja
o espelho do outro. A
grande dificuldade de
chegar ao espírito está
em ele nos passar
completamente
despercebido, como é
dito em O Livro dos
Espíritos, se para
nós nada é, logo não o
percebemos.
É fácil percebermos como
o ser terreno cresce: é
através do conhecimento.
Quanto mais tiver, maior
o ser terreno.
Como acreditamos sermos
um espírito, até dizemos
na gíria que temos um,
confundimos o
crescimento do ser
terreno com o do
espírito, mas Jesus foi
bem explícito quando
separou os tesouros da
Terra dos tesouros do
céu.
Depois vemos espíritos
desencarnados, que foram
grandes personalidades
na Terra, a sentirem-se
pequeninos do outro lado
e em situações menos
boas.
Podemos ver pessoas com
capacidade em termos de
conhecimento em suas
profissões, enormes e de
uma humildade muito
grande, mas também
podemos ver pessoas com
capacidades e que se
acham muito importantes.
A importância que damos
ao ser terreno está
associada à cegueira
espiritual. Por isso, a
maior das virtudes é a
tão falada e importante
humildade. Esta existe
em dimensão no oposto do
Ego.
Temos de crescer na
Terra como seres
humanos, para podermos
ajudar o melhor possível
a humanidade, sem deixar
que nos inflame o Ego. O
que é de extrema
dificuldade, pois ao
sentir-nos importantes
podemos facilmente
inflamar o Ego, se
esquecermos que a
simples capacidade
mental e física vem de
um corpo que nos foi
colocado à disposição
sem que nós tenhamos
feito algo para termos
aquelas capacidades. Por
isso é dito, que tudo
nos é dado por Deus,
momentaneamente, e tudo
nos pode ser retirado.
Jesus chamou de doutores
da Lei aos que sentiam o
Ego inflamado no tempo
que passou na Terra, por
pensarem saber um pouco
mais de religião.
Podemos perceber com
facilidade que a
consciência ou alma não
cresce pelo aumento de
conhecimento na Terra.
Aliás, na próxima
reencarnação já não nos
lembraremos de nenhum
conhecimento que temos
hoje, mas isto não tira
a utilidade dele agora,
nesta vida.
Como cresce a
consciência?
No caminho oposto ao
crescimento do Ego, ou a
um Ego forte, como
quisermos chamar.
Se o Ego forte vive de
orgulho, a consciência
cresce com a ausência
dele, ou seja, com a
humildade.
Se um Ego forte vive de
egoísmo, a consciência
cresce com a ausência
dele, ou seja, na
caridade.
Se um Ego forte vive de
vaidade, a consciência
cresce na ausência dela,
isto é, com a humildade.
Se um Ego forte vive de
ganância, a consciência
cresce da ausência dela,
com a caridade.
Ou seja, a consciência
cresce no desapego, na
abstinência das más
tendências que nos
surgem ao longo do
caminho, em especial dos
truques que o Ego nos
impõe ao longo do tempo.
O Ego pode ser muito
sutil. Por exemplo,
todos nós achamos que
sabemos lidar com a vida
e como tal aconselhamos
e, muitas vezes, nos
impomos aos outros. Esta
sensação de que sabemos
lidar com a vida nasce
do orgulho: “Eu sei”.
Onde nasce essa
sensação, no Ego ou na
consciência?
A consciência sabe que a
vida é enorme e que cada
pessoa pensa ou age a
seu modo, de forma
diferente, e não existe
nada de errado com isso.
Mesmo quando agem de
forma errada é porque
não sabiam fazer de
outra forma.
Pacientemente, a
consciência oferece
liberdade aos outros, o
Ego impõe.
O crescimento da
consciência passa pelo
abandono ou desapego do
Ego.
Jesus demonstra isso
quando diz que temos de
nos abandonarmos para o
seguirmos.
Kardec fala nisso quando
nos diz que temos de
domar nossas más
tendências.
O caminho é tão difícil
e às vezes dissimulado
para nós, que adoramos o
Mamon da importância,
que é preciso muito
cuidado com o orgulho
que nasce até neste
processo de crescimento.
Alguns caem na armadilha
do orgulho, achando-se
humildes.
Este jogo é extremamente
difícil, pois as
armadilhas para
tropeçarmos são muitas e
é necessária uma atenção
plena, tal como o mestre
aconselhou em olhai,
vigiai e orai…
Se lembrarmos que
qualquer importância que
possamos ter é apenas um
pensamento, uma ideia,
perceberemos que a
importância, tal como o
orgulho é criado na
nossa mente, não tem
valor.
Com isto, não quero
dizer que não tenhamos
valor, todos temos, nas
alturas em que agimos
corretamente. O valor é
de cada boa ação que
fazemos, ou seja, o
valor é da ação, não do
pensamento. Se o
pensamento fica a
ruminar na ação, então é
orgulho. Não saiba a sua
mão esquerda o que faz a
direita.
Ao vivermos presentes no
dia a dia, com a mente
em cada ação, no
silêncio dos
pensamentos,
afastamo-nos do orgulho,
da vaidade, do egoísmo,
diminuímos o Ego e damos
liberdade ao espírito
para crescer.
O ser terreno, na forma
como o vivemos, acumula
naturalmente e esse
acumular de conhecimento
cria o caráter, cria as
ideias que lhe fazem
parecer saber tudo sobre
a vida, que o leva a
viver para uma
individualidade psíquica
e depois é comandado por
esta através dos desejos
e dos impulsos. A
consciência ou alma,
pode viver absorvida em
paz e amor, que são a
sua natureza, se
desapegada dos
movimentos mentais que
criam o orgulho, o
egoísmo, o ódio e todos
os outros que nos levam
aos conflitos internos e
com os outros.
Por isso, mesmo quando
passamos por um
turbilhão, a determinada
altura Deus nos ampara e
voltamos ao silêncio do
ser, nos encostando a
consciência, sentido o
amor Divino no silêncio
de nosso interior.
Bruno
Abreu reside em Lisboa,
Portugal.
|