Onde colocas a
tua felicidade?
Ser feliz: o
grande anseio de
todos nós; o
objetivo das
nossas vidas; o
desejo de toda a
humanidade.
Então, podemos
perguntar:
porque tão
poucos de nós se
consideram
felizes? Quando
encontramos um
amigo ou
conhecido, às
perguntas “Estás
bom?”, “Está
tudo bem?”,
ouvimos, quase
impreterivelmente,
“Vai-se
andando.”, “Vou
indo”, “Um dia
de cada vez”,
“Ah, como Deus
quer.”,
acompanhados de
trejeitos
faciais que
denotam
desconsolo, se
não mesmo,
infelicidade.
Muito raramente
ouvimos um “Vou
bem” ou “Está
tudo bem”, e
ainda mais
raramente,
vemos, nesses
momentos,
sorrisos
rasgados de
satisfação com a
vida. Mesmo
quando as coisas
até vão correndo
bem, parece
quase da praxe
que não o
demonstremos
abertamente.
Queixarmo-nos da
vida é uma
atitude
profundamente
arraigada, pelo
menos nos povos
ocidentais, de
tal modo que,
acabamos por nos
sentir realmente
infelizes, até
quando não haja
razões profundas
para isso.
“Vai-se andando
como Deus quer”
é talvez a
expressão que
mais ouvimos.
Então… como Deus
quer?! Quererá
Deus que sejamos
infelizes?! Será
Deus o
responsável pela
nossa
infelicidade, ou
por esse
sentimento de
“mais ou menos”,
que nem é
alegria nem
tristeza, que
teimamos em
cultivar?
Olhemos em nosso
redor.
Observemos a
Natureza como
resplandece de
equilíbrio e
harmonia, em que
somos nós os
únicos seres da
criação que
teimamos em
destruir
deliberadamente,
só para
satisfazer os
nossos
interesses
mesquinhos.
Parece-nos que
Deus,
perversamente,
diríamos nós,
criou a Terra
para o
desequilíbrio, a
desarmonia, a
dor, a
infelicidade?
Criou Deus a
Terra para ser
morada infeliz
dos seres da Sua
criação? Em que
Deus acreditamos
nós, afinal?
Diz-nos a
Bíblia: “Deus
criou o ser
humano à Sua
imagem.”
(Génesis, 1:27)
e “Deus
contemplou toda
a sua obra e viu
que era muito
bom.” Génesis,
1: 31) Deus,
tendo-nos criado
à sua imagem,
criou-nos com
destino à
felicidade.
Criou a Sua
obra, a Terra
com todos os
seres que aqui
colocou,
destinados à
evolução, ao
progresso
material e
espiritual que,
paulatinamente,
e
inexoravelmente,
nos levariam a
ser semelhantes
(não iguais) a
Ele e nos
levaria às
culminâncias da
felicidade.
No entanto,
também na
Bíblia,
encontramos, em
Eclesiastes,
2:4-11, a máxima
“A felicidade
não é deste
mundo”. O que
quereria o autor
deste livro do
Antigo
Testamento dizer
com isto?
Segundo o que aí
podemos
encontrar, nem o
poder, a
riqueza, a
saúde, ou mesmo
a juventude,
influenciam a
obtenção da
felicidade.
Podemos ter tudo
o que
consideramos ser
condição
essencial para
ser feliz e,
mesmo assim,
mantermo-nos
numa faixa de
vibração
negativa que nos
leva à
infelicidade, à
depressão, ao
desânimo.
Lutamos para
obter todas as
vantagens que
este mundo tem
para nos
oferecer e, após
todas as lutas,
tudo se mostra
vão e inútil
para nos
garantir essa
condição de
satisfação total
e sentimento
interior de
ventura. E
porque assim é?
Antes de mais,
onde estiver o
nosso coração,
aí estamos nós,
tal qual somos,
com toda a
realidade do
nosso Ser. Se as
nossas
aspirações vão
no sentido do
materialismo,
dinheiro, fama,
viagens, poder,
influência,
bem-estar
material, prazer
desenfreado, aí
está o nosso
coração e aí
está a nossa
meta de
felicidade. Mas,
como tudo o que
é material e
apenas do âmbito
terreno é
superficial,
passageiro,
fugidio, a
ambição de
felicidade
colada desse
ponto de vista
torna-se também
passageira,
fugidia e, para
além disso,
ambígua. Com o
puco, alguns
sentem-se
felizes; com o
muito, quantos
de nós nos
sentimos
insatisfeitos.
Tudo depende da
quantidade de
ambição material
colocamos nas
metas que
traçamos. O que
basta para uns,
não é nada para
outros. O
supérfluo de uns
é básico e
imprescindível
para outros.
Faz parte da
condição humana
querer sempre
mais e nunca se
sentir
satisfeito.
Haverá mal
nisso? Tudo
depende,
exatamente de
onde colocamos o
nossos querer,
ou seja, como
temos vindo a
refletir, de
onde pomos o
nosso coração.
Se o objetivo é
exclusivamente
material, essa
insatisfação
constante, esse
desejo de obter
mais e mais, sem
cessar, leva-nos
a um
desassossego que
não é gerador da
felicidade que
pretendemos
alcançar.
Então, que
caminho
percorrer em
busca da
felicidade? Se é
o que Deus
deseja para nós,
como a alcançar?
Olhemos para
dentro de nós
mesmos. O que
vemos? Façamos
esse percurso
com atenção,
buscando
perceber que
potencialidades
já temos, que
dons podemos
desenvolver, que
qualidades
sentimos estarem
já a germinar…
Ao mesmo tempo,
consultemos a
nossa
consciência mais
profunda em
busca dos
entraves, vícios
e obstáculos,
próprios da
nossa
personalidade,
que, com algum
esforço e
trabalho
poderemos
combater e
excluir já nesta
vida. Ao
analisarmo-nos,
encontraremos,
com toda a
certeza, traços
pessoais que
poderemos limar
e aperfeiçoar.
Concentremo-nos
nessa meta.
Façamos da nossa
reeducação
espiritual o
grande objetivo
de vida.
Ofereçamos a nós
mesmos e aos que
nos rodeiam a
melhor versão do
nosso Eu, Ser
Espiritual
Imortal que
somos. Se
colocarmos o
mesmo afinco nas
conquistas
primordiais do
espírito que
costumamos
colocar nas
conquistas do
prazer terreno,
grande passo
daremos na senda
evolutiva. Cada
pequeno passo
dado nesse
sentido, será
uma conquista
rumo à
felicidade que,
na realidade,
está dentro de
nós, basta
deixarmo-la
desabrochar e
crescer.
O que nos diz a
Doutrina
Espírita sobre
isto?
Em O Livro
dos Espíritos,
Livro Quarto,
Esperanças e
Consolações,
encontramos no
capítulo I,
Penas e Gozos
Terrenos:
“921. Concebe-se
que o homem seja
feliz na Terra
quando a
Humanidade
estiver
transformada,
mas enquanto
isso não se
verifica pode
cada um gozar de
uma felicidade
relativa?
(pergunta de
Kardec)
- O homem é, na
maioria das
vezes, o
artífice da sua
própria
infelicidade.
Praticando a lei
de Deus ele pode
poupar-se a
muitos males e
gozar de uma
felicidade tão
grande quanto o
comporta a sua
existência num
plano grosseiro.
(resposta dos
Espíritos)”
Será a
felicidade deste
mundo, afinal? E
porque não?
Felicidade não é
um lugar, é um
estado de
espírito que
depende da forma
como encaramos
os obstáculos
que a vida nos
coloca no
caminho,
obstáculos
esses, digamos a
verdade, foram
planeados por
nós mesmos, por
alguma razão,
nada mais sendo
do que a
colheita da
sementeira que
temos feito e
que serve de
alavanca para
alçarmos a novas
paisagens
interiores
(expiações e
provas).
Em qualquer
lugar, aqui na
Terra ou em
outros mundos,
no plano físico
ou no
espiritual,
poderemos ser
felizes se a
isso nos
dispusermos.
Claro que, sendo
a Terra, por
enquanto, um
mundo de provas
e expiações, não
é um lugar de
inteira ventura,
porque a dor e o
mal ainda
imperam. Nesta
época de
transição, ,
consciência
dele, na maioria
de nós, o que
nos traz uma
sensibilidade à
dor e ao
sofrimento,
nosso e alheio,
assaz forte.
Mas, tenhamos a
certeza:
aproxima-se,
paulatinamente o
estado de mundo
de regeneração
do nosso
planeta, que nos
trará uma
necessidade
menor de
sofrimento, onde
poderemos
continuar a
trabalhar pelo
progresso a
todos os níveis,
acima de tudo o
espiritual, sem
o forte entrave
das expiações
dolorosas. Daí,
continuaremos a
nossa caminhada,
procurando
alcançar para a
Terra a condição
de Mundo Feliz,
onde a
felicidade será
uma vivência
constante e
plena.
Bibliografia:
Génesis,
Antigo
Testamento.
Eclesiastes,
Antigo
Testamento.
O
Livro dos
Espíritos,
Allan Kardec.
Maria de Lurdes
Duarte reside em
Arouca,
Portugal.