História do amor
Pede a ostra colada à pedra em que se escalva:
— “Ajuda-me, Senhor! Sou larva triste e feia!…”
Nisso, o mergulhador pisa o lençol de areia,
Qual fulmíneo titã, no abismo verde-malva.
Pensa, encantada, a pobre: — “Eis alguém que me salva…”
O homem, contudo, ataca e a mísera baqueia.
Depois, sofre, na tona, o facão que a golpeia,
Fere, insulta, escarnece e lanha, valva em valva.
Mas, em vez de revolta, a vítima indefesa
Oferta-lhe, ao cair, por troféu de beleza,
A pérola que brilha entre os arpões e os rascos…
Essa é a história do amor que se alteia, sublime;
Inda mesmo a sangrar, sob a injúria do crime,
Beija e enriquece as mãos dos seus próprios carrascos.
Do livro Antologia dos Imortais, soneto
psicografado pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira.