O drama
das pessoas que ainda
não sabem amar
Infelizmente, perambulam
pelas paisagens
atormentadas da Terra
criaturas ainda
destituídas da noção
mais elementar de amor,
apesar de Jesus ter
enfatizado, com clareza
meridiana, a relevância
do cultivo deste
sentimento no contexto
da criação divina. É o
amor divino, aliás, que
nutre nossas almas e nos
dá a necessária
sustentação para o
enfrentamento da
existência. Sem ele
simplesmente não
existiríamos. É também o
amor divino que nos
inspira os passos e as
boas atitudes. De fato,
o Senhor, além de nos
conceber
espiritualmente, nos
concede a oportunidade
de participarmos de sua
obra feérica e
esfuziante. E o seu amor
abraça todo o universo e
as coisas, e nenhuma
conjectura macrocósmica
sincera pode
desconsiderar tal
aspecto.
Nessa ampla perspectiva,
portanto, vencer
existencialmente é
sobretudo amar aos que
ombreiam conosco no
espinhoso caminho
redentor. Amar é
compartilhar, é
assistir, é amparar, é
ouvir, é vibrar
intensamente pela
felicidade e bem-estar
geral de todos
indistintamente. Amar é
dar de nós mesmos, sem a
preocupação de obter
qualquer reciprocidade.
Amar é sair de si mesmo,
isto é, do estreito
casulo do EU, e abrir-se
como uma flor disposta a
captar os benfazejos
raios de Sol que partem
de todas as direções.
Amar a família ou os
mais próximos é, antes
de tudo, uma obrigação,
já que a caridade começa
sempre em casa. Mas tal
iniciativa é
insuficiente, pois no
ambiente familiar
ensaiamos apenas os
primeiros passos nessa
sagrada dimensão da
vida.
Assim sendo, o Pai
espera muito mais de nós
nesse particular, e
Jesus foi iluminado
portador do mandamento
amar. Na sua máxima
expressão é conviver:
com os que purgam suas
imperfeições em
aflitivas experiências
corpóreas; com os que
carregam estigmas
dolorosos em seus
corpos; com os que
necessitam de ajuda e
amparo; com os que
esperam a nossa boa
vontade; assim como com
os que tornam nossas
cruzes, de modo geral,
mais pesadas. Portanto,
é preciso ir mais além,
já que o amor abrange um
poder altamente
transformador.
No presente estágio em
que ora nos encontramos,
necessitamos de altas
dosagens de amor
embalando os corações
humanos, a fim de
dissiparmos
derradeiramente as
pesadas nuvens trevosas
e tempestades morais que
atingem o nosso orbe, e
a nossa mesquinha forma
de viver. É hora de
revermos os valores e
princípios que têm
norteado as nossas
vidas, internalizado
apenas os que têm real
significado moral.
Tenhamos em vista que o
amor é o sentimento mais
puro da criação, e, como
tal, não pode ser
menoscabado.
Obviamente, não
explorarei aqui todas os
perfis humanos que
expressam profundo
desamor aos seus pares.
Deter-me-ei
especificamente nas
pessoas que se conduzem
de maneira
irresponsável, abusando
sem comiseração do
sentimento alheio. Estas
geralmente enfileiram ao
longo da existência
longa lista de pessoas
(vítimas, na verdade) às
quais atraem pelo fogo
fátuo da paixão como se
fossem seus troféus
particulares de sedução.
Usam-nas miseravelmente
ao seu bel-prazer e as
dispensam, quando se
cansam, como se fossem
objetos sem uso. Não
raro, empregam um
autêntico arsenal de
artimanhas para
envolvê-las nesse jogo
nefando, sem cogitar que
“quem com o ferro fere,
com o ferro será
ferido”, como preceitua
o Evangelho.
São seres perspicazes e
manhosos que usam e
abusam da capacidade de
manipular os seus
semelhantes. De modo
geral, são insinuantes,
envolventes, mentirosas
e pérfidas. Como possuem
um deserto no coração e
nenhum mísero oásis de
sensibilidade,
“livram-se” de todos os
que lhes não mais
interessam sem nenhuma
piedade e compaixão. Lá
no fundo não passam de
criaturas receosas de
amar, sem a menor sombra
de inteligência
espiritual. Devido ao
seu comportamento
errático pode-se deduzir
que o amor é algo
desconhecido por elas.
Pensar em fazer o bem a
outro sem cogitar de
receber algo em troca, é
coisa inimaginável em
suas mentes doentias.
Seus interesses de vida
são puramente materiais,
basicamente restritos
aos gozos efêmeros nos
quais o sexo desvairado
ocupa proeminente papel.
Suas consciências estão
aparentemente ainda
entorpecidas e, nesta
triste condição, não
vislumbram a realidade
espiritual que as
circunda.
Assim sendo, de erro em
erro e de desatino em
desatino semeiam,
essencialmente, a frieza
e a maldade que lhes
invadem as almas. Para o
Espírito Joanna de
Ângelis (ver a obra Amor,
Imbatível Amor,
psicografa pelo médium
Divaldo Pereira Franco),
“Como o amor
constitui um grande
desafio para o Self, o
indivíduo enfermiço, de
conduta transtornada,
inquieto, ambicioso,
vítima do egotismo,
evita amar, afim de não
desequipar dos
instrumentos nos quais
oculta a debilidade
afetiva, agredindo ou
escamoteando-se em
disfarces variados” (ênfase
minha).
A elevada entidade
espiritual também
pondera que o medo de
amar pode estar
relacionado aos traumas
de infância, mas
acrescenta que “[...]
Também pode resultar
de insatisfação pessoal,
em conflito de
comportamento por
imaturidade psicológica,
ou reminiscência de
sofrimentos, ou nos seus
usos indevidos em
reencarnações transatas”
(ênfase minha). Ou seja,
são seres situados na
infância espiritual e
incapazes, assim, de
entender as elevadas
finalidades das relações
humanas.
Mas chega o dia, no
entanto, em que elas são
confrontadas com a
verdade – muito
diferente da qual se
julgavam donas
absolutas. E não mais
podendo disfarçar a sua
natureza eminentemente
maligna, são expostas às
justas consequências dos
seus atos. Já no plano
espiritual são, via de
regra, submetidas a uma
dura colheita, consoante
as leis de causa e
efeito. Seu passado
ominoso geralmente lhes
é apresentado e, assim,
tomam plena ciência da
sua trajetória
torturante pela qual
desfrutaram a vida, bem
como o futuro de
sofrimentos
acrisoladores que as
aguardam.
Sob intensa catadupa de
lágrimas de
arrependimento chocam-se
amargamente com o
resultado do seu
comportamento insano e
estampado, não raro, em
seus períspiritos
deformados. Diante do
espinhoso processo
catártico tardiamente
conjecturam: ah! se
tivessem amado, se
tivessem respeitados
mais os seus
semelhantes; se tivessem
sido gratas aos seus
benfeitores; se tivessem
sido sinceras; se
tivessem sido descentes;
se tivessem pensado
menos em si próprias e
um pouco mais nos
outros; se tivessem
ouvido Deus na acústica
da alma.
Mas como o Pai é sempre
misericordioso, novas
oportunidades lhe serão
concedidas para que um
dia se ergam, enfim,
rumo à luz imperecível
do Reino de Deus através
da reparação das suas
faltas e débitos, da
aquisição de pensamentos
e ideias superiores, do
processo de
autoconhecimento e,
acima de tudo, de
autoiluminação.
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