Olhai por nós
”Tendes aprendido o que foi dito: olho por olho e dente
por dente. Eu vos digo para não resistirdes ao mal que
se vos queiram fazer, mas se alguém vos bate na face
direita apresentai-lhe também a esquerda.” (Mateus,
cap. V; v de 38 a 42.)
Há pouco tempo vimos uma reportagem sobre uma
preocupação que grassa no meio médico brasileiro, com
referência ao uso enorme de medicamentos psiquiátricos
pela população brasileira. Demais. Mais alto que nos
outros países.
Estão estudando e verificando se seria possível, como
antes no passado, quando os manicômios foram retirados
da saúde brasileira, pensar em retirar também esse uso
excessivo de medicação por parte da população. Cogita-se
tratar os problemas mentais sem medicação. Isso seria
ótimo, se um dia for possível, claro que com as exceções
para casos que realmente não podem ficar sem medicação.
Quando lemos essa reportagem, achamos muito
interessante. Longe ainda de poder tornar-se realidade,
mas já se pensa no assunto.
O que ocorre com nosso país? Por que tanta ansiedade e
falta de perspectiva de vida? Os jovens
principalmente... Estaria a geração que os antecedeu
poupando-os demais de dores e sofrimentos, privando-os
da possibilidade de entender que suportam e são capazes
de enfrentar com calma as adversidades?
Todos enfrentamos dores, sofrimentos, ninguém isento
disso no planeta. O que falta?
No dia a dia, conversando com muitos, vemos que a
religiosidade está em falta. Ter uma religião que ligue
a criatura a Deus dá segurança. Saber que há um poder
que é puro amor, e que vela por nós, acalma. Estar com a
casa assentada sobre a rocha, na fé viva, mantém a
serenidade nas horas mais difíceis da vida de cada um.
Estamos numa época de grandes dores. Problemas
psiquiátricos intensos. Falta de amor entre muitos,
provocando crimes hediondos, revela a infância
sentimental do planeta. Enfermidades nas almas.
Precisamos pacificar-nos. Amar nosso próximo como
gostaríamos de ser amados. Compreender que grande não é
o belicoso, mas o simples e humilde de coração.
Quando Jesus nos pede para oferecer a outra face,
notamos a necessidade do perdão. É o que vemos faltando
nos corações. O ódio e o desejo de vingança acompanham o
ser humano na história da Terra, a menos que ele tenha
conseguido amar. Vemos os espíritos encarcerando os
seres encarnados mesmo depois de séculos desde que Jesus
ensinou o amor. Muitos deles, movidos por esses desejos
infelizes, nem conhecem Jesus. Lembram- se de um passado
distante em que sofreram e acham natural fazerem sofrer.
É ainda o “olho por olho, dente por dente”.
Nos primórdios do Espiritismo era comum nos contarem
casos de obsessões cruéis, verdadeiras subjugações, que
acometiam médiuns desavisados. Eram amarrados, segurados
por cordas, pessoas que os levavam aos centros
espíritas, puxando a corda, cada um de um lado e se
acautelando, tamanha a força e fúria que envolviam o que
estava amarrado. Chegavam ao centro espírita, e o
responsável, sempre cheio de amor, dizia que soltassem a
pessoa. Tinham medo, mas obedeciam. Aquele ser furioso
se aproximava e abraçava aquele que o estava ajudando. A
obsessão cedia lugar. A moralidade elevada é
irresistível, dizem-nos os espíritos.
Onde estão esses grandes e amorosos espíritas do
passado? As obsessões estão intensas novamente, mas onde
nossa moralidade para que nossa simples presença possa
acalmar os ânimos ferozes?
Lembramo-nos da belíssima história relatada pelo
espírito de Leon Tolstói, no livro “Ressurreição e
Vida”, psicografado por Yvonne A. Pereira, intitulada “O
Discípulo Anônimo”.
Um moço que usava um manto marrom, que amava
profundamente Jesus. Estava sempre em suas palestras e
anotava depois, cuidadosamente, o que tinha ouvido, com
todos os detalhes. Era culto, algo incomum naquela
época. Um dia, enquanto aguardava Jesus, viu os
desditosos que o esperavam, a maioria nesses processos
obsessivos intensos. Jesus demorou um tanto mais e,
movido por força invisível, ele se levantou e começou a
curá-los, Todos ficaram bons, o que denotava uma
moralidade superior.
Perguntamo-nos se teríamos, hoje, tantos séculos após
Jesus, uma moralidade assim. Será que os espíritos
endurecidos se afastariam à nossa simples presença? Será
que nos obedeceriam?
Como estamos nós conosco em nossa profundidade? Já
sabemos amar o suficiente?
Por certo responderíamos que ainda não. Imersos na
psicosfera da Terra, nosso aprendizado de amor ainda é
muito necessário. Perdoar ainda é necessário.
Os problemas psiquiátricos estão volumosos e nem sempre
com necessidade de medicação, mas sim de um amor tão
grande, que afaste o obsessor como antes, no passado.
Não é fácil, mas convém que desenvolvamos o amor em nós
para podermos auxiliar mais, principalmente se um dia
resolverem que realmente a população está sendo medicada
demais e decidirem limitar isso. Aí cada um será o
artífice de si mesmo, tentando ser o melhor possível.
Ainda somos aprendizes e bem disse Jesus que para essa
casta de espíritos são necessários o amor e a oração.
Que lembremos de elevar nosso pensamento a Deus e rogar
que olhe por nós.
Que melhoremos muito e saibamos amar. O discípulo
anônimo, há 2.000 anos, conseguiu.
2.000 anos passados, como estamos? Uma pergunta para
cada um avaliar em si mesmo.
Que estejamos imbuídos dos melhores sentimentos e que
nosso Pai, criador do amor, nos proteja e ampare.
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