Ecos da lei divina na poesia
A poesia é a voz da alma que se expressa em versos,
transpondo barreiras lógicas e tocando diretamente os
sentimentos mais profundos do ser humano. Por meio dela,
ideias que poderiam parecer áridas ao intelecto se
tornam suaves ao coração, promovendo reflexões que
iluminam a consciência. Quando um poeta escolhe temas
nobres e elevados para sua inspiração, transforma sua
arte em instrumento de elevação espiritual, oferecendo
ao leitor alimento eterno para o espírito e não apenas
entretenimento fugaz para um momento.
Dentre os temas mais sublimes que a poesia pode abraçar
está a busca pelo entendimento da vida e de suas leis,
conforme ensinadas pelo Espiritismo. Essa doutrina,
alicerçada na razão e no sentimento, revela ao homem sua
origem imortal, sua jornada evolutiva e seu destino
glorioso na plenitude do ser. Allan Kardec, ao codificar
os princípios espíritas, abriu um horizonte de
conhecimento capaz de consolar os aflitos, esclarecer os
estudiosos e despertar aqueles que ainda jazem
adormecidos no materialismo.
O poema que apresentamos hoje neste espaço é um hino de
certeza e esperança, um testemunho lírico dos
fundamentos espíritas que norteiam nossa jornada
terrena. Nele, cada verso procura ser um facho que
ilumine aspectos essenciais da vida e da
espiritualidade, desde a crença em um Deus justo e bom
até a compreensão da reencarnação como mecanismo de
progresso. Nesse contexto, a poesia se faz instrumento
de ensino e consolo, harmonizando conhecimento e beleza
em uma única melodia.
Ao percorrer os versos desse poema, o leitor encontrará
um convite à reflexão e à confiança na justiça divina. A
evolução do ser humano, a reeducação pelo sofrimento, a
interligação dos mundos físico e espiritual e o triunfo
do bem são temas entrelaçados com evanescente
delicadeza, revelando a essência da peregrinação
evolutiva da alma. A mensagem que se extrai é clara: o
futuro da humanidade será luminoso na medida em que os
corações se unirem sob a égide do amor universal.
Que sua leitura se constitua num momento de deleite
estético, bem como num despertar íntimo para as verdades
que a Doutrina do Consolador nos oferece. Como um eco da
sabedoria imortal, a poesia nos lembra de que saber é
mais do que compreender com a mente: é sentir com a alma
e transformar esse sentir em vida, sempre pulsante e
estuante para toda a eternidade.
EU SEI
Eu sei que Deus é Todo-Poderoso,
Único, Eterno, Justiceiro e Bom,
E como Pai criou, sempre amoroso,
O ser humano e lhe imprimiu Seu dom.
Eu sei que a Alma é ser preexistente
E sobrevive à desencarnação;
Para que o homem cresça e siga em frente,
Eu sei da Lei da Reencarnação.
Eu sei também que o ser mais imperfeito
Pode atingir um dia a perfeição,
E tão depressa quanto houver eleito
Jesus por guia de seu coração.
Eu sei que a dor e o sofrimento humanos
São só processos de reeducação,
E a expiação, mesmo que dure anos,
Não durará além da imperfeição.
Eu sei que a Lei Divina, sem favores,
É igualitária em toda a Criação:
A cada um segundo seus labores
É sua justa retribuição.
Eu sei que a vida humana é transitória,
Uma das fases da Vida Real,
E que o Homem conduz sua história,
Livre na escolha entre o bem e o mal.
Eu sei que o mundo humano é interagente,
Unido ao mundo espiritual,
E de um futuro gentil, florescente,
Mais invejável que o tempo atual.
Eu sei que o Bem, se vivido e se feito
Com a alma acesa em sagrado ideal,
Transforma o homem num ser mais perfeito,
E no futuro – num Ser Integral.
Eu sei que toda crença é respeitável,
Quando sincera, livre, racional,
E que a Ciência, de forma louvável,
Revela o mundo da Lei Natural.
Eu sei, por fim, à luz do Espiritismo,
Que os corações, de igual para igual,
Hão de se unir, um dia, em sincronismo,
Sob o pendão do Amor Universal.
***
(Mário Frigéri é poeta, escritor, autor e
youtuber com a mente e o coração voltados para o
esplendor do Evangelho e da Doutrina Espírita.
Campinas/SP.)