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por Mário Frigéri

 

Ecos da lei divina na poesia


A poesia é a voz da alma que se expressa em versos, transpondo barreiras lógicas e tocando diretamente os sentimentos mais profundos do ser humano. Por meio dela, ideias que poderiam parecer áridas ao intelecto se tornam suaves ao coração, promovendo reflexões que iluminam a consciência. Quando um poeta escolhe temas nobres e elevados para sua inspiração, transforma sua arte em instrumento de elevação espiritual, oferecendo ao leitor alimento eterno para o espírito e não apenas entretenimento fugaz para um momento.

Dentre os temas mais sublimes que a poesia pode abraçar está a busca pelo entendimento da vida e de suas leis, conforme ensinadas pelo Espiritismo. Essa doutrina, alicerçada na razão e no sentimento, revela ao homem sua origem imortal, sua jornada evolutiva e seu destino glorioso na plenitude do ser. Allan Kardec, ao codificar os princípios espíritas, abriu um horizonte de conhecimento capaz de consolar os aflitos, esclarecer os estudiosos e despertar aqueles que ainda jazem adormecidos no materialismo.

O poema que apresentamos hoje neste espaço é um hino de certeza e esperança, um testemunho lírico dos fundamentos espíritas que norteiam nossa jornada terrena. Nele, cada verso procura ser um facho que ilumine aspectos essenciais da vida e da espiritualidade, desde a crença em um Deus justo e bom até a compreensão da reencarnação como mecanismo de progresso. Nesse contexto, a poesia se faz instrumento de ensino e consolo, harmonizando conhecimento e beleza em uma única melodia.

Ao percorrer os versos desse poema, o leitor encontrará um convite à reflexão e à confiança na justiça divina. A evolução do ser humano, a reeducação pelo sofrimento, a interligação dos mundos físico e espiritual e o triunfo do bem são temas entrelaçados com evanescente delicadeza, revelando a essência da peregrinação evolutiva da alma. A mensagem que se extrai é clara: o futuro da humanidade será luminoso na medida em que os corações se unirem sob a égide do amor universal.

Que sua leitura se constitua num momento de deleite estético, bem como num despertar íntimo para as verdades que a Doutrina do Consolador nos oferece. Como um eco da sabedoria imortal, a poesia nos lembra de que saber é mais do que compreender com a mente: é sentir com a alma e transformar esse sentir em vida, sempre pulsante e estuante para toda a eternidade.

           

EU SEI

 

Eu sei que Deus é Todo-Poderoso,

Único, Eterno, Justiceiro e Bom,

E como Pai criou, sempre amoroso,

O ser humano e lhe imprimiu Seu dom.

 

Eu sei que a Alma é ser preexistente

E sobrevive à desencarnação;

Para que o homem cresça e siga em frente,

Eu sei da Lei da Reencarnação.

 

Eu sei também que o ser mais imperfeito

Pode atingir um dia a perfeição,

E tão depressa quanto houver eleito

Jesus por guia de seu coração.

 

Eu sei que a dor e o sofrimento humanos

São só processos de reeducação,

E a expiação, mesmo que dure anos,

Não durará além da imperfeição.

 

Eu sei que a Lei Divina, sem favores,

É igualitária em toda a Criação:

A cada um segundo seus labores

É sua justa retribuição.

 

Eu sei que a vida humana é transitória,

Uma das fases da Vida Real,

E que o Homem conduz sua história,

Livre na escolha entre o bem e o mal.

 

Eu sei que o mundo humano é interagente,

Unido ao mundo espiritual,

E de um futuro gentil, florescente,

Mais invejável que o tempo atual.

 

Eu sei que o Bem, se vivido e se feito

Com a alma acesa em sagrado ideal,

Transforma o homem num ser mais perfeito,

E no futuro – num Ser Integral.

 

Eu sei que toda crença é respeitável,

Quando sincera, livre, racional,

E que a Ciência, de forma louvável,

Revela o mundo da Lei Natural.

 

Eu sei, por fim, à luz do Espiritismo,

Que os corações, de igual para igual,

Hão de se unir, um dia, em sincronismo,

Sob o pendão do Amor Universal.

 

***

 

(Mário Frigéri é poeta, escritor, autor e youtuber com a mente e o coração voltados para o esplendor do Evangelho e da Doutrina Espírita. Campinas/SP.)


  
    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita