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por Rogério Miguez

 

O aborto legal e o ilegal


A prematura interrupção da gravidez é prática cada vez mais comum, em função da humanidade terrena ainda ser caracterizada pelo egoísmo, orgulho, acentuados vícios morais e éticos e amplamente voltada ao consumismo doentio.

O conjunto de Espíritos hoje vinculados ao planeta, de modo geral, possui, em seu histórico de existências, registros de graves delitos perpetrados contra o próximo e contra si mesmo, o que faz desse grupamento de Espíritos um conjunto muito bem afinizado ao estágio de Mundo de Provas e Expiações, ainda característico deste orbe.

Esta condição distante dos postulados divinos, característica da maioria da população do planeta, cria, entre outras, uma série de dificuldades e obstáculos ao nascimento de novos integrantes na Terra. Uma das alegações é de que educar dá trabalho, e os que hoje por aqui habitam não estão bem afinizados com esta Lei de Deus. Impedindo a reencarnação de incontáveis Espíritos por meio do aborto, provoca situações gravíssimas de obsessões atrozes por parte daqueles que se sentem injustiçados diante do recuo da mãe ou do casal em aceitar a gravidez com alegria e júbilo, como seria o esperado.

A prática do aborto clandestino é uma das principais causas de mortalidade materna e, além disso, essa modalidade de aborto, realizado muitas vezes na ausência de condições técnicas e de higiene adequada, pode ocasionar infertilidade e outras graves consequências físicas e psicológicas à mulher.

Números atualizados indicam a cifra de 73 milhões de abortos induzidos anualmente no mundo.1 Um cenário pavoroso que cobra de todos os envolvidos nessa prática indecorosa pesados tributos por conta de assédios espirituais variados e continuados em qualquer parte do globo, por meio das obsessões espirituais.

A realidade das obsessões, desconhecida da grande maioria, já seria motivação segura para não se praticar o aborto ilegal ou clandestino, mas apenas, e tão somente, do ponto de vista moral e ético, o legal ou terapêutico, contudo, o último, sob raras exceções, só sendo aceito nos casos de risco de morte para a mãe, aliás o único aceito pelas leis divinas, consequentemente defendido pelo Espiritismo.

O tema recebe da sociedade debates acalorados, pois para alguns se trata do direito à vida, outros defendem o direito de a mulher decidir sobre seu próprio corpo e há, ainda, os que estão convencidos de que a malformação grave deve ser eliminada a qualquer preço, porque a sociedade teria o direito de ser constituída apenas por indivíduos capazes e produtivos.

A posição espírita se baseia nos princípios de Deus, ou seja, o homem não tem o direito de impedir a vida, ainda mais de outro ser humano. E a vida se inicia no momento em que a célula reprodutora masculina se liga à feminina criando o zigoto ou célula-ovo. Sendo assim, o argumento de que não há vida propriamente dita no embrião é improcedente.

Por outro lado, o Espírito que esteja ocupando provisoriamente um corpo feminino não possui o seu corpo de fato, aliás nós não temos nada, somos apenas usufrutuários dos bens de Deus e tudo é empréstimo de Deus; desta forma, o ser vivo - embrião, que mais tarde se chamará feto - tem o direito de continuar a viver, até o seu nascimento, quando se apresentará à sociedade, que o receberá, por meio de seus pais.

Por último, mas não que seja menos importante, a má formação do futuro corpo do reencarnante também não nos dá o direito de impedir que ele prossiga em seu intento de experimentar, de novo, as alegrias, provas, expiações ou missão que a nova existência lhe proporcionará. Ainda mais ao se considerar que ninguém sabe, nem mesmo a Medicina, se ele nascerá e viverá, ou se sucumbirá ao nascer. De qualquer forma, o desfecho é aquele que mais atende às necessidades dos pais e dele mesmo, visando ao aprendizado e à evolução de todos.

Finalizamos com algumas quadras de Cornélio Pires sobre o tema em análise:


Espíritos recusados
Na fúria louca em que estão
Promovem desequilíbrio,
Conflito, perturbação.

E a Lei que tudo corrige
Perante o aborto ilegal
Entrega o problema à dor
Extraindo o bem do mal.

Maternidade é tarefa,

Luminoso compromisso,

Um filho é bênção de Deus,

Não proteste, pense nisso

Quando o aborto é indispensável
Tem a justa explicação,
Mas fora desse caminho
Aborto é perturbação.

Minha irmã, fuja do aborto,
Se um filho é a bênção que levas...
Aborto desnecessário
É sempre cousa das trevas.2


Referências
:

1 Fonte: Organização Mundial de Saúde: para acessar, clique em OMS

2 XAVIER, Francisco C. Retratos da vida. Pelo Espírito Cornélio Pires. ed. 1. Araras/SP: IDE, 1974. Cousa das trevas. cap. 13.


 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita