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por Bruno Abreu

 

O primeiro passo da caminhada que nos falta


O que imagina que acontecerá para chegarmos a espíritos evoluídos e vivermos felizes?

Já alguma vez pensou nisso?

Já olhou para o planeta e fez esta pergunta: O que será que irá acontecer para podermos viver em paz e em felicidade? Como é um espírito evoluído aqui na Terra?

Será que podemos afirmar que, se a Terra fosse um conjunto de Cristos, ou Budas, ou Madres Teresas, ou tantos outros seres evoluídos que nos dão belos exemplos, seria um mundo feliz?

Eu penso que sim, o que nos leva a uma nova questão: O que eles têm que nós não temos?

A resposta rápida e lógica é: Amor. Pelo menos, todos os ensinamentos desses seres extraordinários, em comparação connosco, levam a esta estrela luminosa que é o Amor.

O que nos falta para amar como eles amaram?

Já alguma vez ponderou nestas perguntas? Como vamos crescer espiritualmente se não questionarmos como o fazer? Se não questionarmos por que não o fazemos? O que nos impede?

Será que a intenção do ser humano é realmente chegar à felicidade? Será uma intenção verdadeira ou apenas de lábios? Quando temos a intenção de chegar a algum lado, perguntamos e esforçamo-nos para chegarmos lá, seja a conclusão de um curso ou a determinado destino.

O que nos falta para amar como eles amaram?

Nada, porque de vez em quando o fazemos, embora em muito poucas vezes.

Um amor sem escolha, sem objetivos, sem retorno, um amor pelo que somos, que nasce em nossa mais pura essência, no silêncio da mente.

Infelizmente, são muito poucas vezes, então, o que fazemos na maioria do tempo?

Vivemos guiados pelos nossos desejos, pelas nossas opiniões, pelas emoções egoicas, como o egoísmo, o orgulho etc. Vivemos presos em nossos certos e errados, na tentativa de encontrar a felicidade na construção da vida terrena através da aquisição da matéria, uma casa maior, um carro melhor e tudo o resto.

Aonde nos levará essa forma de viver?

Podemos afirmar que é uma forma de viver muito individualizada. Os hábitos, os desejos, os vícios, os certos e errados, as aquisições, a conquista da felicidade pela matéria são uma forma de individualização e esta separa-nos do próximo, porque toda essa constituição, que tem sido comum à maioria da humanidade, forma a enorme diferença e separa o ser humano um do outro.

Quanto maior o apego aos hábitos, aos certos e errados, aos desejos, às opiniões, maior o esforço para a imposição destes, querendo levar os outros a viverem da forma como achamos melhor, causando o choque com os outros porque todos querem ter direito aos seus certos e errados, aos seus hábitos e desejos.

A raiz do psiquismo humano é a causa dos conflitos, dos grandes e dos pequenos, dos conflitos com os outros e com nós próprios. Somos comandados cegamente por essa raiz, onde se inicia a formação do Ego. As crenças da humanidade e não me refiro apenas às religiosas, toda a forma com que olhamos para a vida, em que usamos como verdade para viver, é uma crença individual, e as mais cimentadas são as que formam o caráter. A maioria delas, no ser humano, são generalizadas e existem na constituição do ser humano psíquico, fazendo a ilusão parecer uma verdade, levando-nos a ser fiéis e crentes dedicados a esta forma de viver, sem nunca a colocarmos em questão.

Achamos que a forma pela qual vivemos, que cria a individualização psíquica, que nos leva à destruição do planeta e de nós próprios, é a única que existe e que é natural que aconteça. Passa-nos despercebido que esta é a raiz da destruição, que não somos nós e que a podemos arrancar e existiremos em plenitude, na paz, na felicidade e no amor.

Como somos crentes cegos nesta forma de funcionamento, transmitimos de uns para os outros, conforme vamos nascendo, criando ciclos de ilusão e puxamos as crianças do Reino de Deus para o “inferno” da destruição adulta.

Há dois mil anos, o primeiro e maior psicólogo da história diz-nos que o medicamento para o conflito e atribulação entre nós é a indulgencia e esta, é o “herbicida” da raiz do Ego pela abstinência da imposição da nossa ideia, dos nossos desejos, perante os outros.

Diz-nos que o “herbicida” para a raiz do Ego que nos leva à indignação perante a vida é a resignação.

O Mestre Jesus diz-nos que o “herbicida” para a raiz do Ego que nos leva à maldade, à agressividade, ao conflito é o amor.

Diz-nos ainda que a força motivadora a aquisição destas virtudes é a Fé, pois esta nos faz confiar em tudo o que acontece, sabendo que algo maior que está no controle e que a nós, cabe-nos confiar, que nada acontece por acaso. A Fé é o que faz a balança pesar mais, onde o outro lado, o outro prato está o Ego e todos os seus desejos.

Tudo isto nos parece tão longe e impossível, mas é uma ilusão enorme que a mente nos transmite, porque na verdade está tão próximo que somos nós.

Pergunte a si próprio, neste momento que está a ler o texto, se sente falta de paz, caso contrário está em paz, se se sente infeliz, caso contrário está em um determinado grau de felicidade, se sente maus sentimentos, caso contrário está em um determinado grau de amor. Percebe como a nossa simplicidade é o caminho à essência do ser, sendo, em simultâneo, o abandono do Ego?

Logo chegarão milhares de pensamentos para o fazerem acreditar em muitas outras coisas, como a necessidade de lutar com a vida, com os outros, como sabe tudo sobre viver e medir todos os outros em seus atos, etc. etc.

Desenvolva o silêncio, o “herbicida” para toda a raiz do mal terreno, pois nele não existe maldade e coloque em causa a estrutura de que você é feito, transmitida pelos seus antepassados, que o levam a todas as suas más tendências.

O que acha que destrói o planeta? Acredita no “eu serei uma pessoa melhor e crescerei espiritualmente”? Tem resultado para o ser humano? E se o erro for precisamente esse “eu”, já pensou nisso?

Jesus nunca disse “Fui “eu” que te curei”, pelo contrário, aconselhou-nos a abandonarmo-nos, a abandonar esse eu, se o queríamos seguir.

Enquanto não colocar em causa a formação do “eu” que fabrica a individualidade, o indivíduo continuará a lutar para crescer espiritualmente após o que o mantém preso na ignorância.

É como cortar a parte de cima da erva daninha para a eliminar.

 

Bruno Abreu reside em Lisboa, Portugal.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita