O Espiritismo segundo os
espíritas
O Espiritismo detalha a moral de Jesus,
colocando-a ao alcance de todas as criaturas.
“O homem está sempre disposto a negar aquilo que
não compreende.” - Pascal
As pessoas
mal informadas a respeito do Espiritismo e cuja
capacidade de análise é muito superficial
exclamam vez por outra: “Espiritismo
é coisa do diabo!... A Bíblia condena o
Espiritismo!... Só o diabo é que se comunica
pelos médiuns para enganar os crédulos e
ingênuos!...”
Partindo da argumentação de que só o diabo pode
se manifestar do outro lado da tumba, é curioso
observar que ele trabalha contra ele mesmo, pois
graças ao intercâmbio mediúnico um número
incontável de incrédulos passou a acreditar que
a morte não é o fim de tudo; que o túmulo não é
o epílogo senão o recomeço de uma nova vida!
Graças às comunicações dos Espíritos é que
muitas criaturas se esclareceram quanto ao real
significado da vida, quanto à sua origem e
destino e muitas outras se consolaram e
encontraram a paz ante o episódio da “morte” de
um ser querido.
Já prevendo a
futura comunicação entre os mundos espiritual e
corporal, aconselhou João, o Evangelista: “(...)
experimentai se os Espíritos são de Deus.” Ora,
essa recomendação é muito importante, sem dúvida
alguma! Devemos passar pelo filtro da razão
mais severa todas as comunicações recebidas,
inclusive as do próprio mentor de nossa
Sociedade Espírita. O mundo espiritual, como o
corporal, está repleto de Espíritos levianos,
brincalhões, pseudossábios, cínicos medíocres,
traiçoeiros...
Junto ao cuidado
proposto pelo Evangelista, devemos também
alinhar a recomendação de Paulo que escreveu aos
tessalonicenses: “examinai
tudo, retende o bom”. Assim, devemos sempre
examinar com muita atenção as comunicações dos
Espíritos e só aproveitarmos aquelas que não
ferem a razão e tampouco a lógica e que são
portadoras de lições oportunas, rejeitando, em
contrapartida, todas as que não primam pela
verdade e não têm finalidade útil.
O Espiritismo em seu tríplice aspecto:
científico, filosófico e religioso, não se
encontra atrelado a dogmas que engessam o
discernimento. A Doutrina Espírita não é (como
creem vulgarmente), uma receita para fazer as
danças das mesas ou para executar passes de
escamoteação e tampouco é uma oficina do
maravilhoso ou sobrenatural... O Espiritismo
simplesmente ensina e detalha a moral de Jesus,
colocando-a ao alcance de todas as criaturas que
se esforçam por vencerem-se a si mesmas e buscar
o aperfeiçoamento, ou seja, a iluminação
interior.
Em seu aspecto religioso, o Espiritismo nada
possui que possa ao menos superficialmente
lembrar ou admitir dogmas, fórmulas, bulas,
prática de culto exterior, paramentos próprios,
casta sacerdotal ou hierarquias... Sua
Filosofia, erguida em base científica, é
estabelecida sobre a prova certa e insofismável
da Imortalidade da Alma.
É para fornecer esta prova que os Espíritas
evocam os Espíritos de além-túmulo, enquanto que
de muitas outras vezes eles se manifestam
espontaneamente.
Os médiuns são dotados de uma faculdade natural
que os tornam aptos a servir de intermediários
aos Espíritos e a produzir com eles os fenômenos
que passam por milagres ou por prestidigitação,
aos olhos de quem quer que ignore a sua
explicação.
A faculdade mediúnica não é privilégio exclusivo
de certos indivíduos. Ela é inerente à espécie
humana posto cada um a possui em graus diversos
ou sob formas diferentes.
Assim, para quem conheça o Espiritismo, todas as
maravilhas de que acusam esta Doutrina não
passam de fenômenos de ordem física, isto é, de
efeitos cuja causa reside nas Leis da Natureza.
O Espiritismo nos ensina a suportar a desgraça
sem a desprezar, a gozar a felicidade sem a ela
nos apegarmos; coloca-nos acima dos interesses
materiais, sem por isso marcá-los com o
aviltamento, porque nos ensina, ao contrário,
que todas as vantagens com que somos favorecidos
são outras tantas forças que nos são confiadas e
por cujo emprego somos responsáveis para conosco
e para com os outros.
Vem, então, a necessidade de especificar esta
responsabilidade, as penas ligadas à infração do
dever e as recompensas de que desfrutam os que a
obedeceram; mas aí, então, as asserções não são
tiradas senão dos fatos e podem verificar-se até
à perfeita convicção.
Tal é esta Filosofia, onde tudo é grande,
simples; onde nada é obscuro, porque tudo é
provado; onde tudo é simpático, porque cada
questão aí interessa a cada um de nós.
Tal é esta Ciência que, projetando uma viva luz
sobre as trevas da razão, de repente desvenda os
mistérios que julgávamos impenetráveis, e recua
até o Infinito, o horizonte da inteligência; tal
é a Doutrina Espírita, que pretende tornar
felizes e melhores todos os que concordam em
segui-la e que, enfim, abre à humanidade, uma
via segura para o progresso moral.
- BÍBLIA,
N.T. João.
Português. O novo testamento.
Tradução de João Ferreira de Almeida.
Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica
Brasileira, 1983, cap. 4,
vers.1.