Tema: Evolução
O Falcão e a Coruja
Era uma vez um jovem falcão que voava muito rápido. Ele
era mais rápido do que todos os outros pássaros da sua
idade e se orgulhava disso.
Ele vivia se exercitando para voar cada vez melhor. Isso
era muito bom, pois seu empenho o fazia ser cada vez
mais habilidoso.
Porém, quanto mais ele se aperfeiçoava, mais orgulhoso
ficava. Além disso, o falcão não tinha a menor
preocupação em usar sua capacidade para ajudar alguém ou
para ser útil aos outros.
Pelo contrário. Muitas vezes ele atrapalhava as outras
aves, aparecendo de repente, assustando ou até
desequilibrando seus companheiros, só para se divertir.
Vários pássaros começaram a reclamar da sua conduta e
não o queriam mais por perto. Mas o orgulhoso jovem nem
ligava. Achava-se superior a todos eles e com o direito
de fazer o que quisesse.
Um dia, a coruja, que era respeitada na floresta pela
sua grande sabedoria, foi chamada pelos pássaros da
região para conversar com o falcão e pedir-lhe que
parasse de agir daquela forma.
Mas não adiantou. Ele mal escutou os conselhos da coruja
e ainda respondeu, faltando com a educação:
- Eu vou continuar voando como eu quiser! Eles que se
esforcem para tentar ser melhores do que eu. Duvido que
consigam!

A coruja ficou triste. Não pelo falcão não ter
considerado seus conselhos, mas por perceber que ele
estava fazendo escolhas erradas. A coruja sabia que o
mecanismo da vida, para nos corrigir, é muitas vezes
doloroso. Mas ela não podia fazer nada a não ser esperar
e rezar por aquele jovem que ainda tinha muito o que
aprender.
O tempo passou. Algumas coisas mudaram: O falcão não era
mais tão jovem, mas continuava muito rápido, voando cada
vez melhor. Suas asas eram fortes e ele tinha uma linda
aparência. Não tinha, porém, nenhum amigo. Vivia
solitário. Não se divertia mais atrapalhando o voo dos
outros, como antes. Mesmo assim, todos conheciam bem o
orgulhoso falcão e não queriam proximidade com ele.
Um dia, porém, o falcão não se sentiu bem durante o voo.
Tentou pousar em um galho e quase não conseguiu. Ficou
meio tonto, desequilibrado.
O falcão se assustou. Ele nunca havia sentido qualquer
fraqueza. Ele ficou assim pelo resto do dia. E no dia
seguinte também. O falcão estava doente, com uma doença
grave que o abateu muito.
Ele sentia-se fraco. Percebia que suas asas não
conseguiriam sustentá-lo. Sua cabeça doía. Suas asas e
pernas não o sustentavam bem. Ele, que se orgulhava de
ser rápido como um raio, estava tendo que se mover
lentamente, para não piorar suas dores.
O falcão, com medo de cair de um galho, resolveu descer
da árvore em que morava e ficar no chão.
Ele precisava de ajuda. Mas não tinha coragem de pedir.
Sabia que não gostavam dele. E não podia culpar ninguém.
Ele sempre havia agido com arrogância e desprezo. Agora
via, lá de baixo, outras aves voando no céu e sentia-se
humilhado.
O mal-estar do falcão foi ficando tão grande que ele
teve que pedir para um esquilo ir chamar a coruja. Ela
era sábia e bondosa. Nunca recusava ajudar ninguém,
quando ela podia. Ela ouviu com atenção os sintomas do
falcão e fez recomendações gerais para ele repousar e
beber bastante água. Além disso, trouxe comida para ele.
O falcão sentiu enorme reconforto com a atitude da
coruja. Seu coração encheu-se de respeito e gratidão por
ela.
A coruja passou a visitar o falcão todos os dias para
levar-lhe comida e ervas medicinais. Além disso, ela
fazia companhia para ele e eles conversavam sobre vários
assuntos, inclusive sobre Deus e Suas leis.
Vários dias se passaram e o falcão foi, finalmente,
melhorando.
Um dia, quando a coruja chegou, o falcão estava no galho
da árvore. E no dia seguinte, ela já o encontrou voando.
O falcão pousou ao seu lado e deu um grande abraço em
sua amiga.
- Minha cara amiga, sinto-me muito melhor. Graças a
Deus! E à sua bondade! Como posso retribuí-la?
A coruja sorriu satisfeita ao ver o falcão feliz e
sadio, novamente.
- Não precisa me agradecer. Agradeça a Deus! – respondeu
a coruja. -Tudo ocorre pela permissão dele.
O falcão e a coruja bateram as asas e foram voar juntos.
Voaram e conversaram amistosamente, num passeio muito
agradável. O falcão não se preocupava mais em voar tão
rápido, nem tão alto, e nem em ser o melhor.
Sem perceber, agora sim, ele estava aprendendo a ser um
pássaro diferenciado. A coruja estava ensinando para
ele, com palavras e atitudes, que a sabedoria e a
bondade são como asas e são com elas que se pode voar
para o alto (na escalada evolutiva) e se tornar melhor
que si mesmo, cada vez mais.