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por Sidney Fernandes

 

Muitos os chamados, poucos os escolhidos


Mais de 150.000 pessoas morrem por dia no planeta Terra, nos mais ilustres centros culturais, nas mais movimentadas e maiores cidades, como também nos mais humildes lugares, vilas e campos. Deixam seus corpos físicos e partem ao encontro das realidades que construíram.

Existem os que sabiam que sem mérito não iriam evoluir e batalharam, esforçaram-se e agora fazem por merecer vida digna. Há, no entanto, os que se consideravam espertos e agora querem os mesmos direitos dos que trabalharam, nada fazendo, e alimentam a absurda pretensão de enganar o Criador, transgredir suas leis e ainda se sair bem.

Quando Jesus falava que muitos serão chamados, mas pouco serão escolhidos, nem de longe estava referindo-se à existência de espíritos privilegiados ou favorecidos. Referia-se aos poucos que souberam escolher e foram secundados pela Providência Divina.

É possível comprar o céu? Pecadores e pretensos religiosos pensam que sim. Contratos de fé, vassouras ungidas e terreno no céu são alguns casos encontrados em rápida busca pela internet, atestando que ainda existe muita gente procurando atalhos para o céu. As indulgências do século XVI, que eram obtidas com a compra de certificados absolutórios, estão de volta com versões modernas, nem por isso menos equivocadas.

Os que defendem esse tipo de prática argumentam que no livro Atos, 16:30-31, há a seguinte promessa:

— Que é necessário que eu faça para me salvar?

— Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.

Nesse caso, segundo eles, bastaria a fé para salvar a alma dos pecadores. Esquecem-se de uma outra passagem, contida na Epístola de Tiago, 2:17:

— Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.

Jesus salva quando superamos a preguiça, abraçamos o trabalho e a determinação para superar defeitos e desenvolver a transformação interior. O autêntico cristão aceita Jesus e a sua salvação, mas sabe que precisará batalhar, merecer, amar e praticar a caridade. Ninguém — nem mesmo o mais injusto dos homens — premia quem não merece.

A qual grupo você pertence? Ao time da indolência? Dos espertos? Daqueles que ainda estão querendo comprar indulgências ou pretensos salvo-condutos?

Nesse caso, estas palavras não lhe servem, muito menos todo o manancial do Cristo, e você está arriscado a cair em mãos inescrupulosas e estelionatárias, que lhe prometerão o céu em troca de alguns trocados e lhe provocarão decepção ao descobrir que foi enganado, ao conhecer a vida verdadeira.

Mas, se você, caro leitor, está disposto a suar, trabalhar, estudar, concentrar suas forças e energias para se tornar melhor... Se está disposto a promover a transformação moral e a minimizar más tendências... E se toda noite faz sua reflexão para identificar erros cometidos durante o dia, a fim de evitá-los no dia seguinte...

Então você já pode se considerar um espírito a caminho do bem, à procura do verdadeiro mérito, que lhe abrirá ainda mais as portas desta existência e da espiritualidade maior.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita