Entrevista

por Orson Peter Carrara

Reflexões de um psiquiatra espírita sobre nós e a vida


 
Natural de Uberlândia (MG), onde também reside, César Augusto Queiroz Ferreira (foto) é médico psiquiatra e, nas lides espíritas, participa como colaborador das atividades do Grupo Espírita Léon Denis, de sua cidade. Entrevistamo-lo sobre sua vivência espírita:

 

Como e quando conheceu o Espiritismo?

Nasci em um lar espírita. Desde criança minha mãe e meu pai nos deu a ciência da existência de Deus, da governança de Jesus em nossas vidas e da realidade de uma vida espiritual além desta. Me recordo de nos almoços de domingo, na casa de minha avó materna, buscar livros espíritas para ler e folhear, naquelas tardes saudosas de minha infância.

O que mais lhe chama atenção no conteúdo doutrinário e cultural do Espiritismo?

O que mais me chama a atenção, na doutrina espírita, é a certeza de que ninguém morre e que esta existência é passageira, necessária para o nosso desenvolvimento espiritual, mas passageira. 

Como foi esse encontro com o conhecimento espírita, em termos de repercussões individuais?

O conhecimento espírita me dá a certeza da necessidade de me preparar para a vida espiritual. Sair desta vida melhor do que cheguei, detectando onde estão as minhas más inclinações e como domá-las e mitigá-las, em nome de uma evolução espiritual.

No exercício da profissão médica, como o conhecimento o favorece ou que tipo de reflexão mais abrangente lhe proporciona?

Enquanto médico psiquiatra eu trabalho com o sofrimento humano, e a doutrina dos espíritos me traz a possibilidade de exercer uma medicina mais humanizada, buscando entender o sofrimento humano em uma dimensão física, psicológica, social e principalmente espiritual.

No contato com os enfermos, como avalia as diversas posturas emocionais?

É importante entender a doença mental como um quadro complexo e multifatorial. É muito comum, no meio espírita, o reducionismo de entender o sofrimento psíquico como fruto de um quadro obsessivo e muitas vezes tratando o obsessor como algoz e o obsidiado como vítima, muitas vezes esquecendo-se da responsabilidade que cada um tem nesse processo e levando o doente a uma postura passiva diante do próprio padecimento.

Devemos entender os transtornos mentais como patologias que envolvem a esfera física, psicológica, social e espiritual. Em todas essas esferas o doente precisa ter uma atitude ativa, buscando o seu melhoramento. Na parte física e psicológica, buscar tratamento médico e psicológico adequado e tornar-se responsável pelo seu melhoramento; na parte social, buscar apoio intra e extrafamiliar, ampliando a rede de apoio psicossocial, e na parte espiritual, buscar dentro da religiosidade de cada um a postura ética e moral a fim de melhorar-se intimamente e, por consequência, melhorar o seu entorno.

O que você gostaria de dizer sobre a experiência da live semanal Emmanuel entre amigos?

A máxima "Diz-me com quem andas e direi quem tu és" responde essa pergunta com primor. Como é bom ter amigos mais evoluídos que a gente para nos auxiliar na caminhada diária. Estar no Emmanuel entre amigos faz parte da misericórdia divina para auxiliar na minha caminhada evolutiva.

De suas vivências ao longo do tempo, o que o marcou mais?

Ao longo dessa caminhada e da dádiva de envelhecer aprimorando os conhecimentos espíritas, me causa bastante alegria a possibilidade de ver os ímpetos e arroubos da juventude passar e a madureza se aproximar, pautado em uma doutrina que nos dá tranquilidade de entender que a vida continua e a evolução espiritual é uma dádiva que nos aguarda inexoravelmente.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Gostaria de agradecer pela oportunidade por este colóquio e agradecer a Jesus e a Kardec pela dádiva do Espiritismo em nossas vidas que, entre tantas alegrias concedidas, nos aproximou.

Suas palavras finais.

Gratidão a todos e que Jesus nos abençoe.

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita