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Correio Mediúnico
Ano 1 - N° 1 - 18 de Abril de 2007
 

Apego e libertação

Joanna de Ângelis

Acautela-te a respeito de qualquer tipo de apego. Aprende a despojar-te de tudo quanto pese negativamente na tua economia espiritual.

Existem valores que têm o significado que lhes atribuis, não passando de carga demasiado pesada para ser conduzida.

Da mesma forma, sentimentos perturbadores e paixões dissolventes que te preenchem os espaços emocionais, aturdindo-te e impossibilitando-te o crescimento interior, vigem enquanto são sustentados pela mente em desalinho. Se forem considerados como peso injustificável, logo se diluem cedendo campo a idéias felizes e a aspirações libertadoras.

Nestes dias de exagerada cultura física, em que homens e mulheres entregam-se ao desenvolvimento das formas em disputa pelos campeonatos de beleza, conforme os vigentes padrões estabelecidos, muitos tormentos emocionais são acrescentados ao comportamento pessoal, desviando-lhes o pensamento e o interesse pela aquisição de significados existenciais profundos.

A forma exterior sempre está sujeita às alterações do processo transformador imposto pelas células no transcurso do tempo.

Cirurgias corretoras e implantes, ginástica modeladora e anabolizantes, dietas rigorosas e técnicas de rejuvenescimento, embora postergando por breve tempo o fenômeno do desgaste orgânico e da aparência, não conseguem impedi-lo, às vezes, criando situações mais aflitivas em razão da ansiedade e do estresse que produzem.

O corpo físico é máquina sublime que a Divindade empresta ao Espírito, que a organiza conforme as necessidades de evolução, a fim de desenvolver os preciosos recursos morais que lhe dormem no imo. Beleza ou feiúra, saúde ou enfermidade, inteligência ou idiotia, são decorrências naturais das conquistas e prejuízos conseguidos nas experiências anteriores, ensejando reparação ou aprimoramento interior, a fim de que a vida estue em plenitude.

Sendo o planeta terrestre uma escola de bênçãos, tudo quanto oferece é transitório nas suas expressões materiais, de modo que se possam transformar em tesouros imperecíveis que acompanharão o seu possuidor para sempre.

A ânsia, porém, que domina as criaturas humanas, em favor da posse, do destaque político ou social, religioso ou artístico, científico ou cultural, estético ou afetivo, responde por verdadeiros desastres interiores, que se apresentam como depressões, agressividade, violência, lutas contínuas, homicídios e suicídios lamentáveis.

Fossem consideradas essas ambições de maneira tranqüila, como sendo recursos utilizáveis quando oportuno, direcionando-as para metas verdadeiras e valeria o esforço envidado.

Nada obstante, em face da impermanência de que se constituem, envolvem o ser humano em uma sofreguidão que o alucina, empurrando-o, de maneira devastadora, a querer mais, a permanecer inviolado, perene conquistador... Apesar disso, a sucessão inevitável dos acontecimentos apresenta sempre os que os substituirão, aqueles que alcançarão o pódio deixando-os no esquecimento, na sombra...

 *

 Inicia a tua experiência de despojamento abrindo mão de disputas inúteis, muitas vezes, mesquinhas, que arrastam multidões a incessantes disparates. Com esta atitude emocional superarás questiúnculas e desafios infantis, caprichos e sentimentos de mágoas, de inferioridade ou de superioridade, aos quais te aprisionas por orgulho ou presunção, descobrindo a felicidade de viver com equilíbrio.

Logo depois, revisa armários e depósitos, onde acumulas tudo quanto não te serve no momento, de modo que retires os excessos que aguardam ocasião para serem utilizáveis, passando-os a outros que têm necessidades imediatas. Roupas, calçados e objetos acumulados, além de tomarem precioso espaço, amontoam poeira e perdem-se no turbilhão do esquecimento.

Há muita coisa que parece importante somente em decorrência do apego a que se lhe aferram os indivíduos, transformando-se-lhes em escravos espontâneos. Iludem-se, esperando que, em algum dia, poderá ser aproveitada até dar-se conta da sua ilusão.

Oferece imediatamente os medicamentos que irão perder a validade, mas que permanecem nos móveis, esperando a chegada da enfermidade para serem usados, quando existem pessoas doentes que os não podem adquirir, às quais, serão de imediata utilidade. Quase sempre, quando as doenças se te apresentam e buscas o atendimento médico, recebes orientação terapêutica diferente, sem que te possas aproveitar dos remédios guardados ou sequer lembrados no momento da aflição.

Assim agindo, com segurança irás aprendendo a doar os pertences, que são sempre transitórios, para poder doar-te em favor do próximo.

A existência somente tem sentido profundo quando o indivíduo descobre a arte de auxiliar, tornando-se célula pulsante e valiosa do conjunto social.

A dor do próximo que te espia e a sua miséria que te observa são oportunidades preciosas para o teu aprendizado moral e fraternal, através do qual encontrarás a inevitável presença do serviço.

Desse modo, perceberás melhor que os teus são problemas de pequena monta diante dos inabordáveis desafios que se apresentam para outras pessoas, algumas das quais lutam sem descanso, confiando e mantendo alto padrão de harmonia interior. Outras, no entanto, que não têm a mesma resistência moral, sob tais conjunturas, derrapam no crime e na loucura.

Constatarás, então, que a violência em muitos indivíduos, sempre resultado da ignorância e do abandono a que se encontram atirados, seja de natureza física, econômica ou moral, pode ser minimizada, quando não resolvida, se as pessoas generosas procurarem ajudar aqueles que a padecem, desnorteados ou perseguidos.

Se não podes apagar um incêndio devorador, diminui-lhe a voracidade com pequena porção de água, enquanto não chegam os bombeiros. Fazendo a tua parte, estarás tornando a vida mais digna de ser vivida e o mundo melhor no seu aspecto físico e moral.

Nunca te escuses de contribuir em favor de outrem, considerando sempre que dispões de mais do que podes necessitar.  

*

 Despojando-te de opiniões caprichosas, de conduta vaidosa e infeliz, de objetos e pertences que podes dispensar, descobrirás que o teu corpo transitório será também abandonado quando a desencarnação retirar-te dele.

Com visão fraternal desenvolvida constatarás que alguns dos órgãos que hoje constituem apoio para o teu crescimento espiritual, depois de utilizados e em perfeito estado, quando não mais necessitando deles, poderás doá-los desde já a outros companheiros de jornada que os carecem, a fim de ensejarem continuidade ao processo iluminativo da reencarnação, que te bendirão mesmo ignorando o teu gesto. Não poderão desconhecer que continuam a marcha evolutiva porque alguém deles se recordou, oferecendo-lhes os recursos indispensáveis para a sobrevivência orgânica.

Despojando-te de tudo e oferecendo quanto te seja possível doa também o teu coração a Jesus, a fim de que Ele insufle-lhe amor e paz para todo o sempre.  

Joanna de Ângelis

 (Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 15 de janeiro de 2004, em Miami, Flórida, USA.)

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita