MARCELO
HENRIQUE PEREIRA
cellosc@floripa.com.br
Florianópolis, Santa Catarina (Brasil)
Finalidade
da Imprensa Espírita
Felicíssima a escolha do título
e o mote para a escrita do Editorial de “O
Imortal”, jornal editado na cidade
paranaense de Cambé, em seu número 636, de
fevereiro de 2007: “A imprensa espírita e
sua finalidade”.
Nele, após os lúcidos
questionamentos iniciais (“Qual é a
finalidade da imprensa espírita?”, e,
“Compete-lhe algum papel na defesa dos
postulados espíritas?”), são apostos
considerandos acerca da (real) necessidade
de “filtragem” em relação a livros e
idéias que, em face da liberdade de pensar
(falar e escrever), grassam em qualquer
movimento social humano. E, em seguida,
admoestam os Editores – e nisto nós
outros consideramos a mais relevante
pergunta que todos os que militam na
imprensa devem fazer – “[...] é lícito
à imprensa espírita comentá-los e apontar
seus possíveis desvios doutrinários?”
A observação de “O
Imortal” é oportuna e imprescindível,
senão determinante, no sentido de recuperar
o relevante papel da imprensa (sobretudo,
escrita) espiritista: fomentar o debate,
criticar construtivamente e apresentar
caminhos, alternativas ou soluções viáveis.
Tudo isso, privilegiando o foro de discussão
e análise, em sede de idéias, nunca de
pessoas ou instituições. Os periódicos
espíritas (salvo honrosas e destacadas exceções)
se limitaram – nos últimos tempos
(alguns, até, a mais tempo) – a “chover
no molhado”, repetindo temas
“batidos”, reproduzindo mensagens (quase
que exclusivamente) mediúnicas e repisando,
inclusive, longos trechos das obras básicas.
Na esteira da apresentação
de temáticas novas, distintos pontos de
vista e, até mesmo, abordagens polêmicas,
há que se privilegiar – além da lógica
e do bom senso – o espaço para o
contraditório, apresentando, por exemplo,
numa mesma edição, ou em números subseqüentes,
posições (total ou parcialmente)
divergentes, deixando ao leitor a
oportunidade de raciocínio e adesão aos
argumentos que melhor se ajustem à sua
formação e entendimento pessoais.
Só lamento que o editor tenha
se restringido à apresentação e aos
comentários acerca das ponderações de
Kardec, em volumes distintos da Revue
Spirite, quando poderia, com menor
volume de transcrições ou paráfrases,
aproveitar os valiosos “conselhos” do
Professor Rivail, atualizando-os em termos
da realidade vigente e, neste sentido,
apontando caminhos para a correção da rota
de pauta, editoria e publicação, porque,
em verdade, pouco se tem discutido a
respeito do “como fazer” e “para que
(ou quem) fazer”, em termos de jornalismo
espírita.
Reconheço, todavia, que o
processo de reconstrução da imprensa espírita
envolve a dinâmica do interesse, da vontade
e da perseverança (atitude), e tem, como
requisito, a aceitação das avaliações e
das críticas (tanto dos leitores como dos
“especialistas”), sem melindres e com
bom ânimo. Valorizo, assim, a disposição
da direção editorial do jornal paranaense
neste sentido e espero que outros
profissionais (ou amadores) e veículos da
comunicação social espírita desfraldem
– constantemente – esta bandeira!
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