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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 1 - 18 de Abril de 2007

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br

Muriaé, Minas Gerais (Brasil)

Profilaxia contra o personalismo
   

"Aquele que quiser ser maior no Reino de   Deus  seja   servidor
de  todos."  -
Jesus (Mt., 20:26)

A  humildade esteve sempre regaladíssima  na Vida de quantos - realmente - foram os Benfeitores da Humanidade.

João Batista não se considerava digno de atar as  sandálias  d`Aquele  que verdadeiramente é a  Luz  do  Mundo, reconhecendo,  mesmo, publicamente, que deveria diminuir-se  para que Ele crescesse.

Paulo de Tarso, acostumado às bajulações e ao destaque social, humildemente perguntou ao Mestre, ajoelhado  nas escaldantes  areias  do  deserto  sírio,  às  porta  de  Damasco: "Senhor, que queres que eu faça."

O   próprio   Cristo,  vexilário   maior   da humildade  disse que "Bom é o Pai Celestial",  não admitindo  tal adjetivo para Si.

O  exemplo  dessas criaturas e de  Jesus,  em particular, é um verdadeiro e cristalino libelo à humildade!...

Por  que, então, encontramos  (inclusive  nos arraiais  espiritistas)  algumas criaturas afeitas  ao  culto  da própria personalidade?

Quem  cultua   a  si  mesmo,  isto  é,   possui   acentuado personalismo,  está  na  mesma  posição  daquele  empregado que enterrou o talento.

Paulo recomendou certa feita aos Filipenses: (Fil., 2:3)

"Cada um considere os outros superiores a  si mesmo."

Através  da psicografia de  Carlos A. Baccelli, irmão José afirma:

“ A  recomendação  de  que   cada   um considere  os  outros  superiores  a  si  mesmo  é,  sem  dúvida, profilaxia  contra o personalismo, que, onde aparece, destrói  as melhores intenções."

Não raro - e com muita tristeza -  observamos o deplorável espetáculo oferecido por criaturas que, levadas  por seus ancestrais e equivocados atavismos, acoroçoados pelo orgulho e  vaidade,  se  deixam  emaranhar nas  tredas  malhas  da  falsa modéstia e de mal disfarçada soberba à cata de elogios fáceis.  É incompreensível que seguidores da  Doutrina de Jesus se entreguem a atitudes tais que, via de regra,  eclodem em  danosas cizânias, tão prejudiciais aos trabalhos da Seara  do Mestre.

Paulo  recomenda  também aos  filipenses  que todas as tarefas sejam feitas por humildade e não por espírito de contenda.    Para lograr tal desiderato, faz-se mister que  todos estejamos  imbuídos da sinceridade de sentimentos, "de sorte  que haja em nós o mesmo sentimento que houve em Jesus Cristo. "

É ainda Irmão José quem aconselha:

"Questionemo-nos acerca de nossos reais interesses   em  abraçando  a  Terceira  Revelação. Estaremos interessados  em nossa redenção espiritual diante de Deus  ou  em nossa  projeção  social  aos olhos  dos  homens?!...    Estaremos sinceramente empenhados em nossa renovação íntima, como  devemos, ou em somente na mudança exterior que nos convém?!...

Porque, infelizmente, contam-se aos  milhares os  que  ludibriam  a si mesmos,  imaginando  iludir  os  outros, perdendo  a  valiosa oportunidade de crescimento interior  que  a presente  reencarnação  lhes  faculta, entregando-se  no  Além  a infindas lamentações sobre o desperdício do tempo.”

Paulo aconselha aos Coríntios (I Cor., 10:7.):   "Não vos façais idólatras."

Não  se  justifica,  pois,  a  tentativa   de substituição dos antigos ídolos inertes pela auto-idolatria.

Aconselha Emmanuel[1]:

"Proscreve  do  teu  caminho  qualquer prurido idolátrico em torno de objetos ou pessoas (incluída aí  a própria pessoa, acrescentamos), reafirmando a própria emancipação das  seculares  algemas  que  vêm  cerceando  o  intercâmbio  das criaturas encarnadas com o Reino do Espírito.

Recebemos  hoje a incumbência de  aplicar  na edificação do bem desinteressado, o tempo e a energia que outrora desperdiçávamos,  à  frente  dos  ídolos  mortos,  de  maneira  a substancializarmos o ideal religioso, no progresso e na educação, prelibando as realidades da Vida Gloriosa."

1 - XAVIER, Francisco Cândido Xavier e VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade. 3a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977, Cap. 72, p. 167.


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