Sempre me chamou à
atenção o caráter sério e respeitoso que
Kardec imprimiu à Doutrina Espírita.
Rigoroso observador, as
lições originárias da espiritualidade só
vieram a lume após criteriosas pesquisas
envolvendo diversos médiuns nos mais
diferentes locais do globo.
Por muitas vezes vemos o
codificador se referir ao estudo, pesquisa e
observação criteriosa e despida de
preconceitos como sustentáculo
imprescindível para a conquista do
conhecimento.
E é esta questão
referente à preocupação científica de Kardec
que muitos desconhecem, chegando a pensar
que o Espiritismo é obra exclusiva dele,
julgando equivocadamente que a Codificação
Espírita borbulhou na cabeça do filósofo
francês, e ele a transcreveu em papel,
conclamando alguns a segui-lo.
Muitos chegam até a
ignorar a essência cristã do Espiritismo, e
emitem opiniões descompromissadas com a
seriedade, na base do leviano "Ouvi Dizer".
Aliás, essa questão do "Ouvi Dizer" é uma
chaga social, onde diversas pessoas espalham
mentiras abalando reputações e difamando
instituições, baseadas nas famigeradas
fofocas. Lamentável que muita gente se deixe
envolver pela leviandade, esquecendo-se da
seriedade que devemos tratar as informações
que nos chegam. Se tudo transmitimos sem
responsabilidade de checarmos a veracidade
do assunto, somos certamente multiplicadores
da hipocrisia.
Ainda bem que Kardec não
se guiava pelo "Ouvi Dizer", mas sim pela
análise racional da questão, e esse foi um
dos motivos capitais que fez a Doutrina dos
Espíritos frutificar e viajar pelas décadas,
chegando nos dias de hoje com força total,
aliás, se Kardec se norteasse pelo "Ouvi
Dizer", sem pesquisar, observar e raciocinar
nos conceitos oriundos da espiritualidade, o
Espiritismo teria se perdido como Doutrina,
enfraquecendo-se à medida que incorporava
toda e qualquer teoria sem prévia análise.
Por isso foi admirável e
digno de registro a seriedade e o
comprometimento com a verdade que teve
Kardec na condução da codificação da
Doutrina Espírita.
E é assim em todos os
ramos da atividade humana, o êxito maior ou
menor que conquistaremos está diretamente
subordinado ao maior ou menor grau de
seriedade que encaramos o assunto motivo de
nossos estudos.
E aqui adentramos o
trabalho desenvolvido no Centro Espírita, na
importância de encará-lo com seriedade,
imprimindo responsabilidade e amor naquilo
que nos propomos a realizar; e imprimir
seriedade e amor equivale a procurar o
aperfeiçoamento contínuo, oferecendo um
trabalho de qualidade à instituição que
estamos vinculados.
No campo da mediunidade,
por exemplo, o médium não é médium apenas no
Centro Espírita, mas sim em todas as horas
de seu dia, imperioso, portanto, que se
esforce por vivenciar o evangelho dentro e
fora do Centro. O estudo necessita fazer
parte de seu cotidiano para que ele não se
torne fantoche de entidades desprovidas de
senso moral. A propósito, em "O Livro dos
Médiuns" "Cap XXV", - Das Evocações – Kardec
ensina: "O médium deve evitar tudo o que
possa transformá-lo em instrumentos de
consultas, o que, para muita gente, equivale
a ledor da sorte".
A lição de Kardec
demonstra que a mediunidade precisa ser
encarada com seriedade, sem dar vazão para
uma curiosidade irrelevante. Quem se ocupa
do fenômeno mediúnico com preocupações
fúteis, certamente encontra dissabores e
aborrecimentos que poderiam ser evitados.
Seriedade esta que deve também ser aplicada
aos demais trabalhadores da Seara Espírita.
O voluntário que se
dedica à área da filantropia, por exemplo,
deve comparecer pontualmente nos dias de sua
atividade, porquanto, pior do que não ter
voluntários é tê-los pela metade, sem saber
se comparecerão ou não.
Se em nossa atividade
profissional atendendo a imperativos do
mercado somos impelidos à melhora contínua,
o mesmo deve ocorrer com o trabalho na seara
espírita.
Quanto mais capacitados
moral e intelectualmente, mais eficazes
instrumentos da espiritualidade seremos!
Outro ponto a destacar
diz respeito à convivência com os demais
colaboradores do Centro Espírita. Temos
visto muitos colaboradores abandonarem as
atividades voluntárias por se melindrarem
com este ou aquele companheiro,
aborrecendo-se com querelas. Compreensível
que ninguém queira ficar em um lugar onde
não se sente à vontade, quando o trabalho no
Centro Espírita deixa de ser prazeroso para
se tornar uma dorida obrigação, é hora de
rever algumas posições. Contudo, um pouco de
compreensão não faz mal à ninguém, diálogos
baseados no respeito e seriedade tendem a
colocar ponto final em muitos mal
entendidos.
Alimentar e cultivar
conversas paralelas, baseadas no já citado
"Ouvi Dizer", não condizem com a seriedade
que deve existir no trabalho espírita porque
podem desestabilizar o grupo, comprometendo
seriamente a atividade desenvolvida pela
instituição, então novamente recorremos ao
bom senso do codificador que afirma:
"Se um grupo quiser estar
em condições de ordem, de tranqüilidade, de
estabilidade, é preciso que nele reine um
sentimento fraterno. Todo grupo ou sociedade
que se formar sem ter por base a caridade
efetiva não terá vitalidade".
Por isso, a seriedade no
trabalho desenvolvido pelo Centro Espírita é
importante, caro leitor; a seriedade nos
livra da leviandade, indisciplina e
acomodação, abrindo portas para o sucesso
existencial, nossa verdadeira finalidade ao
aportar neste planeta.
Reflitamos, pois, nos
sábios ensinamentos ministrados pelo
codificador para que atinjamos a excelência
no trabalho desenvolvido no Centro Espírita.