"Amai os vossos
inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam
e orai pelos que vos perseguem e
caluniam. – Porque, se
somente amardes os que voa amam, que
recompensa
tereis disso? Não fazem assim também os
publicanos?
– Se unicamente saudardes os vossos
irmãos, que
fazeis com isso mais do que outros? Não
fazem
o mesmo os pagãos? – Sede, pois, vós
outros
perfeitos como perfeito é o vosso Pai
celestial."
(S. Mateus, cap. V, vv.
44, 46 a 48 .)
(2)
Tanto o Espiritismo
como os Evangelhos demonstram a
necessidade da virtude e nela a vivência
do amor ao próximo como fundamental à
convivência amorosa e os mentores
espirituais que orientaram a codificação
da Doutrina Espírita exaltam, conforme
visto na questão acima citada, a
necessidade do exercício da caridade e
eles mesmos esclareceram como se deveria
conceituar a caridade: "Benevolência
para com todos, indulgência para as
imperfeições dos outros, perdão das
ofensas." (Questão n.º 886 de O Livro
dos Espíritos.) Portanto, o exercício do
amor ao próximo pressupõe a
benevolência, a indulgência e o perdão
das ofensas.
Também o Mestre Jesus
estabelece como fundamental o amor ao
próximo, até mesmo ao inimigo, conforme
o texto citado, na relações
interpessoais.
Então, a convivência
pacífica, justa e amorosa é fundamental
para o nosso bem estar e também do
outro. Esse comportamento adequado ou
assertivo deve ser procurado, entendido
e, sobretudo, praticado.
Falamos em amor ao
próximo, mas é preciso definirmos,
detalharmos o que em nossas ações
comuns, no dia-a-dia, isso significa.
Como seres sociais,
vivendo em sociedade, necessariamente
estabelecemos interações com pessoas, em
diversos grupos sociais; a começar da
parentela familiar, no grupo de trabalho
profissional, nas instituições
religiosas, sociais, clubes, na rua, em
lojas, repartições públicas.
É importante, então,
que saibamos nos relacionar bem,
compreendendo o outro e desejando ser
compreendido, exercitando os nossos
direitos como cidadãos e respeitando os
mesmos direitos do próximo.
Para a vivência
agradável e saudável, precisamos saber
como nos comportar adequadamente. Nessa
convivência, a todo momento, estamos
sujeitos a avaliações e julgamentos que
se manifestam como críticas ou
maledicência.
Há a crítica quando a
pessoa pretende dizer-nos a verdade com
real interesse em nos ajudar; a
maledicência quando a pessoa não usa a
verdade e simplesmente procura
diminuir-nos a fim de que ela se sinta
superior a nós.
Quando alguém nos faz
uma crítica desejando ajudar-nos, nem
sempre sabemos ou queremos aceitar as
observações apresentadas, porque o nosso
orgulho não nos permite ao ferir a
imagem superior idealizada que fazemos
de nós mesmos.
Desequilibramo-nos
emocionalmente, psiquicamente e até, às
vezes, fisicamente, quando não estamos
preparados para receber a crítica.
Vale, então,
buscarmos os ensinamentos da Doutrina
Espírita, dos ensinamentos do Mestre
Jesus, dos Evangelhos e também da
psicologia.
Os psicólogos Almir e
Zilda Del Prette (3) procuram
detalhar para nós as habilidades de
lidar com a crítica para que possamos
aceitá-la de maneira adequada:
Aceitar é:
1.
Permitir
que a pessoa exponha a sua crítica, sem
interrompê-la. Mesmo que em suas
primeiras palavras você sinta algum
desconforto emocional pelo que está
ouvindo, achando que seja verdadeiro ou
não, deixe que ela encerre completamente
a sua fala.
2. Prestar atenção
nos aspectos mais importantes da
crítica. Controle, da melhor maneira
possível, o estado emocional para não
"bloquear" o entendimento das palavras
que está ouvindo.
3.
Concordar,
total ou parcialmente,
com a veracidade da crítica. Após
permitir que a pessoa apresente a sua
crítica e você tenha prestado atenção
para avaliar o significado daquelas
observações, poderá, então, concordar
com tudo o que foi dito ou apenas parte
do que lhe foi apresentado,
manifestando, também, com a
tranqüilidade possível o seu grau de
aceitação da crítica, na totalidade, em
parte ou mesmo rejeitando as observações
feitas.
4.
Agradecer
à pessoa
pela sua preocupação e solicitar novas
críticas. Ao concordar com a crítica, na
totalidade ou em parte, você sentirá
que, efetivamente, o outro está querendo
ajudá-lo. Está colaborando para o seu
aperfeiçoamento como pessoa e espírito.
Merece, portanto, o agradecimento. Essa
pessoa estaria manifestando, assim, amor
por você. Constatando a sua sinceridade
e desejo em ajudá-lo, você poderá,
então, pedir-lhe que, quando achar
oportuno, poderá fazer outras críticas.
5.
Desculpar-se
por comportamentos inadequados que foram
objetos da crítica. Se reconhecer o erro
ou engano praticado consciente ou
inconscientemente, procure sinceramente
desculpar-se aproveitando a oportunidade
para enriquecer a sua personalidade com
as contribuições de verdades que
recebeu.
6.
Manifestar
intenção de mudanças
no comportamento inadequado. Se houve
reconhecimento de que a crítica era
procedente, é importante manifestar ao
crítico que você tem interesse em mudar
aquele comportamento que não foi
adequado, tenha ele sido expresso por
palavras, atos ou através de ambos.
Esse roteiro não é
fácil em ser seguido, pois ele mexe com
a nossa personalidade, com as nossas
emoções e sentimentos, toca em nosso
egoísmo, orgulho e vaidade, no entanto
ele é muito importante para vivermos de
forma amorosa e saudável, a começar do
próprio lar.
Bibliografia:
(1)
Kardec,
Allan. O Livro dos Espíritos. 71ª
ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991.
(2) Kardec, Allan. O Evangelho
segundo o Espiritismo. 116ª ed., Rio
de Janeiro: FEB,1999.
(3) Del Prette, Almir e Zilda.
Habilidades Sociais Cristãs. 1ª ed.
Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2003.