81. Se um médium
possui várias aptidões mediúnicas,
qual deve procurar cultivar?
É raro que a faculdade de um
médium seja rigorosamente
circunscrita num só gênero; o médium
poderá ter, pois, várias aptidões,
mas há sempre uma predominante e
é esta que ele deve esforçar-se
por cultivar, se ela é útil.
Constitui grave erro querer forçar
de qualquer forma o
desenvolvimento de uma faculdade
que não se possui; é preciso
desenvolver aquelas das quais se
reconhecem os germens, até que,
evidenciando-se a faculdade
predominante, deve o médium
aplicar-se a ela de um modo
especial. Limitando-se à sua
especialidade, o médium pode
tornar-se excelente intérprete e
obter grandes e belas coisas, ao
passo que, ocupando-se de tudo, não
obterá nada de bom. (Item 198)
82. Que precauções
deve o médium tomar para uma boa
educação mediúnica?
É um ponto indiscutível: sem
as devidas precauções pode
perder-se o fruto das mais belas
faculdades. A primeira medida
consiste em se colocar o médium,
com uma fé sincera, sob a proteção
de Deus, pedindo-lhe a assistência
de um Espírito guardião. Este é
sempre bom, enquanto que os Espíritos
familiares podem ser levianos ou
mesmo maus. A segunda precaução
é aplicar-se em reconhecer, por
todos os indícios que a experiência
fornece, a natureza dos primeiros
Espíritos que se comunicam e dos
quais é sempre prudente
desconfiar. Se estes indícios
forem suspeitos, é preciso fazer
um apelo fervoroso ao Espírito
guardião e repelir com todas as
forças o mau Espírito,
provando-lhe que não se é seu
joguete, a fim de o desencorajar.
O estudo prévio da teoria é
indispensável, se se quer evitar
os inconvenientes inseparáveis da
inexperiência; a tal respeito,
deve o médium examinar com
redobrada atenção os capítulos
sobre Obsessão e Identidade dos
Espíritos de O Livro do Médiuns.
Além da linguagem, podemos tomar
como provas infalíveis da
inferioridade dos Espíritos todos
os sinais, figuras, emblemas inúteis
ou pueris e toda escrita
esquisita, irregular, torcida a
propósito, de tamanho exagerado,
ou afetando formas ridículas e
inusitadas. Uma vez desenvolvida a
faculdade, é essencial que o médium
não a transforme em abuso; assim,
é necessário servir-se dela
apenas nos momentos oportunos e não
a cada instante. Não estando os
bons Espíritos constantemente às
suas ordens, corre o médium o
risco de ser iludido por Espíritos
mistificadores. Deve-se, portanto,
determinar para esse efeito dias e
horas certas, porque então o médium
terá disposições mais
concentradas e os Espíritos que
quiserem vir achar-se-ão
prevenidos. (Itens 211 e 217)
83. Que é
psicografia?
É o nome que se dá à
comunicação espírita através
da escrita, que pode se dar direta
ou indiretamente, mas sempre com a
intervenção de um médium. De
todos os meios de comunicação, a
escrita manual é o mais simples,
o mais cômodo e, sobretudo, o
mais completo. Além disso, é a
faculdade mais suscetível de se
desenvolver pelo exercício.
(Itens 152 a 156, e 178)
84. Que vem a
ser psicografia indireta?
Chamamos psicografia indireta
à escrita assim obtida, por oposição
à psicografia direta ou manual
obtida pelo próprio médium. O
fenômeno se passa da seguinte
forma: o Espírito estranho que se
comunica age sobre o médium;
este, sob essa influência, dirige
maquinalmente o braço e a mão
para escrever; a mão age sobre a
cestinha e a cestinha, sobre o lápis.
Assim, não é a cestinha que se
torna inteligente; ela é um
instrumento dirigido por uma
inteligência e não é mais, na
verdade, do que um porta-lápis,
um apêndice da mão, um intermediário
entre a mão e o lápis. Neste
processo, o meio mais cômodo
imaginado pelos homens foi a
chamada cestinha de bico,
na qual um lápis era fixado. Mais
tarde, suprimiu-se esse apêndice
e o médium passou a escrever
tomando o lápis diretamente à mão.
Por ser o meio mais simples e o
mais cômodo, dado que não exige
nenhum preparo material anterior,
a escrita manual, também chamada
involuntária ou automática, é a
forma usual adotada pelos médiuns
psicógrafos dos tempos modernos.
(Itens 154 e 157)
85. Quais são
as diversas modalidades de médiuns
psicógrafos?
Sem considerar aqui a
categoria dos médiuns inspirados,
que é uma variedade da
mediunidade intuitiva, os médiuns
psicógrafos podem ser mecânicos,
intuitivos ou semimecânicos.
O que
caracteriza o médium mecânico
é o fato de o Espírito agir
diretamente sobre sua mão,
completamente independente da
vontade do médium. A mão escreve
sem interrupção e só pára
quando o Espírito termina a
comunicação. O médium mecânico
não tem a menor consciência do
que escreve: é isso que deu
origem ao nome da faculdade –
mediunidade mecânica ou passiva.
Esta modalidade é preciosa, visto
que não deixa dúvidas sobre a
independência do pensamento de
quem escreve.
O médium
intuitivo recebe o pensamento
do Espírito comunicante e o
transmite pela escrita. Nesta
situação, o médium tem consciência
do que escreve, conquanto não
seja o seu próprio pensamento. O
papel do médium mecânico é o de
uma máquina; o intuitivo,
todavia, age como o faria um
intermediário ou intérprete e
sabe que as idéias não são
preconcebidas e surgem à medida
que são registradas no papel.
Freqüentemente o pensamento
formulado é contrário ao seu e
pode estar fora dos seus
conhecimentos e capacidade.
O médium
semimecânico sente o impulso
dado à sua mão sem que o queira,
mas ao mesmo tempo tem consciência
do que escreve à medida que as
palavras se formam. Participa,
assim, um pouco das duas
modalidades examinadas. Os médiuns
semimecânicos formam o maior número
da categoria dos psicógrafos.
(Itens 179 a 181)
86. Qual é o
verdadeiro ponto de partida para o
entendimento do Espiritismo?
Crê-se geralmente que para
convencer alguém é bastante
mostrar fatos; contudo a experiência
demonstra que isto nem sempre é o
melhor método, porque se vêem
freqüentemente pessoas a quem os
fatos mais patentes não convencem
de modo algum. Ora, no Espiritismo
a questão do Espírito é secundária
e consecutiva; este não é o
ponto de partida e precisamente aí
está o erro no qual se cai muitas
vezes diante de certas pessoas. Não
sendo os Espíritos outra coisa
senão as almas dos homens, o
verdadeiro ponto de partida é,
assim, a existência da alma.
De fato, como
pode o materialista admitir que
existam seres fora do mundo
material, quando crê que ele
mesmo não é mais que matéria?
Como poderá crer em Espíritos
fora dele, se não acreditar ter
um em si? Em vão acumular-se-ão
provas diante de seus olhos: ele
contestará todas, porque não
admite o princípio.
Todo ensino metódico
deve partir do conhecido para o
desconhecido. Para o materialista,
o conhecido é a matéria; partamos,
pois, da matéria e esforcemo-nos,
antes de tudo, fazendo-o observar,
em convencê-lo de que nele há
alguma coisa que escapa às leis
da matéria. Em uma palavra, antes
de torná-lo espírita, cuidemos
de torná-lo espiritualista.
Antes, pois, de empreender
convencer um incrédulo, mesmo
pelos fatos, convém assegurar-se
de sua opinião com relação à
alma, isto é, se crê em sua
existência, em sua sobrevivência
ao corpo, em sua individualidade
depois da morte. Se sua resposta
for negativa, será trabalho
perdido falar-lhe de Espíritos.
(Itens 18 e 19)
87. Que dizer
dos que atribuem ao diabo as
manifestações espíritas?
Ao tempo de Jesus o clero também
dizia que as curas e os chamados
milagres produzidos pelo Mestre
eram "coisa" do demônio.
Aqueles que espalham tais idéias
não sabem a responsabilidade que
assumem: elas podem matar!
Com efeito, o perigo não é só
para a pessoa, mas também para
aqueles que a cercam e que podem
ser aterrorizados pelo pensamento
de que sua casa é um abrigo de
demônios. Foi esta crença que
causou tantos atos de atrocidades
nos tempos da ignorância.
Conhecemos os acidentes que o medo
pode causar e seríamos,
certamente, menos imprudentes se
conhecêssemos todos os casos de
loucura e de epilepsia que têm
sua origem nos contos de lobisomem
e bichos-papões. A Doutrina Espírita,
esclarecendo-nos sobre a
verdadeira causa de todos estes
fenômenos, desfere a essa teoria
o golpe de misericórdia. Não
existem demônios: longe, pois, de
cultivar tal pensamento sombrio,
devemos, e é este um dever de
moralidade e de humanidade, combatê-lo
onde ele existir. (Item 162) (Continua
no próximo número.)