Nestes dias de
incertezas, que caracterizam o
milênio em curso, no qual
predominam a inversão de valores
e o imediatismo, cada um deve se
manter atento ao convite do mestre
incomparável, sobre o orar e
vigiar para não cair em
tentação.
Este é um
momento de definição. A
separação entre os autênticos
discípulos do Cristo, firmes na
fé e aptos a vencer os desafios,
e os discípulos da aparência,
que sustentam sua bandeira, apesar
de amantes incontroláveis do
prazer mundano e facilidades
enganosas do caminho.
Não nos
abalemos! Ainda que tenhamos de
pagar o alto preço, pago pelos
que são incompreendidos pelo
mundo – a solidão.
O venerável
irmão espiritual Bezerra de
Menezes afirmou que "a hora
do testemunho é uma hora
solitária". A vida confirma
esta verdade. Quantas vezes,
nos momentos mais difíceis,
reconhecemos que estamos sós,
tendo como testemunha da nossa dor
apenas as lágrimas copiosas que
nos lavam a face! Isso porque
aqueles que caminhavam conosco nos
momentos de ventura nessa hora se
encontravam ausentes. Entretanto,
não esqueçamos que o fato de
estarmos sós não nos faz
solitários ou abandonados pelo
amor de Deus.
"Sejam
quais forem as aflições e
problemas que te agitem a estrada,
confia em Deus amando e
construindo, perdoando e amparando
sempre; porque Deus, acima de
todas as calamidades e de todas as
lágrimas, te fará sobreviver,
abençoando-te a vida e
sustentando-te o coração"
(Meimei).
O mestre Jesus
também esteve ladeado por
multidões, que exaltavam a sua
condição de enviado de Deus, mas
no momento do testemunho estava
só. Judas, impaciente ante a
espera de um Reino dos Céus cuja
conquista exigia tempo e
perseverança, deixou-se fascinar
pelo poder temporário, e
vendeu-se por trinta moedas,
precipitando-se depois através do
autocídio. Pedro encontrava-se
ausente amargando em lágrimas o
remorso de o ter negado três
vezes. No entanto, o Mestre não
se deixou abater; consciente da
importância daquele momento, não
se permitiu influenciar pelo valor
ilusório da vida no corpo, e
submeteu-se à vontade superior: "Pai,
se possível passai esse cálice
de mim; mas que se cumpra segundo
a vossa vontade", e
confiante renunciou à vida
transitória, despertando
triunfante para a vida eterna.
Não
engrossemos a fileira formada por
aqueles para os quais a vida no
corpo apresenta sabor de
eternidade. Estes entregam-se com
avidez, na busca desenfreada da
porta larga, sem a noção do
perigo que ela representa; e
despertam mais tarde, sob o peso
de intenso arrependimento.
Portanto, aceitemos a vontade de
Deus, submetendo-nos laboriosos e
fiéis às suas soberanas leis,
que, para se cumprirem, poderão
contrariar os nossos desejos,
porém jamais as nossas reais
necessidades.