"O homem
poderia sempre vencer as suas más
tendências pelos seus próprios
esforços? - Sim, e às vezes com
pouco esforço; o que lhe
falta é a vontade. Ah, como são
poucos os que se esforçam."
- (Questão 909 de
"O Livro dos Espíritos",
de Allan Kardec.)
Quando Jesus, em
Sua reconhecida sabedoria,
sentenciou a célebre frase:
"Ajuda-te que o céu te
ajudará", estava informando à
humanidade inteira a lei do
esforço, pois ninguém, em época
alguma, encontrará o sucesso ou as
realizações que almeja sem
oferecer sua cota de dedicação e
perseverança.
É do nosso
conhecimento que fomos criados por
Deus, simples e ignorantes, com a
estrada aberta para conquistarmos a
luminosidade de uma vida dentro dos
padrões do equilíbrio ou para
mergulharmos nas trevas da inércia,
onde surgem os monstros vorazes da
dor e do sofrimento.
Em verdade, a
escolha é totalmente nossa. A
bondade divina nos assegura os
recursos e nos oferece as
condições devidas para que
trabalhemos nossas potencialidades,
mas a obrigação de fazer, ou o
descuido de deixar de fazer
determinadas coisas, será
deliberação exclusivamente
particular, própria de cada ser
humano. Portanto, superar as más
tendências que ainda insistem em
nos manter no fundo do abismo dos
desajustes é tarefa definitivamente
nossa, onde deve entrar a força de
vontade e o idealismo de sepultar os
defeitos que temos e sairmos à cata
das virtudes que ainda não
possuímos.
E ninguém, em
sã consciência e perfeita lucidez
de raciocínio, poderá afirmar que
não tenha inúmeras falhas a serem
sanadas, pois todos as temos, e com
freqüência, de forma abundante.
Aqui é a nossa
língua que tem grande ansiedade em
comentar sobre a vida alheia,
cuidando de problemas que não são
nossos, quase sempre deixando de
lado os defeitos que possuímos e
que estão a rogar corrigenda.
Ali é a
preguiça que ainda carregamos,
criando dificuldades e nos
prostrando no comodismo, ante as
tarefas a serem realizadas, onde,
via de regra, cobramos dos outros
aquilo que também não fazemos.
Mais além surgem
a indisciplina e a maledicência
gerando em nossa volta o
desregramento natural de quem deseja
viver sem rédeas, freios e limites,
como se tudo pudéssemos e tudo nos
fosse permitido.
Noutro lugar
aparece o inconformismo e mesmo a
revolta contra os desígnios de
Deus, onde por vezes gostaríamos
que a mundo se curvasse aos nossos
pés e que todos nossos sonhos e
caprichos encontrassem a
realização.
Enfim, como
criaturas imperfeitas que ainda
somos, são tantos os defeitos a
serem corrigidos, tantas as falhas a
serem sanadas, que precisamos
dispensar enormes esforços para que
possamos obter êxito na batalha
contra nossas más tendências.
Assim, ao invés
de ficarmos observando como vivem as
pessoas, como procedem os homens,
como atuam as criaturas, declinemos
a mesma força, o mesmo ímpeto e a
mesma dedicação para descobrir em
nós mesmos onde estamos errando,
quais são as nossas falhas e
lancemo-nos, urgentemente, a
saná-las, visando o nosso próprio
bem.
Jamais olvidemos
que o esforço de cada um será
sempre a alavanca firme que nos
impulsionará pelos caminhos das
conquistas e das realizações.
Esforcemo-nos, portanto, e a paz e a
felicidade que queremos estarão
cada vez mais próximas.