Limitação
de filhos
Um assunto que,
talvez, a gente precise debater
mais, em nossos seminários
espíritas, é o que trata da
limitação de filhos e,
obviamente, como conseqüência da
limitação, o uso de
preservativos vários com
inevitáveis conseqüências para
a saúde dos que deles se servem.
A matéria é
polêmica até mesmo entre os
espíritas. E penso que não
deveria ser. A doutrina espírita
já firmou sua posição. Não
somente na obra principal – O
Livro dos Espíritos, como nas
obras mediúnicas que complementam
o pensamento básico dos
Espíritos, exposto por Kardec.
É princípio
doutrinário a afirmação de que
o acaso não existe; logo a vinda
de um filho não é obra de acaso.
É sim cumprimento de compromisso
assumido antes de nosso mergulho
na matéria. Foi na condição de
Espírito em preparo de
encarnação que assumimos o
compromisso de, no momento certo,
acolhermos os filhos programados
para, juntos, darmos um passo a
mais na nossa caminhada evolutiva.
Decidimos isso, antes, quando
tínhamos visão mais clara da
vida, com vistas às nossas
necessidades principais na nossa
existência próxima.
Eis senão
quando, aqui chegados, decidimos
adiar o compromisso. Seja para
aproveitar melhor a nossa vida
social, seja por julgar que a vida
está muito difícil, como se não
tivéssemos por antecedência
conhecimento das dificuldades que
naturalmente iríamos encontrar
nessa nova experiência. Algumas
vezes alegamos dificuldades
financeiras esquecidos de que o
problema dos filhos é muito mais
de Deus que os criou do que
daqueles que, provisoriamente,
assumem sua condição de pais
terrenos.
Alega-se que o
uso de preservativos apóia-se no
direito ao livre arbítrio, mas
livre arbítrio houve, também,
antes, no mundo espiritual quando
aceitamos a programação
estabelecida para nossa
existência terrena e exatamente
quando tínhamos muito melhores
condições de decidir.
É natural que
os governos materialistas e ateus
desfraldem a bandeira da
limitação dos filhos e, mais
grave, lutem para que se aprove a
lei que autoriza o aborto. Eles
desconhecem os princípios em que
acreditamos. Eles se preocupam
apenas com o que o erário irá
gastar para o atendimento dos que
nascem em termos de saúde,
segurança e educação. Não
entendem, nem querem entender a
programação divina que usa a
encarnação como meio essencial
para crescimento do ser humano e
aperfeiçoamento do planeta em que
vivemos.
Kardec
preocupou-se com o assunto e à
sua indagação sobre as e leis e
os costumes humanos que têm por
fim ou por efeito criar
obstáculos à reprodução,
obteve a clara resposta dos
mentores que o ajudaram na
codificação do Espiritismo:
"Tudo o que embaraça a
Natureza em sua marcha é
contrária às leis da
Natureza."(1)
André Luiz,
por sua vez, abordando a matéria,
não deixa qualquer dúvida. Sobre
os "casais que evitam
filhos, mesmo os casais dignos e
respeitáveis, sob todos os pontos
de vista, que sistematizam o uso
dos anticoncepcionais"
ele é taxativo:
"Se
não descambam para a
delinqüência do aborto, na
maioria das vezes, são
trabalhadores desprevenidos que
preferem poupar o suor, na fome de
reconforto imediatista.
Infelizmente, para eles, porém,
apenas adiam realizações
sublimes, às quais deverão
fatalmente voltar, porque há
tarefas e lutas em família que
representam o preço inevitável
de nossa regeneração. Desfrutam
a existência, procurando
inutilmente enganar a si mesmos,
no entanto, o tempo espera-os,
inexorável, dando-lhes a conhecer
que a redenção nos pede esforço
máximo. Recusando acolhimento a
novos filhinhos, quase sempre
programados para eles antes da
reencarnação, emaranham-se nas
futilidades e preconceitos das
experiências de subnível para
acordarem, depois do túmulo,
sentindo frio no
coração."(2)
(1) O Livro dos
Espíritos, questão 693
(2) Ação e Reação, cap. 15,
página 210