CLAUDIA WERDINE
claudiawerdine@hotmail.com
Viena (Áustria)
Fundamentos da educação
(2a
Parte)
Instrução
x Educação
É preciso não confundir
instrução com educação.
A educação abrange a
instrução, mas pode
haver instrução
desacompanhada de
educação.
A instrução é mais
especialmente a
aprendizagem da ciência,
a educação é a
aprendizagem da vida; a
instrução forma o
talento, a educação o
caráter. A missão da
educação é mais elevada,
mais difícil a sua arte.
Instruir é ilustrar a
mente com certa soma de
conhecimentos sobre um
ou vários ramos
científicos. Educar é
desenvolver os poderes
do espírito, não só pela
aquisição do saber, como
especialmente na
formação e consolidação
do caráter.
O intelectualismo não
supre o cultivo dos
sentimentos. “Não basta
ter coração, é preciso
ter bom coração,” disse
Hilário Ribeiro,
educador emérito no
Brasil, séc. XX.
Todos os problemas do
momento atual se resumem
em uma questão de
caráter: só pela
educação podem ser
solucionados.
Demasiada importância se
liga às várias
modalidades do saber,
descurando-se o
principal: a ciência do
bem. Os pais geralmente
se preocupam com a
carreira que os filhos
deverão seguir,
deixando-se impressionar
pelo brilho e pelo
resultado utilitário que
de tais carreiras possam
advir. No entanto,
deixam de atentar para a
questão fundamental da
vida, que se resolve em
criar e consolidar o
caráter. Antes de tudo,
e acima de tudo, os pais
devem curar da educação
moral dos filhos,
relegando às inclinações
e vocações de cada um a
escolha da profissão,
como acessório.
A crise que assoberba o
mundo é a crise do
caráter, responsável por
todas as outras. O
momento reclama a ação
de homens honestos,
escrupulosos, possuídos
do espírito de justiça e
compenetrados das suas
responsabilidades.
Temos vivido sob o
despotismo da
inteligência. Cumpre
sacudir-lhe o jugo
fascinador, proclamando
o reinado do caráter, o
império da consciência,
da moral e dos
sentimentos.
“ É pela Educação, mais
do que pela Instrução
que se transformará a
Humanidade.” -
Allan Kardec.
Educação
Integral
Um fator vital em nossa
própria busca por
evolução é o equilíbrio
entre os diversos
aspectos do nosso
desenvolvimento. Sabemos
que a intelectualidade
sem amor nos conduz a
abismos seculares e que
o sentimento desvairado
pode nos aprisionar na
ignorância e no
fanatismo. Sabemos
também que, ao longo da
nossa jornada evolutiva,
devemos desenvolver
todas as nossas
potencialidades e
alcançarmos a condição
de anjos em todas as
virtudes e de sábios em
todas as ciências.
Educar, assim, tanto
para os fins da
existência presente,
quanto para as nossas
metas eternas, deve ser
uma ação que desperte de
maneira equilibrada e
integrada todas as
forças da alma. A
Educação deve se dirigir
ao sentimento e
instrução à
inteligência, para
formar pessoas saudáveis
da alma e do corpo.
Pestalozzi, que se
preocupava bastante com
o aspecto global e
equilibrado que deve ter
a Educação, resumiu a
questão na sua famosa
tríade: educar o
coração, a cabeça e as
mãos. Por educar o
coração, entendia fazer
brotar o amor a Deus a
ao próximo; como educar
a cabeça, referia-se à
formação da
inteligência, não no
sentido de entupir a
memória com informações,
mas de desenvolver o
ímpeto de observar,
analisar, deduzir e
pensar; e, afinal,
educar as mãos era para
ele tanto estimular
atividades manuais e o
trabalho em geral,
quanto cultivar a
agilidade, a saúde e a
harmonia do corpo.
Para melhor entendermos
a importância de uma
educação integral,
observemos os pássaros
que voam rumo ao
infinito. Somente o
desenvolvimento
harmônico das duas asas,
possibilita um vôo
seguro e tranqüilo.
Assim também somos nós,
pássaros em viagem rumo
à eternidade. Somente
conseguiremos voar com
segurança se mantivermos
nossas asas, ou seja, a
asa da instrução e a asa
da educação moral, em
perfeito equilíbrio e a
isso damos o nome de
Educação Integral.