96. Quais os
defeitos que afastam de nós os
bons Espíritos?
As qualidades
que atraem os bons Espíritos
são: a bondade, a benevolência,
a simplicidade de coração, o
amor ao próximo, o desprendimento
das coisas materiais. Os defeitos
que os afastam são: o orgulho, o
egoísmo, a inveja, o ciúme, o
ódio, a cupidez, a sensualidade e
todas as paixões pelas quais o
homem se prende à matéria. (Item
227)
97. Qual é o
maior escolho da mediunidade?
Entre as
dificuldades que apresenta a
prática do Espiritismo é preciso
pôr na primeira linha a
obsessão, isto é, o império que
alguns Espíritos sabem exercer
sobre certas pessoas. A obsessão
não acontece senão pelo desejo
dos Espíritos inferiores, que
procuram dominar. Os bons
Espíritos não usam de nenhum
constrangimento; aconselham,
combatem a influência dos maus e,
se não são ouvidos, retiram-se.
Os maus, ao contrário, agarram-se
ao que lhes oferece facilidades;
se conseguem dominar alguém,
identificam-se com seu Espírito e
o conduzem como a uma verdadeira
criança. (Item 237)
98. Quais são
as principais variedades de
obsessão?
São a
obsessão simples, a fascinação
e a subjugação.
A obsessão
simples tem lugar quando um
Espírito mau se impõe a um
médium, imiscui-se contra a
vontade dele nas comunicações
que recebe, impede-o de
comunicar-se com outros Espíritos
e substitui os que são evocados.
A fascinação
é uma ilusão produzida pela
ação direta do Espírito sobre o
pensamento do médium e que
paralisa de alguma sorte seu
julgamento a respeito das
comunicações. O médium
fascinado não se julga enganado:
o Espírito tem a arte de lhe
inspirar uma confiança cega que o
impede de ver o embuste e de
compreender o absurdo que escreve,
ainda mesmo que salte aos olhos de
todos; a ilusão pode mesmo
fazê-lo ver o sublime na mais
ridícula linguagem.
A subjugação
é uma pressão que paralisa a
vontade de quem a sofre e o faz
agir contra sua vontade. A pessoa
fica sob um verdadeiro jugo, que
pode ser moral ou corporal,
levando às vezes a pessoa
obsidiada a praticar os mais
ridículos atos. (Itens 238 a 240)
99. Como
podemos reconhecer a ocorrência
da obsessão?
A obsessão
apresenta os característicos
seguintes: 1o –
Persistência de um Espírito em
comunicar-se, quer o médium
queira, quer não, pela escrita,
pela audição, pela tiptologia
etc., impedindo que outros
Espíritos possam fazê-lo; 2o
– A ilusão que, não obstante a
inteligência do médium, impede-o
de reconhecer a falsidade e o
ridículo das comunicações
recebidas; 3o –
Crença na infalibilidade e na
identidade absoluta dos Espíritos
que se comunicam e que, sob nomes
respeitáveis e veneráveis, dizem
coisas falsas ou absurdas; 4o
– Confiança do médium nos
elogios que lhe fazem os
Espíritos que se comunicam por
ele; 5o –
Disposição de se afastar das
pessoas que lhe podem dar úteis
avisos; 6o – Tomar
por mal a crítica a respeito das
comunicações que recebe; 7o
– Desejo incessante e inoportuno
de escrever; 8o –
Sujeição física qualquer
dominando a vontade e forçando o
médium a agir ou a falar, contra
sua vontade; 9o –
Barulhos e movimentos persistentes
ao redor de si, e dos quais é a
causa ou o objeto. (Item 243)
100. Quais são
as causas da obsessão?
As causas da
obsessão variam segundo o
caráter do Espírito: é às
vezes uma vingança que ele exerce
sobre um indivíduo do qual teve
do que se queixar durante sua vida
ou numa outra existência;
freqüentemente o motivo é apenas
o desejo de fazer o mal, porque,
se ele sofre, experimenta uma
espécie de gozo em fazer sofrer
os outros, em atormentá-los, em
vexá-los. Assim, a impaciência
que a vítima demonstra
estimula-o, porquanto, irritando-o
e demonstrando despeito, a vítima
faz exatamente o que o Espírito
quer. Outros agem por ódio e por
inveja ao bem; eis por que dirigem
seus olhares maléficos sobre as
pessoas honradas. Há, por fim, os
que assim agem movidos por um
sentimento de covardia, que os
leva a aproveitar-se da fraqueza
moral de certos indivíduos que
eles sabem incapazes de lhes
resistir. Deve-se acrescentar a
essa lista os Espíritos
obsessores sem maldade, que
possuem mesmo algo de bom, mas que
têm o orgulho do falso saber e,
devido a isto, buscam médiuns
bastante crédulos para
aceitá-los de olhos fechados, a
quem fascinam impedindo-os de
discernirem o verdadeiro do falso.
A vingança constitui, no entanto,
a causa mais comum dos fenômenos
obsessivos. (Itens 245 e 246)
101. Como
ocorre a subjugação obsessional?
Como se fosse
um manto jogado sobre o
indivíduo, a subjugação
corporal tira freqüentemente a
energia do obsidiado, que é
necessária para dominar os maus
Espíritos; por isso, nesses
casos, é preciso a intervenção
de uma terceira pessoa, que aja
pelo magnetismo ou pela força de
sua vontade, para aliviar o
enfermo. Forma aguda do fenômeno
obsessivo, a subjugação é uma
pressão que paralisa a vontade de
quem a sofre e o faz agir contra
suas próprias idéias. O jugo
corporal significa que o Espírito
desencarnado age sobre os órgãos
materiais do obsidiado, levando-o
a provocar movimentos
involuntários, mesmo nos mais
inoportunos momentos. (Itens 240 e
251)
102. A
subjugação pode dar causa à
loucura?
Sim. Levada a
um determinado grau, a
subjugação corporal pode dar
causa a uma espécie de loucura
cuja causa é ignorada no mundo,
mas que não tem relação com a
loucura comum. Entre os tratados
por loucos há muitos que são
apenas subjugados; precisariam de
um tratamento moral, enquanto que
ficam loucos de verdade com os
tratamentos corporais. Quando os
médicos conhecerem bem o
Espiritismo, saberão fazer esta
distinção e curarão mais
doentes do que as duchas. (Item
254, parágrafo 6)
103. Para se
ter ascendência sobre os
Espíritos inferiores, qual é a
condição necessária?
Exerce-se o
ascendente sobre os Espíritos
inferiores pela superioridade
moral, unicamente. Os Espíritos
perversos sentem seus superiores
nos homens de bem. Em face de quem
não lhes oponha senão a energia
da vontade, espécie de força
bruta, eles lutam e
freqüentemente são mais fortes.
A quem não tenha autoridade
moral, nem a invocação do nome
de Deus exercerá aí qualquer
influência. São Luís ensina que
o nome de Deus tem influência
sobre os Espíritos imperfeitos
apenas na boca de quem pode dele
se servir com autoridade, pelas
suas virtudes. Na boca do homem
que não tenha sobre o Espírito
nenhuma ascendência moral, é tal
nome uma palavra como qualquer
outra. (Item 279) (Continua
no próximo número.)