José
Stipp, espírita
Era a quarta ou
a quinta vez que o Zé era chamado
às pressas a Piracicaba! Sua
irmã, uma menina de quatorze
anos, tivera outra crise e era
preciso estar lá para ajudar a
mãe. A crise da irmãzinha do Zé
tinha sinais de obsessão, e das
obsessões muito sérias. Rasgava
a roupa, saía nua pelas ruas,
agredia todo mundo, uma pena!
Ele – já me
dissera isso, algumas vezes –
não acreditava em Deus, nem em
espírito. Mas acreditava nos
amigos! Muito bem educado e muito
sincero e, sempre de boa-fé, era
incapaz de mentir. E, por isso
mesmo, acreditava, com facilidade,
em tudo o que os amigos dissessem.
Era do seu espírito essa
credulidade. Para ele, era
impossível que as pessoas
mentissem.!
Foi por isso
que eu me animei a dizer-lhe: –
Olhe, Zé, sei que você não
acredita, mas o que vou lhe dizer
é a mais pura verdade. Sua irmã
precisa urgentemente de
assistência espiritual. A doença
dela é obsessão, mas se não se
cuidar, pode virar loucura!
Contei-lhe casos de obsidiados que
tinham passado lá por casa, em
Astolfo Dutra, para serem tratados
por minha mãe, e no fim,
perguntei: – Você conhece algum
espírita em Piracicaba?
Conhecia.
Conhecia o Dr. Paulo, médico e
espírita, e presidente de um
centro espírita que ficava perto
de sua casa em Piracicaba.
Lá foi o Zé
para Piracicaba. Da rodoviária,
rumou direto para o consultório
do Dr. Paulo e de lá, com ele,
para a sua casa. A mãe, zeladora
da igreja, católica fervorosa,
não podia nem ouvir falar em
Espiritismo. Mas quem estava
chegando lá para ver sua filha
era um médico. Ali, mais
espírita do que médico, mas ela
não sabia.
Num instante, a
menina acalmou. Prece, passe,
água fluidificada na hora, e os
sintomas desapareceram como por
encanto! Dr. Paulo chamou o Zé a
um canto e lhe explicou o que
estava acontecendo com a irmã.
Tratava-se de doloroso processo
obsessivo, de difícil reversão,
mas que ele iria cuidar
pessoalmente do caso, nas sessões
mediúnicas que ele dirigia.
José Stipp
pediu para participar dos
trabalhos. Tanta bondade e
vibração viu nele nosso caro
doutor que o admitiu como
assistente.
Foram quarenta
dias de luta! Ao final, a menina
estava completamente restabelecida
e o Zé completamente espírita!
Mais espírita do que eu!
Incorporou-se a todos os
movimentos na cidade e se deu
integralmente à luta pelo Bem!
Foi aí que ele
quis, porque quis, que nós dois
curássemos o Mazzaropi. Tá
lembrado do caso?