ELIANA THOMÉ
ethome@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
Meu reino não é deste
mundo
Jesus, a eterna
referência para o homem
da Terra, não titubeou
em afirmar que o seu
reino não era deste
mundo. Se a Terra não é
a morada do Cristo, a
que reino então
estaremos sendo levados?
A pergunta número 55 de
O Livro dos Espíritos
nos dá uma pista quando
fala da pluralidade dos
mundos: Todos os
globos que circulam no
espaço são habitados? –
Sim, e o homem da Terra
está longe de ser, como
pensa, o primeiro em
inteligência, bondade e
perfeição. Entretanto,
há homens que se julgam
superiores a tudo e
imaginam que somente
este pequeno globo tem o
privilégio de ter seres
racionais. Orgulho e
vaidade! Acreditam que
Deus criou o universo só
para eles.
A Terra é assim a
abençoada escola da alma
imortal, que nela
estagia por longos
períodos na purificação
do próprio ser. Da mesma
forma que o aluno, após
ser diplomado, não
precisa mais dos bancos
escolares, também o
homem, depois de
adquirir as virtudes
pelas quais trabalhou em
sucessivas encarnações,
não mais precisa
estagiar em mundos
materiais, podendo, a
partir daí, ter na
Espiritualidade e em
mundos mais evoluídos as
experiências de que
agora carece.
Compreendendo a grande
escala evolutiva do ser
e a necessidade de
libertação do homem,
Paulo, o apóstolo dos
gentios, alerta em carta
aos Romanos que o
reino de Deus não
consiste no comer e no
beber, mas na justiça,
na paz, e na alegria no
Espírito Santo
(Carta de Paulo, aos
Romanos, 14:17).
A primeira mensagem
atesta a existência do
plano espiritual e dos
vários mundos que servem
de asilo para a alma na
concretização de suas
virtudes. A segunda,
importantíssima, nos dá
a receita de como
atingir os planetas em
condições melhores que o
nosso.
Ambas são claras na
necessidade de passarmos
pela Terra sem nos
deixar aprisionar por
ela. Viver a vida
material lutando para
que a matéria e tudo o
que a engloba sejam
elementos providenciais,
ferramentas que o
Espírito encarnado deve
manipular sem atritos ou
sangrias.
No entanto, vemos nos
dias de hoje a
supervalorização de
princípios calcados na
beleza do corpo e na
posse de dinheiro e bens
materiais, que estão
longe de constituir
aquele passaporte que
nos permitirá galgar um
andar acima visando o
mais alto que nos
aproximará do Pai.
Pode-se ser belo, ter um
bonito corpo e mesmo
ter-se dinheiro. É a
valorização em demasia
desses elementos que
constitui obstáculo para
alguns. De repente a
beleza passa a ser algo
tão importante para
certas pessoas que tudo
sacrificam por ela:
tempo, dinheiro,
família, amizade etc.,
numa inversão completa
dos valores.
E o maior sacrifício, se
assim podemos dizer, que
Deus pede aos seus
filhos, é que saibamos
nos amar uns aos outros.
Perdemo-nos na vida na
luta pela própria
subsistência, enquanto o
trabalho, canal de
ocupação e mecanismo de
aplicação das forças
e faculdades humanas
para alcançar um
determinado fim,
como ensina o Aurélio,
torna-se, em nossa visão
pequena e egoísta, um
empecilho da felicidade.
Devemos, portanto,
ocupar nosso tempo da
forma mais positiva
possível, distribuindo e
colhendo afetos por onde
passarmos. Saibamos
honrar cada dia como uma
dádiva de Deus aos
filhos bem-amados.
Aprendamos a viver
dentro de nossas
próprias capacidades,
pois a espiritualidade
nada pode fazer quando a
nossa imprevidência nos
coloca em situações
difíceis, principalmente
na questão monetária.
O justo viverá pela fé, já nos alertava o sempre querido Paulo em
carta aos Romanos
(1:17). Não apenas não
devemos misturar o
espiritual com o
material, no ensaio de
uma miscigenação
impossível – cada
elemento é único em sua
essência -, como devemos
honrar a oportunidade da
reencarnação assumindo
todos os deveres que ela
nos exige em nível
social e moral.
Jesus deixou essa
repartição bem clara
quando salientou
firmemente aos fariseus
que tentaram embaraçá-lo
na questão dos impostos
cobrados por César:
É-nos permitido pagar ou
deixar de pagar a César
o tributo? Jesus,
lúcido quanto à
oportunidade da lição,
responde firme: Dai,
pois, a César o que é de
César e a Deus o que é
de Deus (Mateus,
22:15-22 - Marcos,
12:13-17).
Assim é o mundo
material, uma escola
plena de desafios, cheia
de grandeza e de grandes
e necessárias provas.
Os que carregam seus
fardos e assistem os
seus irmãos são os meus
bem-amados, já nos
alertava o Espírito de
Verdade em mensagem
inserida em O
Evangelho segundo o
Espiritismo (cap.
VI, item 6), na qual nos
pede para nos
instruirmos na preciosa
doutrina que dissipa o
erro das revoltas e nos
mostra o sublime
objetivo da provação
humana, que é o de poder
ingressar finalmente nos
mundos celestes ou
divinos, habitações de
Espíritos depurados,
onde exclusivamente
reina o bem.
A Terra, segundo o
Espiritismo, pertence
à categoria dos mundos
de expiação e provas,
razão por que aí vive o
homem a braços com
tantas misérias (ESE,
cap. III item 4).
É, portanto, na Terra
que devemos desenvolver
a inteligência e
sublimar o nosso mundo
moral, a alma, para
conseguir as virtudes
necessárias que nos
farão ingressar no reino
colocado por Jesus,
sendo então como ele
exemplo de bondade e
perfeição.