104. Quais são
os meios de se combater a
obsessão?
Os meios de se
combater a obsessão variam
conforme o caráter que apresenta.
Na obsessão simples, duas
coisas essenciais devem ser
feitas: 1a – provar
ao Espírito que não somos seus
joguetes e que lhe é impossível
enganar-nos; 2a –
cansar sua paciência,
mostrando-nos mais pacientes do
que ele; se ele estiver bem
convencido de que perde seu tempo,
acabará por retirar-se, como
fazem os importunos a quem não
damos ouvidos. O médium ou a
vítima da obsessão deve, além
disso, fazer um apelo fervoroso a
seu protetor espiritual, assim
como aos bons Espíritos que lhe
são simpáticos e rogar-lhes que
o assistam. É conveniente também
interromper toda comunicação,
desde que reconheçamos que ela
provém de um mau Espírito, a fim
de não lhe dar o prazer de ser
ouvido. Quanto ao Espírito
obsessor, por pior que ele seja,
é preciso tratá-lo com
severidade, mas com benevolência,
e vencê-lo pelos bons modos,
orando por ele. Moralizando-se,
acabará por se corrigir: é uma
conversão a empreender, tarefa
penosa, ingrata, desencorajadora
mesmo, mas cujo mérito reside na
dificuldade e na satisfação, se
bem cumprida, de se ter trazido ao
bom caminho uma alma perdida.
Na fascinação,
é preciso convencer o médium ou
o indivíduo obsidiado de que ele
está iludido, transformando sua
obsessão num caso de obsessão
simples, o que nem sempre é
tarefa fácil, se não for mesmo
algumas vezes impossível. Não se
pode, com efeito, curar um doente
que se obstina em conservar sua
doença e nisso se compraz. O
fascinado recebe muito mal os
conselhos; a crítica o ofende e
irrita, e todos que não lhe
partilham a admiração lhe caem
em antipatia.
Na subjugação
corporal, como já foi dito,
é preciso a intervenção de uma
terceira pessoa, que exercerá um
predomínio sobre o obsessor. Mas
como este predomínio não pode
ser senão moral, é dado apenas a
uma pessoa moralmente superior ao
Espírito exercê-lo, e seu poder
será tanto maior quanto maior
seja sua superioridade moral.
Nesse caso, a ação magnética de
um bom magnetizador pode vir
utilmente em auxílio do
obsidiado. De resto, é sempre bom
tomar, por um médium seguro,
conselhos de um Espírito superior
ou de seu protetor espiritual. Em
suma, é preciso entender que não
existe nenhum processo material,
sobretudo nenhuma fórmula,
nenhuma palavra sacramental que
tenha o poder de expulsar os
Espíritos obsessores. (Itens 249
a 251)
105. Qual o
fator que mais dificulta a
libertação do obsidiado?
As
imperfeições morais do obsidiado
são, com freqüência, o
obstáculo principal à sua
libertação. Se ele se melhora,
seu protetor espiritual se
reaproxima e somente a presença
deste será suficiente para
expulsar o Espírito mau. Isso
porque as imperfeições morais
atraem e favorecem os obsessores,
e o mais seguro meio de se
desembaraçar deles é atrair os
bons Espíritos pela prática do
bem; estes só assistem os que os
secundam pelos esforços que fazem
para melhorar-se. (Item 252)
106. Podemos
evocar os Espíritos?
Sim, podemos
evocar todos os Espíritos de
qualquer grau da escala a que
pertençam, tanto os bons como os
maus, tanto os que deixaram a vida
há pouco tempo, como os que
viveram em épocas mais recuadas,
tanto os homens ilustres como os
mais obscuros, os parentes, os
amigos e também os que nos são
indiferentes. Mas isso não
significa que eles queiram ou
possam responder ao nosso apelo;
independentemente de sua vontade,
ou da permissão que lhes pode ser
negada por uma potência superior,
podem eles estar impedidos por
motivos que nem sempre conhecemos.
(Itens 274 e 282)
107. Como é
que os Espíritos sabem quando os
evocamos?
Freqüentemente
são eles prevenidos pelos
Espíritos familiares que nos
cercam e vão procurá-los.
Passa-se então um fenômeno que
é difícil explicar porque diz
respeito ao modo de transmissão
do pensamento entre os Espíritos.
O fluido universal, espalhado no
Universo, é o veículo do
pensamento, como o ar o é do som,
com a diferença que o pensamento
atinge o infinito. O Espírito, no
espaço, é como o viajante no
meio de uma vasta planície e que,
ouvindo de repente pronunciarem
seu nome, se dirige para o lado de
onde é chamado. Desse modo, o
Espírito evocado, por mais longe
que esteja, recebe, por assim
dizer, o contragolpe do
pensamento, como uma espécie de
choque elétrico que chama sua
atenção para o lado de onde vem
o pensamento a ele dirigido. Ele
ouve o pensamento, como na Terra
ouvimos a voz. Se a evocação é
premeditada, o Espírito é, às
vezes, avisado de antemão e se
encontra no recinto antes do
momento em que é nominalmente
chamado. (Item 282, parágrafos 5
e 6)
108. Por quais
sinais se pode reconhecer a
superioridade ou a inferioridade
dos Espíritos?
Pela sua
linguagem, como vocês distinguem
um estouvado de um homem sensato.
Os Espíritos superiores nunca se
contradizem e apenas dizem coisas
boas; desejam unicamente o bem:
este é a sua preocupação. Os
Espíritos inferiores estão ainda
sob o império das idéias
materiais; suas conversas
ressentem-se de sua ignorância e
de sua imperfeição. Apenas aos
Espíritos superiores é dado
conhecer todas as coisas e
julgá-las sem paixão. (Itens 268
e 263)
109. A
identidade dos Espíritos
comunicantes é essencial à
prática espírita?
A identidade
absoluta dos Espíritos é, em
muitos casos, uma questão
acessória e sem importância, o
que não se dá com a distinção
entre bons e maus Espíritos. A
individualidade deles pode ser
irrelevante, mas nunca a sua
qualidade. Em todas as
comunicações instrutivas esse é
o ponto para o qual deve convergir
toda a nossa atenção, porque
unicamente essa distinção é que
nos dará a medida de confiança
que podemos atribuir ao Espírito
que se manifesta, qualquer que
seja o nome sob o qual se
apresente. (Itens 262 e 267)
110. Devemos
então examinar as comunicações
recebidas?
Sim. Devemos
submeter todas as comunicações a
um exame escrupuloso, analisando o
pensamento e as expressões como
fazemos quando se trata de julgar
uma obra literária, rejeitando sem
hesitar tudo o que peca contra
a lógica e o bom-senso, tudo o
que desminta o caráter do
Espírito comunicante. Desse modo,
desencorajaremos os Espíritos
enganadores, que acabarão por
retirar-se, uma vez convencidos de
que não nos podem enganar.
Repetimos que este meio é o
único, mas é infalível, visto
que não existe uma comunicação
má que resista a uma crítica
rigorosa. (Item 266)
111. Podemos
fazer perguntas aos Espíritos?
Sim; as
perguntas, longe de terem o menor
inconveniente, são de grande
utilidade do ponto de vista da
instrução, quando sabemos
formulá-las dentro dos limites
desejados. Elas têm uma outra
vantagem, que é ajudar a
desmascarar os Espíritos
enganadores que, sendo mais vãos
do que sábios, suportam raramente
a prova das perguntas de uma
lógica cerrada que os levam a
seus últimos redutos. Os
Espíritos sérios respondem com
prazer às perguntas que têm por
fim o bem e os meios de fazerem o
homem progredir. Não ouvem,
portanto, as perguntas fúteis, as
que são inúteis e as que são
feitas por curiosidade ociosa ou
apenas para prová-los. (Itens 287
e 288) (Continua
no próximo número.)