O impacto da morte de um
ente querido
Certa vez, numa de suas
homilias dedicadas ao
Dia de Finados, o papa
João Paulo II pediu aos
católicos de todo o
mundo que orassem por
seus mortos e lembrassem
que a morte é
tão-somente um passo
para a vida eterna. “A
morte não é a última
palavra do destino
humano”, afirmou o papa
aos mais de dez mil
peregrinos que se
reuniram na Praça São
Pedro para ouvi-lo.
Lembramo-nos dessa
advertência papal ao
assistirmos na TV ao
drama que comoveu o país
na noite de 17 passado,
em face do acidente com
o avião da TAM que,
procedente de Porto
Alegre, não conseguiu
pousar intacto no
Aeroporto de Congonhas,
na capital paulista.
A idéia da imortalidade,
presente no sermão
citado, é um dos muitos
pontos de ligação
existentes entre
Catolicismo e
Espiritismo. Com efeito,
ensinam ambas as
doutrinas, a morte diz
respeito somente ao
corpo físico. Quando
alguém falece, é apenas
seu veículo corpóreo que
se desorganiza,
restituindo-se à
natureza os elementos
que o compõem. A alma
continua, no entanto, a
viver em uma outra
dimensão, em que,
segundo o testemunho de
muita gente, a vida
prossegue exuberante.
Se somos imortais e se
nossa natureza é
espiritual, por que
passamos pela carne?
Afinal, que contribuição
pode dar a existência
corporal ao Espírito, um
ser eminentemente
espiritual?
Este é um dos temas mais
importantes propostos
por Allan Kardec aos
imortais que o
assistiram na
codificação do
Espiritismo.
Lemos na questão no
132 de “O Livro
dos Espíritos”:
“Qual o objetivo da
encarnação dos
Espíritos?”
“Deus lhes impõe a
encarnação com o fim de
fazê-los chegar à
perfeição. Para uns, é
expiação; para outros,
missão. Mas, para
alcançarem essa
perfeição, têm que
sofrer todas as
vicissitudes da
existência corporal:
nisso é que está a
expiação.
“Visa ainda outro fim a
encarnação: o de pôr o
Espírito em condições de
suportar a parte que lhe
toca na obra da criação.
Para executá-la é que,
em cada mundo, toma o
Espírito um instrumento,
de harmonia com a
matéria essencial desse
mundo, a fim de aí
cumprir, daquele ponto
de vista, as ordens de
Deus. É assim que,
concorrendo para a obra
geral, ele próprio se
adianta.”
A morte corpórea, que
sinaliza o fim de uma
existência corporal, é,
portanto, uma ponte
entre os dois planos, o
material e o espiritual,
e nesse sentido podemos
considerá-la, sim, como
fez o papa, um simples
passo para a vida
eterna.
Em face disso, por maior
que seja a dor de uma
separação, precisamos
entender que –
excetuados os casos de
suicídio voluntário ou
involuntário – ninguém
retorna antes da hora à
pátria espiritual e que,
em face da despedida de
um ser querido, o melhor
que podemos fazer é orar
e pedir ao Criador que o
assista e ampare em sua
nova jornada, nessa
dimensão da vida que nos
aguarda a todos.
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