O
menino e o
arco-íris
Toninho era um
garoto que,
embora não fosse
rico, nada lhe
faltava.
Tinha tudo! Pais
amorosos, uma
casa
confortável,
roupas bonitas e
estudava numa
boa escola.
Mas Toninho era
um garoto que só
conseguia ver da
vida o que ela
tinha de pior.
Nas pessoas e
nas coisas,
procurava sempre
o lado negativo.
Se um amiguinho
se aproximasse
após ter tomado
um banho, de
roupas limpas,
cabelos
penteados, ele
olhava o outro
dos pés à cabeça
procurando algo
para
criticar: —
Que sapatos mais
feios!
Em casa, a
comida era
sempre feita com
carinho pela
mãe, ansiosa
para agradá-lo.
Ele provava e já
franzia o nariz,
exclamando:
— Está uma
droga! Muito
salgada!
A mãe ficava
triste, porém
nada podia
fazer. Debalde
procurava
fazê-lo mudar de
comportamento,
ensinando-lhe
que tudo tem seu
lado bom e que
era preciso
enxergar a vida
com outros
olhos.
Contudo, Toninho
não se
modificava. Ao
contrário,
parecia que a
cada dia ele
estava ficando
pior.
Ninguém gostava
dele. Os colegas
na escola
evitavam sua
presença,
temendo suas
críticas. E, com
isso, ele foi
ficando cada vez
mais sozinho e
mal-humorado.
Sua mãezinha,
preocupada com
ele, fazia
sentidas preces
a Jesus,
rogando-lhe a
ajudasse a
modificá-lo. O
que seria dele
no futuro se
continuasse
assim? A vida
lhe seria um
fardo muito
difícil de
suportar.
Certo dia,
porém, brincando
no quintal, ao
passar correndo
por debaixo de
uma árvore,
Toninho não viu
um galho e
esbarrou
violentamente
nele. De
imediato, sentiu
uma dor terrível
nos olhos, não
conseguia abrir
as pálpebras e
lacrimejava
muito.
A mãe levou-o ao
médico.
Examinando
Toninho, o
médico acalmou
os receios da
mãe,
dizendo-lhe:
— Graças a Deus
não foi nada
grave. Os olhos
foram arranhados
levemente pelo
galho. Todavia,
há necessidade
de manter
repouso e ficar
com os olhos
vendados.
O médico colocou
uma pomada, fez
um curativo em
cada olho,
tampando-lhe
completamente a
visão, depois
recomendou:
— Voltem dentro
de dois dias.
Amparado pela
mãe, Toninho
saiu do
consultório
médico
reclamando.
— Não se
lamente, meu
filho. Agradeça
a Deus, pois
você poderia ter
ficado cego —
considerou a
mãezinha,
paciente.
Aqueles dois
dias foram um
tormento para o
menino. Chorou,
se lastimou,
bateu os pés no
chão, fez birra,
mas acabou se
conformando.
Afinal, o médico
disse que se
quisesse sarar,
teria que ficar
com os olhos
vendados.
Naquele período
aprendeu até a
andar pela casa,
embora trombando
nos móveis; já
conseguia saber
se estava
fazendo sol ou
não, pelo calor
no corpo; sentia
o perfume das
flores, a
carícia do vento
e tudo o que não
se dava
importância
antes.
No final dos
dois dias,
estava mais
tranqüilo e foi
muito satisfeito
que, à hora
marcada, voltou
ao médico.
Ao sair do
consultório,
após ter
retirado os
curativos, a
emoção foi muito
grande ao ver de
novo a rua, as
pessoas
caminhando, os
carros no
trânsito, o céu,
as árvores...
Toninho até
chorou de
felicidade.
Puxando-o pela
mão, a mãe lhe
disse:
— Vamos rápido,
meu filho. Veja
como o tempo
está feio. Acho
que não tarda a
chover mais!
Toninho olhou
para o alto,
fitando o céu,
cheio de nuvens
escuras e
sorriu,
retrucando:
— Não acho que o
céu esteja feio,
mamãe. Acho até
que está muito
bonito! E veja o
lindo arco-íris
que surgiu entre
as nuvens!
Parece que ele
está me saudando
e dizendo:
“Bem-vindo à
vida, Toninho!”.
A mãe o olhou
surpresa, ao
notar a mudança
que se operara
nele, e Toninho
explicou:
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— Sabe, mamãe,
estes dois dias
me fizeram ver
as coisas de
outra maneira.
Não poder
enxergar, ver
sempre tudo
escuro é
horrível, e
fez-me dar valor
ao que me cerca.
Mais do que
isso. Entendi
que antes, mesmo
tendo visão
perfeita, na
realidade eu
enxergava menos
do que um cego.
Compreendo agora
porque a senhora
vivia tentando
fazer-me mudar
de
comportamento.
Vejo agora que
tudo é belo na
natureza, as
pessoas, as
coisas que nos
cercam.
A mãe suspirou
e, olhando para
o Alto,
intimamente
agradeceu a
Jesus a lição
que seu filho
tinha recebido.
Tia Célia |