Antonio Roberto
Fernandes
A minha avó guardava,
com alegria,
muitos pratos,
lindíssimos, de louça
que ganhou de presente,
quando moça,
e que esperava usar -
quem sabe? - um dia.
Mas a
vida passando tão
insossa
e nada de importante
acontecia
e ninguém pra jantar
aparecia
que compensasse abrir o
guarda-louça.
Vovó
morreu. Dos pratos
coloridos
que hoje estão quebrados
e perdidos
ela jamais usou sequer
um só.
Assim
também meus sonhos, tão
guardados,
terão, por nunca serem
realizados,
o mesmo fim dos pratos
de vovó.
Do livro Os pratos de
Vovó, 1a
edição, publicada em
2001, pág. 75, de
Antonio Roberto
Fernandes, de Campos dos
Goytacazes, RJ.