JORGE
HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, Distrito
Federal (Brasil)
Os célebres desculpismos
do "Só um pouquinho!
Hoje só!"
"O vinho é
escarnecedor e a bebida
forte alvoroçadora; e
todo
aquele que neles errar
nunca será sábio.” (1)
A questão da ingestão de
alcoólicos é uma
preocupação antiga . No
Evangelho de Lucas lemos
que "Ele [João Batista]
será grande diante do
Senhor, e não beberá
vinho, nem bebida
forte." (2)
O alcoolismo é um dos
mais sérios problemas
médico-sociais do mundo
contemporâneo. Os
especialistas se
esforçam em buscar as
matrizes cáusicas da
questão, e dentre muitos
outros fatores, destacam
a gigantesca influência
da propaganda bem
produzida, veiculadas
pela mídia,
especialmente na
televisão. As mensagens
são fortíssimos apelos
para a ingestão da
bebida, que ficam
impregnadas no
subconsciente de
telespectador desatento
aos preceitos do
equilíbrio.
Lembra Victor Hugo "no
estado de alcoolismo
faz-se muito difícil a
recomposição do
paciente, dele exigindo
um esforço muito grande
para a recuperação da
sanidade. A obsessão,
através do alcoolismo, é
mais generalizada do que
parece. Num contexto
social permissivo, o
vício da ingestão de
alcoólicos torna-se
expressão de "status",
atestando a decadência
de um período histórico
que passa lento e
doído." (3)
Conforme registra "Mundo
Espírita" a propósito da
alcoolomania no meio
espírita há certos
"líderes" espíritas que
costumam justificar suas
tragadinhas na vil taça
com "infundados
argumentos, como:
todo mundo bebe; uns
pouco goles não fazem
mal; só bebo em ocasiões
sociais; (...) beber
moderadamente é até bom
para a saúde..."
(4)
Apesar dos danos que o
álcool provoca da
estrutura
fisiopsicossomática,
existem aqueles
especialistas" que
alegam que o corpo
físico necessita de
pequenas quantidades
dele. Ledo engano! isso
é veementemente
contestado pelos Drs.
Edgar Berger e Oldmar
Beskow, no livro
intitulado: ESCRAVOS DO
SÉCULO XX.
O alcoolista não é
somente um destruidor de
si mesmo, é também um
veículo das trevas,
ponte viva para as
pontes arrasadoras do
mal. Joanna de Ângelis
nos ensina que a
"pretexto de
comemorações, festas e
decisões, não nos
comprometamos com o
hábito da bebida. O
oceano é constituído de
gotículas, e as praias,
de inumeráveis grãos.
Libertemo-nos do chavão
"HOJE SÓ", e quando
impelidos a
comprometimentos
nocivos, não encampemos
o célebre desculpismo
"SÓ UM POUQUINHO",
porquanto uma picada que
injeta veneno letal, não
obstante em pequena
dose, produz morte
imediata." (5)
(grifos nossos)
A retórica permissiva do
"inofensivo" drinque
deve ser enterrada e
jamais, sob nenhuma
alegação, deveria ser
exumada. Posto que tudo
começa com o primeiro
gole, depois vem a
necessidade do segundo,
do terceiro e assim por
diante. Ainda sobre o
editorial de "Mundo
Espírita" se o espírita
"conhece e faz-se de
desentendido, é
irresponsável que
sofrerá as consequências
da omissão em sua
consciência profunda."
(6)
Para o psicanalista Luis
Alberto Pinheiro de
Freitas, autor de
"Adolescência, família e
drogas" (Editora Mauad),
a liberalidade de muitas
famílias com o álcool é
um dos maiores problemas
para a prevenção:- Há o
mito de que a maconha
leva os jovens a outras
drogas. Mas é o álcool
que faz esse papel. E a
própria família
incentiva o consumo.
Tenho pacientes que
começaram a beber quando
o pai, orgulhoso do
filho que virava homem,
os chamava para
drinques. (7)
Os índices cresceram de
25% a 30% nos últimos
cinco anos, segundo o
psiquiatra Frederico
Vasconcelos (8)
"pesquisa sobre consumo
de álcool entre jovens,
pelo Centro Brasileiro
de Informação sobre
Drogas Psicotrópicas (Cebride),
da Unifesp. Para ele os
jovens de hoje têm
muitas dificuldades com
limites e a faixa etária
do abuso de álcool
diminuiu. Há dez anos, o
alcoólatra de 40 anos
começava a beber aos 17
ou 18 anos. Hoje, aos 12
ou 13. Isso significa
que, daqui a dez anos,
teremos alcoólatras
graves de apenas 35
anos, no auge da vida
produtiva.
Vasconcelos atesta que o
"álcool gera uma doença
de longa evolução (dez
anos em média) e o abuso
entre jovens os leva a
drogas maiores: - Uma
delas é o ecstasy,
encontrado em dois tipos
de pastilha: a MAP(
meta-anfetamina) e a
MDMA (metil-dietil- MA),
esta com propriedades
alucinógenas e ambas
vendidas a R$ 50 cada,
nas boates da Zona Sul e
da Barra da Tijuca. O
adolescente se expõe
hoje muito mais ao
álcool. Está se formando
uma geração de
dependência de álcool.
Além dos riscos à saúde,
há os perigos de dirigir
embriagado, da violência
e de traumatismos
decorrentes do abuso de
álcool." (9)
Lamentavelmente, em
nosso País se consome
cerca de dois bilhões de
litros de pinga e mais
de cinco bilhões de
litros de cerveja por
ano. Segundo o Dr.
Josimar França, membro
da Faculdade da Ciência
e Saúde da UnB
(Universidade de
Brasília), no Distrito
Federal existem mais de
cem mil alcoolistas e
boa porcentagem desse
universo é constituído
de jovens com menos de
17 anos de idade.
Josimar atesta que o
alcoolismo é o mais
importante problema de
saúde pública no Brasil.
Retornando ao "Mundo
Espírita", é muito bem
ressaltado que "o
espírita equivocado
(esquece) de que nem
tudo o que é comum na
sociedade é normal,
aconselhável. Para esse,
há uma Doutrina dos
Espíritos para o
discurso de conveniência
e outra doutrina para
sua prática pessoal
[espiritismo
particular]. É adepto da
aberração: Faça o que eu
digo, mas não faça o que
eu faço." (10)
Ante o desculpismo que
procura arrazoar o
hábito de beber ouçamos
uma lenda que um dia vi
num calendário com
frases e pensamentos
orientais:
Um homem chega ao líder
de sua religião, que
proíbe a bebida e
indaga:
– Grande mestre, as uvas
são proibidas?
– Não.
– E o suco de uva é
contra a nossa religião?
– Absolutamente.
– E se as uvas
fermentarem na água
seremos culpados?
– De jeito nenhum.
– Pois ao fermentar,
elas produzem o vinho.
Por que é pecado então
bebê-lo?
– Bem, respondeu o
Grande mestre – se eu
lhe atirar um punhado de
terra à cabeça, não lhe
farei mal algum!.
– Claro!
– Se lhe jogar água
misturada com terra,
também não o ferirei!..
– Certo!
– Mas se eu pegar nesse
punhado de terra
misturado com água e o
meter no forno para
cozimento,
transformando-o num
tijolo e o atirar na sua
cabeça que será que pode
acontecer?...
Todos os círculos da
existência, para se
adaptarem aos processos
da educação, necessitam
do esforço continuado
(disciplina), porque
todas as conquistas do
espírito se efetuam na
base de lições
recapituladas. Hahnemann
ensina que "homem não se
conserva vicioso senão
porque quer permanecer
vicioso; aquele que
queira corrigir-se
sempre o pode. De outro
modo, não existiria para
o homem a lei do
progresso." (11)
Fontes:
1 - Provérbio de
Salomão, cap. 20:1.
2 - Lucas, 1:15 e 7:33.
3 - Franco, Divaldo
Pereira. Calvário de
Libertação - ditado pelo
Espírito VICTOR HUGO
1a. Ed. ALVORADA, 1979.
4 - Jornal Mundo
Espírita da Federação
Espírita do Paraná,
julho/2002, pg.03-
Editorial.
5 - Franco, Divaldo
Pereira. Estudos
Espíritas, ditado pelo
Espírito Joanna de
Angelis 1a. Ed. Editora
da FEB, RJ: 1983.
6 - Cf. Jornal Mundo
Espírita da Federação
Espírita do Paraná,
julho/2002, pg.03-
Editorial.
7 - Revista "Época" de
29 de julho de 2002,
(Márcia Cezimbra, jornal
O Globo).
8 - Frederico
Vasconcelos, psiquiatra,
coordenador da Aldeia
Clínica e homenageado
pelo presidente Fernando
Henrique no mês passado,
juntamente com a autora
Glória Perez, por seus
trabalhos de prevenção
às drogas.
9 - Revista "Época" de
29 de julho de 2002,
(Márcia Cezimbra, jornal
O Globo).
10 - Cf. Jornal Mundo
Espírita da Federação
Espírita do Paraná,
julho/2002, pg.03-
Editorial.
11 - Kardec, Allan,
Evangelho segundo o
Espiritismo, mensagem de
Samuel Hahnemann, Cap. 9
- Ed. FEB, RJ 2000.