Sobre as pesquisas
psíquicas
na ex-União Soviética
(Parte 11)
Tchecoslováquia (III)
- Pavlita continuou a
olhar. Os presentes
observavam, muito
atentos. Vagarosamente,
a tira de cobre
recomeçou a girar — mas
desta vez na direção
oposta. Dir-se-ia que
uma força invisível no
interior da caixa
fechada a estivesse
empurrando, fazendo-a
rodar em sentido
contrário ao do pregão a
que estava presa.
Durante dois anos os
cientistas fizeram
experiências com Pavlita.
"PK! Uma demonstração de
PK, à prova
de fraude", escreveu o
jornalista britânico
Theo Lang, que ouvira
falar em Pavlita e voara
para a Tchecoslováquia a
fim de assistir a uma
demonstração. Os
cientistas concordaram
em que se tratava de uma
demonstração à prova de
alguma coisa, mas
do quê? Não conseguiam
descobrir nenhuma força
conhecida capaz de
obrigar a tira de cobre
a parar e a inverter o
seu movimento enquanto
Pavlita olhava para ela.
Parece PK, mas não é —
pelo menos não
exatamente.
Pavlita assevera ser um
tecnologista que opera
uma forma de energia,
ligando-a, desligando-a
e dirigindo-a, como
qualquer tecnologista
dirige uma energia como
a eletricidade. O
pequeno dispositivo que
não tem ligação com
coisa alguma no interior
da caixa fechada é um
gerador psicotrônico.
Enquanto Pavlita fica
olhando, a sua
bioenergia, segundo se
supõe, é transferida
para o gerador, que a
acumula e dirige.
Acreditam os tchecos que
muita gente poderia ter
capacidade de PK dessa
forma, com o gerador
funcionando como
intermediário.
O primeiro teste de "PK"
de Pavlita era uma
demonstração de que essa
energia, cognominada
vital ou psicotrônica,
podia ser aproveitada e
dirigida à vontade. Mas
todos os seus
descobridores afirmam
que se trata de uma
vasta energia universal.
Os tchecos disseram, e
tentaram mostrar, que
mesmo nesta fase do
descobrimento eles podem
fazer muito mais do que
apenas imitar o PK.
A principal pergunta
formulada por todos os
ocidentais que deram com
essa energia vital, ou
psicotrônica, nos
últimos quinhentos anos,
resume-se no seguinte:
Que é o que ela faz?
A energia vital e sua
aplicação
- Paracelso, alquimista
e médico da Renascença,
afirmava que essa
energia se irradiava de
uma pessoa para outra e
podia atuar a distância.
Ele a acreditava capaz
de purificar o corpo e
restaurar a saúde, como
também de envenenar o
corpo e provocar a
moléstia. O Dr. Van
Helmont, químico e
médico flamengo do
século XVII, cria que a
energia facultava a uma
pessoa afetar outra à
distância. Para o famoso
químico alemão barão Von
Reichenbach era possível
armazenar a energia e
carregar com ela outras
substâncias. Os
praticantes polinésios
de Huna, de que
Reichenbach não tinha o
menor conhecimento,
concordavam em que a
energia vital podia ser
transferida dos seres
humanos aos objetos.
Terá o homem poderes com
os quais nunca sonhou,
energias que podem ser
isoladas e usadas?
Talvez a energia
psicotrônica seja uma
chave para os fantasmas
e até para as supostas
substâncias
ectoplasmáticas emitidas
pelos médiuns. Os
tchecos só mencionaram
os empregos da energia
psicotrônica que
acreditaram haver
confirmado. Na opinião
deles, isto era apenas o
início de uma descoberta
— de uma assustadora
descoberta. Ouviram-se
inúmeras conjeturas. E
acabou-se falando sobre
o futuro que os tchecos
encararam tão cheios de
esperança, sobre
filosofia e história.
Em outro tipo de
experiência, durante a
fugaz primavera tcheca,
tinham-se visto os
geradores psicotrônicos.
Para que servem eles?
Nem mesmo os tchecos
afirmam saber tudo o que
há para saber acerca da
nova energia. O ponto
cardeal em suas mentes é
que os geradores de
Pavlita demonstram a
existência de uma
energia desconhecida,
sutilmente entrelaçada
com os seres humanos.
Se ela for real, se
continuar a
confirmar-se, daqui a
vinte anos este
relato soará como a
descrição de
um televisor ou de
um fonógrafo feita
por dois primitivos.
Se antes que as patentes
tivessem sido concebidas
houvéssemos assistido
por acaso a uma
demonstração particular
da máquina falante do
Sr. Edison, há noventa e
cinco anos, teríamos
escrito provavelmente
sobre uma máquina
singularíssima, quase
inacreditável, que era
capaz, quando Caruso
cantava na sala, de
captar-lhe a voz em
sulcos da espessura de
um fio de cabelo, feitos
num prato de cera. Uma
semana depois esse prato
podia ser posto num
rotor, uma espécie de
braço de metal traçaria
os sulcos e, como se o
tempo deixasse de
existir, ouviríamos
Caruso cantar a sua ária
como um fantasma que
houvéssemos evocado. E a
cera ficaria carregada
com a voz durante muito
tempo, talvez até
durante anos.
A desconfiança dos
cientistas ocidentais -
Os pouquíssimos — dois
ou três — cientistas
ocidentais que viram os
geradores de Pavlita
olharam para eles com
alguma desconfiança.
Ninguém gosta de usar
um barrete histórico de
burro, como os membros
da Academia Francesa,
que botaram pessoalmente
para fora das suas salas
o agente do Sr. Edison e
da sua máquina falante.
Eles sabiam, afinal de
contas, que a cera não
fala, que toda a
história era um truque
barato de ventríloquo.
Entretanto, ninguém, e
sobretudo os cientistas,
gosta de ser apontado
como crédulo e
simplório.
Muitos outros anunciaram
o achado de uma nova
forma de energia vital,
e o seu achado deu em
nada — assim como a
América foi descoberta
muitas vezes antes de
Colombo. Seria Pavlita
um impostor? Seria um
antigo escandinavo,
cujas visões se
dissiparão nas névoas do
tempo e da obscuridade,
ou será um Colombo?
O descobrimento de uma
nova forma antiga de
energia, de uma energia
vital, de uma energia
mais íntima que a
eletricidade ou o
raios-X, é uma idéia
fascinante. Exige de nós
um salto da imaginação.
Supõe um campo de pouso
fora dos círculos dos
conhecimentos
científicos atuais, um
campo de pouso em que a
mente e a energia não
estejam mais
irrevogavelmente
separadas uma da outra
mas, ao contrário,
interajam para operar as
suas maravilhas.
Será a energia
psicotrônica a energia
sutil e vital que os
místicos, os médiuns e
os filósofos
pressupuseram e que os
cientistas,
recentemente, andaram
procurando nos fatos
psíquicos?
Os geradores de Pavlita
reverberam na mente como
pontos cintilantes de
interrogação, que têm
por fundo a bela
paisagem tcheca.
(Continua no próximo
número.)