ARTHUR
BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais
(Brasil)
Estou mais leve que você
Era final de ano. No
salão, espalhadas pelo
chão, sacolas, em
profusão, com roupas,
algum alimento,
brinquedos, guloseimas,
que iríamos distribuir a
famílias carentes
cadastradas durante o
ano. O chão estava todo
tomado. Apenas uma
estreita passagem
permitia-nos caminhar
da porta de entrada do
Centro até a mesa
diretora, onde iríamos
realizar aquela que
seria a última reunião
mediúnica do ano.
Parece brincadeira, mas
um dos maiores problemas
que enfrentávamos, todos
os anos, na organização
do nosso natal, era
conseguir sacolas para
acondicionar os
presentes. Tinham que
ser amplas e fortes para
suportar o peso dos
presentes e não se
romper na caminhada que
os portadores teriam que
fazer do Centro até suas
casas, muitas vezes, bem
distantes.
Aí encontrei um amigo,
dono de uma fábrica de
sacolas, que havia
fechado o
estabelecimento, mas
dispunha em estoque de
apreciável quantidade de
sacolas que não chegaram
a ser comercializadas.
Nos deu todo o estoque.
Ficamos livres daquele
problema por bem uns
cinco anos!
Iniciamos a reunião.
Imediatamente, uma de
nossas médiuns, que não
conhecia nem o
personagem nem o fato,
informou: - Arthur, está
aqui, lá no fundo do
salão, o moço que lhe
deu as sacolas que estão
espalhadas pelo chão.
Ele não sabe que morreu.
Está bem, mas surpreso
por não compreender de
que maneira veio parar
aqui, em Guarani. Seu
pai está com ele.
De fato, meu amigo José
Pacheco, industrial
muito conceituado na
cidade de Cataguases,
havia falecido poucos
meses após me dar as
sacolas. Acidente de
carro, em que faleceu,
também, um sobrinho
dele. E o interessante é
que ele não comparecia
ali como um acidentado
não. Estava normal, sem
ferimentos, sem qualquer
sinal de que houvesse
falecido em desastre,
Convidei-o a
aproximar-se de nós,
tratando-o como uma
pessoa normal. Meu pai
(espírito) localizou-o
junto a Marisa, através
de quem ele começou a
conversar com o grupo.
Falei-lhe das sacolas;
agradeci-lhe novamente.
Ele minimizou a doação,
lembrando que ele as
dera vazias. Dizia que
nós é que tínhamos o
mérito das doações por
termos colocado dentro
delas tantas coisas
úteis às pessoas que as
iriam receber.
Eis senão quando ele nos
diz uma coisa
interessante, abordada
por Kardec.
– Que estranho, Arthur,
sinto que você está bem
mais pesado do que eu, e
eu muito mais pesado que
seu pai. Como entender
isso, rapaz? – perguntou
ao final.
Foi o suficiente para
abordarmos da maneira
mais suave possível o
fenômeno que ocorrera
com ele. Serenamente,
ele absorveu o
esclarecimento, reviu o
acidente, lamentou a
partida do sobrinho,
agradeceu muito ao
grupo, e se deixou levar
pelos companheiros
espirituais que o haviam
trazido ali.