O futuro do trabalho
segundo Domenico
De Masi e o Espiritismo
Autor de duas obras
importantes em que
analisa a sociedade
contemporânea do ponto
de vista da organização
e execução do trabalho,
o sociólogo italiano
Domenico De Masi entende
que o trabalho
repetitivo está, na
Terra, com seus dias
contados. O modelo de
trabalho adotado nos
últimos 200 anos, em que
predomina a divisão do
serviço em áreas
semelhantes a uma cadeia
de montagem, dará lugar
a um novo modelo, em que
haverá maior espaço para
o trabalho criativo. No
futuro, diz ele, as
máquinas se ocuparão das
tarefas monótonas,
perigosas e cansativas,
cabendo ao homem as
atividades que exigem
mais do intelecto e da
criatividade.
As idéias de Domenico De
Masi implicam, como se
vê, a existência de bons
níveis de educação. Sem
a extinção do
analfabetismo e a
implantação de um ensino
modelar e de uma ótima
universidade, reconhece
o sociólogo italiano,
será difícil aos países
em desenvolvimento
integrar-se no novo
modelo, embora, a
exemplo do fenômeno
chamado globalização,
seja isso inevitável.
Que tem dito o
Espiritismo a respeito
do assunto?
Lemos na questão no
678 d´O Livro
dos Espíritos, obra
dada a lume em
18-4-1857, que a
natureza do trabalho é
relativa à natureza das
necessidades. “Quanto
menos as necessidades
são materiais, menos o
trabalho é material”,
ensinaram os imortais há
150 anos, antecipando-se
assim às idéias de De
Masi. É a lei do
progresso que o exige,
tema tratado também na
Revista Espírita de
1864, págs. 89 e
seguintes, em que o
Espírito de Vaucanson
examinou
a questão do progresso
da ciência e do
aprimoramento das
máquinas e utensílios
fabris, bem como seu
efeito nas relações de
emprego e trabalho.
Resumidamente, afirmou
Vaucanson: 1) O homem
não foi feito para ficar
como instrumento
ininteligente de
produção. 2) Por suas
aptidões, por seu
destino e seu lugar na
criação, é ele chamado a
outra função, que não a
da máquina. 3) O
operário é chamado a
tornar-se engenheiro, a
ver seus braços
laboriosos substituídos
por máquinas ativas,
infatigáveis e mais
precisas. 4) O artífice
é chamado a tornar-se
artista e conduzir o
trabalho mecânico por um
esforço do pensamento e
não mais por um esforço
dos braços.
Na seqüência, observa o
referido Espírito: “Que
importa que cem mil
indivíduos sucumbam,
quando uma máquina foi
descoberta para fazer o
trabalho desses cem mil?
Para o filósofo, que se
eleva sobre os
preconceitos e
interesses terrenos, o
fato prova que o homem
não estava mais em seu
caminho, quando se
consagrava a esse labor
condenado pela
Providência.” “É no
campo da inteligência
que, de agora em diante,
o homem deve fazer
passar a grade e a
charrua que fecundam.
Todas as nossas
reflexões têm um só
objetivo: demonstrar que
ninguém deve gritar
contra o progresso, que
substitui braços humanos
por dispositivos e
engrenagens mecânicas.
Além disso, é bom
acrescentar que a
humanidade pagou largo
contributo à miséria e
que, penetrando mais e
mais em todas as camadas
sociais, a instrução
tornará cada indivíduo
cada vez mais apto para
funções inteligentemente
chamadas liberais.”
Concluindo a mensagem,
adverte Vaucanson: “O
homem é um agente
espiritual que deve
chegar, em período não
distante, a submeter ao
seu serviço e para todas
as operações materiais a
própria matéria,
dando-lhe como único
motor a inteligência,
que se expande nos
cérebros humanos”.
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