Objetivos:
Definir o perfil
sociodemográfico
e a saúde mental
em médiuns
espíritas, bem
como a
fenomenologia e
o histórico de
suas
experiências
mediúnicas.
Métodos:
115 médiuns em
atividade foram
selecionados
aleatoriamente
de centros
espíritas de São
Paulo. Numa
primeira etapa
foram aplicados
os
questionários:
sociodemográfico
e de atividade
mediúnica, SRQ (Self-Report
Psychiatric
Screening
Questionnaire) e
EAS (Escala de
Adequação
Social). Todos
os médiuns com
provável
psicopatologia
pelo SRQ (n=12)
e o mesmo número
de controles
foram
entrevistados
com base no DDIS
(Dissociative
Disorders
Interview
Schedule), SCAN
(Schedules for
Clinical
Assessment in
Neuropsychiatry)
e através de uma
entrevista
qualitativa.
Resultados:
76,5% da amostra
eram mulheres,
idade média 48,1
± 10,7 anos,
2,7% de
desemprego e
46,5% de
escolaridade
superior. Eram
espíritas, em
média, há 16,2 ±
12,7 anos e
possuíam uma
média de 3,5
tipos de
mediunidade
(incorporação
72%; psicofonia
66%; vidência
63%; audiência
32%; psicografia
23%). Cada
modalidade
mediúnica era
exercitada entre
7 a 14 vezes por
semana em média,
não havendo
diferença entre
os sexos. 7,8%
dos médiuns
ficaram acima do
ponto de corte
para transtorno
psiquiátrico
menor pelo SRQ e
a amostra
alcançou uma
pontuação de
1,85 ± 0,33 na
EAS. Houve
correlação
significativa
entre os escores
de adequação
social e de
sintomas
psiquiátricos
pelo SRQ (r=
0,38 p<0,001).
Não houve
correlação entre
a intensidade de
atividade
mediúnica e os
escores SRQ e
adequação
social. Os
médiuns diferiam
das
características
de portadores de
transtornos de
identidade
dissociativa e
possuíam uma
alta média (4)
de sintomas
Schneiderianos
de primeira
ordem para
esquizofrenia,
mas estes não se
relacionaram aos
escores do SRQ
ou do EAS. Foram
identificados
quatro grupos de
relatos de
surgimento da
mediunidade:
sintomas
isolados na
infância ou na
vida adulta,
quadros de
oscilação do
humor e durante
o curso de
médiuns. A
psicofonia/incorporação
possui como
pródromos uma
sensação de
presença,
sintomas físicos
diversos e
sentimentos e
sensações não
reconhecidos
como próprios do
indivíduo.
Posteriormente,
é sentida uma
pressão na
garganta e
mecanicamente
começa-se a
verbalizar um
discurso não
planejado. A
intuição foi
caracterizada
pelo surgimento
de pensamentos
ou imagens não
reconhecidos
como próprios. A
audição e a
vidência se
caracterizaram
pela percepção
de imagens ou
vozes no espaço
psíquico interno
ou objetivo
externo. A
psicofonia só
ocorria no
centro espírita,
as demais
modalidades
mediúnicas
ocorriam tanto
dentro como fora
dos centros
espíritas.
Conclusões:
Os médiuns
estudados
evidenciaram
alto nível
socioeducacional,
baixa
prevalência de
transtornos
psiquiátricos
menores e
razoável
adequação
social. A
mediunidade
provavelmente se
constitui numa
vivência
diferente do
transtorno de
identidade
dissociativa. A
maioria teve o
início de suas
manifestações
mediúnicas na
infância, e
estas,
atualmente, se
caracterizam por
vivências de
influência ou
alucinatórias,
que não
necessariamente
implicam num
diagnóstico de
esquizofrenia. |