LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
Reflexões sobre as
guerras
As guerras do Oriente
Médio são preocupantes,
como é toda e qualquer
guerra, seja ela
política, econômica,
religiosa, ou étnica,
seja entre nações ou
grupos em um mesmo país,
ostensiva ou velada –
recebendo outros nomes,
mas sempre o mesmo
combate -, porque o
preconceito, a ganância
desmedida e o prazer
pelo poder estão, quase
sempre, no cerne de
todas elas.
O que nos deixa
perplexos é o fato de
todos nós estarmos,
direta ou indiretamente,
envolvidos nessas
contendas, pois é
difícil não tomar
partido, formar opinião,
já que as conseqüências
dessas batalhas acabam
por nos afetar, trazendo
inquietações de todos os
tipos. Todavia, mesmo
sendo um momento de
pesar, também é momento
de se pensar e refletir
sobre todas as causas e
implicações desses
fatos. Para isso, é
necessário que
estabeleçamos a idéia de
que a guerra não
acontece, externamente,
ao homem – isso é só um
reflexo -, porque, na
verdade, ela tem seu
início dentro do próprio
homem.
Em O Evangelho
segundo o Espiritismo,
Capítulo IX, item 8, os
Espíritos dizem que
“cada época é marcada
pelo cunho da virtude ou
do vício que a devem
salvar ou perder. A
virtude da vossa geração
é a atividade
intelectual, seu vício é
a indiferença moral.”
Nada mais verdadeiro
do que aquilo que hoje
presenciamos. E, ainda,
no item 9, eles nos
lembram que o orgulho é
o que nos leva a esse
estado de coisas, por
nos julgarmos superiores
aos outros. Cada líder,
não importa sua área de
atuação, não pode se
colocar como se fosse
a sua Religião, o seu
povo ou o seu grupo,
porque não pode ser a
individualidade que cada
criatura representa.
Cada homem, perante
Deus, é o seu próprio
representante e,
portanto, responsável
por suas escolhas diante
das Leis Divinas.
Todas as vezes que
tomamos a parte pelo
todo, corremos o risco
de cometer grandes
equívocos. Imaginemo-nos
chegando a uma cidade
desconhecida e nos
defrontando com uma
periferia carente de
tudo – situação fácil de
ser imaginada nos nossos
dias. Diante de tal
quadro, recusamo-nos a
continuar a viagem por
supor, erroneamente, com
base naquilo que vemos,
que toda a cidade seja
igual.
Muitas vezes, sem
perceber, julgamos uma
pessoa por uma atitude
isolada, por uma palavra
dita, por um gesto,
esquecendo-nos, quase
sempre, que quando
colocados em
determinadas
circunstâncias,
poderemos agir de forma
diferente da qual
estamos acostumados. Por
exemplo, quando estamos
em um meio religioso,
nos sentimos calmos, em
paz e fraternos. Mas,
quando voltamos à
realidade estressante do
dia-a-dia, não
conseguimos manter o
mesmo comportamento
mental. Evidentemente
que o ideal seria
permanecermos na mesma
harmonia, mas isso,
ainda, é impossível.
Não podemos, portanto,
imaginar que o povo
islâmico é como seus
líderes radicais; ou que
o Presidente americano
pensa e age como todo o
povo que representa
politicamente; ou,
ainda, que os líderes
israelenses, sintetizem
as opiniões e o
pensamento de todo o
povo judeu. Poderíamos
citar, infinitamente,
outros tantos exemplos,
mas vamos permanecer
apenas nesses.
Jesus é claro, quando
nos lembra que o
escândalo é recurso para
modificação de atitudes;
mas, também, nos adverte
que a responsabilidade
de quem o provocar será
muito grande perante as
Leis de Deus. Inúmeras
vezes, presenciamos
situações em que os
escândalos foram
divisores na maneira de
pensar e de agir, tanto
de uma nação quanto dos
indivíduos,
isoladamente. É
instrumento de
progresso, quando obriga
o homem a repensar seus
valores, conceitos e
sentimentos mais
íntimos. Essas lutaso,
nas artes ou na
religiaducaçposta, seja
na polsta de fora para
dentroais oliticamente;
ou, ainda, que os
lesquecendo-nos, qu
que, infelizmente,
surgem, desde que o
homem se colocou sobre
dois pés, mostram-nos o
quanto ainda temos que
caminhar para
transformar a guerra
íntima em paz que se
expande, de dentro de
nós, para todos os que
nos cercam. Não podemos
supor que a paz almejada
possa ser imposta de
fora para dentro, pois a
própria história do
homem – pessoal ou
social – é calcada na
transgressão de qualquer
regra que seja imposta,
seja na política, na
vida social, na
educação, nas artes ou
na religião.
Em O Livro
dos Espíritos,
questão 728, Kardec
pergunta aos Espíritos
superiores se a
destruição é uma lei da
Natureza e eles dizem
que sim, se tomarmos a
palavra destruição
como sinônimo de
transformação. Assim
acontece, quando um
animal mata o outro para
se alimentar ou se
defender, garantindo sua
própria sobrevivência e
conseqüente reprodução.
Estabelece, com isso, o
equilíbrio na Natureza,
onde a presença de
muitos indivíduos de uma
mesma espécie pode
destruir, para sempre,
uma outra.
Entretanto, quando na
questão 742, Kardec
indaga: “Qual é a
causa que leva o homem à
guerra?”, os
Orientadores Espirituais
são categóricos em
afirmar que é a
“predominância da
natureza animal sobre a
natureza espiritual e
satisfação das paixões.”
E, na questão 745,
lembram-nos que aquele
que provocar a guerra em
seu proveito próprio, “este
é o verdadeiro culpada e
precisará de muitas
existências para expiar
todos os homicídios dos
quais foi a causa,
porque responderá pelo
homem, cada um deles, ao
qual causou a morte para
satisfazer sua ambição.”
O homem progredirá em
saber e humanidade, mais
cedo ou mais tarde. Como
não é natural querer o
mal para si, dia virá em
que ele entenderá o
convite amoroso de Nosso
Senhor e Mestre Jesus:
Ama a teu próximo
como a ti mesmo.