ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas
Gerais (Brasil)
“Expulsa a melancolia de
tua alma, essa hóspede
teimosa que te envolve
no dossel de mil
amarguras, segredando
desânimo e
desassossego”.
Joanna de Ângelis
Todos nós, os viajores
da Eternidade,
precisamos estar atentos
aos variegados fatores
que retardam a marcha de
nosso progresso, que é a
meta assinad por Deus
para todas as Suas
criaturas.
Muitos desses fatores
fogem ao nosso controle
porque são externos, mas
a maioria deles são
internos e perfeitamente
controláveis.
Segundo Joanna de
Ângelis, melancolia é
também enfermidade ou
síndrome de obsessão,
vitimando magotes de
criaturas que formam
compacta massa de
vivos-mortos que pululam
em gabinetes de
psicanálises, buscando
soluções que só
raramente se resolvem
aceitar e seguir.
Sensível a esta questão,
Allan Kardec pergunta
aos Espíritos Superiores
(1):
“Donde nasce o desgosto
da Vida, que, sem
motivos plausíveis, se
apodera de certos
indivíduos?”
E obtém a seguinte
resposta:
“Efeito da ociosidade,
da falta de fé e,
também, da saciedade.
Para aquele que usa de
suas faculdades com fim
útil e de acordo com as
suas aptidões naturais,
o trabalho nada tem de
árido e a Vida se escoa
mais rapidamente. Ele
lhe suporta as
vicissitudes com tanto
mais paciência e
resignação, quanto obra
com o fito da felicidade
mais sólida e mais
durável que o espera.”
Joanna de Ângelis
identifica ainda outro
motivo que pode gerar a
melancolia e o
desassossego, e esse se
relaciona com as
experiências
pretéritas. Diz a
Mentora:
“(...) Os abusos do
pretérito culposo se
manifestam como tristeza
indefinida, disfarçando
o remorso que a carne
abafa nos centros da
memória perispiritual”.
A nobre Mentora
aconselha:
“Se te sentes com os
movimentos interditos
pelas malhas perigosas
da melancolia, expulsa
com esforço titânico as
trevas que te envolvem e
faze luz íntima,
acendendo a lâmpada do
Evangelho na mente
turbilhonada”.
François de Gèneve
retoma o tema em formosa
página intitulada A
MELANCOLIA:
“Sabeis
por que, às vezes, uma
vaga tristeza se apodera
dos vossos corações e
vos leva a considerar
amarga a Vida? É que
vosso Espírito,
aspirando à felicidade e
à liberdade, se esgota,
jungido ao corpo que lhe
serve de prisão, em vãos
esforços para sair
dele. Reconhecendo
inúteis esses esforços,
cai no desânimo e, como
o corpo lhe sofre a
influência, toma-vos a
lassidão, o abatimento,
uma espécie de apatia, e
vos julgais infelizes.
Crede-me, resisti com
energia a essas
impressões que vos
enfraquecem a vontade.
São inatas no Espírito
de todos os homens as
aspirações por uma Vida
melhor; mas, não as
busqueis neste mundo e,
agora, quando Deus vos
envia os Espíritos que
lhe pertencem, para vos
instruírem acerca da
felicidade que Ele vos
reserva, aguardai
pacientemente o anjo da
libertação, para vos
ajudar a romper os
liames que vos mantêm
cativo o Espírito.
Lembrai-vos de que,
durante o vosso degredo
na Terra, tendes de
desempenhar uma missão
de que não suspeitais,
quer dedicando-vos à
vossa família, quer
cumprindo as diversas
obrigações que Deus vos
confiou.
Se, no curso desse
degredo-provação,
exonerando-vos dos
vossos encargos, sobre
vós desabarem os
cuidados, as
inquietações e
tribulações, sede fortes
e corajosos para os
suportar. Afrontai-os
resolutos. Duram pouco
e vos conduzirão à
companhia dos amigos por
quem chorais e que,
jubilosos por ver-vos de
novo entre eles, vos
estenderão os braços, a
fim de guiar-vos a uma
região inacessível às
aflições da Terra”.
(1) KARDEC,
A. O Livro dos
Espíritos. 70. ed.
Rio de Janeiro: FEB, q.
943.