Ismael Gobbo:
Uma visão
coerente. De um
líder
espírita...
Divulgação,
coerência e
dedicação à
causa
identificam
nosso
entrevistado
Ismael Gobbo
está radicado
em Araçatuba,
no interior de
São Paulo, e é
muito
conhecido no
Estado pela
dedicação à
causa
espírita. Além
da atuação
local, nosso
entrevistado
participa
ativamente do
movimento de
unificação,
inclusive
distribuindo
pela internet
as notícias da
USE - União
das Sociedades
Espíritas do
Estado de São
Paulo. Por
retificação
judicial, por
conta da
obtenção de
cidadania
italiana,
modificou a
assinatura de
Ismael Gobi
para Ismael
Gobbo.
Nascido em 26
de dezembro de
1947 na
mesma
cidade
onde
reside,
|
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formado em
Administração de
Empresas e
Direito, com
especialização
em Direito
Empresarial, na
juventude foi
diretor do
Departamento de
Mocidades do
Conselho
Regional
Espírita. Tempos
depois, foi
presidente da
USE Regional
Araçatuba por
nove anos, onde
atualmente
exerce o cargo
de diretor do
Departamento de
Orientação
Doutrinária. Foi
presidente da
Aliança Espírita
Varas da Videira
e atualmente é
diretor do
Departamento de
Orientação
Doutrinária da
mesma
instituição.
Ismael concedeu
entrevista à
nossa revista,
cujas perguntas
e respostas
entregamos aos
nossos leitores. |
O Consolador –
Como se deu seu
envolvimento com
o movimento
espírita?
Ismael Gobbo – Meus pais conheceram a doutrina quando a buscaram para
solucionar
problemas
pessoais. Minha
mãe, de família
católica, buscou
a Casa Espírita
para resolver um
problema de
saúde. Sofria do
ouvido e
não havia
tratamento
médico
convencional que
a curasse.
Bateram à porta
do Centro
Espírita "Amor e
Caridade", em
Birigüi (SP),
dirigido
por dona Linda
Dias Almeida e
seu esposo João.
Meu pai também
sofria problemas
obsessivos.
Naquela Casa
ambos
encontraram
respostas bem
convincentes
para as
situações que os
afligiam e, a
partir de então,
tornaram-se
espíritas.
– Você é
espírita desde a
infância?
Como disse, logo
que meus pais
começaram a
freqüentar as
reuniões
espíritas em
Birigüi, alguns
primos com mais
idade nos
levavam à
evangelização
infantil no
Centro Espírita
Bezerra de
Menezes, de
Araçatuba, onde
residíamos. Depois
meus pais
começaram a
freqüentar o
Grupo Espírita
Pagan para onde
íamos em suas
companhias às
reuniões de meio
de semana, à
noite, e com
minhas irmãs à
evangelização
infantil, nos
domingos. Posteriormente
freqüentamos a
Instituição
"Nosso Lar" onde
nos iniciamos na
mocidade e nas
atividades
doutrinárias ao
lado de
importantes
companheiros
dentre os quais
o nosso valoroso
Antônio César
Perri de
Carvalho.
–
Doutrinariamente,
o que mais lhe
agrada no
Espiritismo,
especialmente
considerando seu
tríplice
aspecto?
Como monitor há
vários anos de
cursos
ministrados na
Casa
Espírita temos
de estudar a
Doutrina
Espírita em seu
tríplice
aspecto, embora,
na área
científica,
tenhamos limites
por falta de
formação
acadêmica. Mesmo
assim tentamos
trabalhar os
temas da
filosofia
espírita,
especialmente
aqueles que
tratam dos
fundamentos
básicos do
Espiritismo,
nos arriscando
a transitar
pelas
informações
científicas
que delas se
ocupam. Gosto
dos temas
evangélicos que
são tratados
sistematicamente
nas reuniões
públicas da
nossa casa
espírita.
– Quais são seus
autores
preferidos?
As Obras Básicas
são os livros
que estudo e
consulto antes
de qualquer
outra. Das
obras
suplementares de
autores
desencarnados
nos habituamos a
estudar aquelas
psicografadas
por Chico
Xavier e Divaldo
Pereira Franco.
Além delas temos
nos valido
de autores
encarnados que
têm
canalizado suas
inteligências e
esforços
em nosso
beneficio. Aliás
os autores
encarnados
devem ser mais
valorizados
porque, mesmo
sofrendo as
injunções da
matéria,
superam-nas para
nos dar seus
testemunhos
vivos nas áreas
do conhecimento
que dominam. E
tudo à luz da
nossa querida
doutrina. São
profissionais
das áreas da
medicina,
juristas, administradores,
comunicadores,
filósofos,
educadores, dentre
outros, que
colocam seus
conhecimentos e
suas renúncias
pessoais para
ajudar o
semelhante no
imperioso
processo de
espiritualização.
Não podemos
preteri-los de
forma alguma,
aliás, na
condição de
encarnados como
nós, devem
ser nossas
constantes
inspirações. São
tantos talentos
que mesmo uma
relação
meramente
ilustrativa se
nos afiguraria
injusta. Dos
autores
não-espíritas me
marcou
profundamente as
obras de autoria
da médica
suíça Elisabeth
Kubler-Ross.
– E como você vê
o atual
movimento
espírita?
O movimento
espírita tem
tido uma atuação
muito vigorosa
no sentido de
promover o
estudo, a
divulgação e a
prática dos
postulados
contidos na obra
dos Espíritos
superiores
magistralmente
codificada por
Allan Kardec. Creio
que a Casa
Espírita é
imbatível em
termos de estudo
sistematizado em
comparação com
outros
movimentos
espiritualistas. Essa
prática tem
desencadeado a
multiplicação
pelo mundo todo
de Instituições
espíritas que
buscam aglutinar
trabalhadores
para
desenvolver atividades
doutrinárias, de
assistência
social e de
promoção humana.
Além disso, a
comunidade
espírita tem
dado seus
exemplos de
cidadania
participando de
atividades
sociais fora das
lides espíritas
que visam o
bem-estar da
coletividade, exercitando
o senso de
justiça e de
amor ao
próximo. Mas o
movimento
espírita
também tem lá
seus problemas,
especialmente
aqueles que são
frutos
do exclusivismo
e do isolamento,
verdadeiras
pedras-no-caminho
pelos que
se esforçam
por uma família
espírita mais
unida e
sintonizada com
o idealismo
vivenciado
por Jesus e
Kardec.
– Que visão você
tem de temas
polêmicos como
aborto,
eutanásia, entre
outros ligados
às atuais
pesquisas
científicas?
A postura
espírita deve
ser
consciente, responsável
e aberta a todos
os avanços que a
ciência nos
propicia. Afinal
a ciência é de
Deus e existe
para levar
avante os seus
desígnios.
Conscientes
disso,
os espíritas têm
trabalhado com
muito critério
os temas que
você arrolou.
No que se refere
ao aborto
estamos a braços
com o
polêmico Projeto
de Lei
que objetiva
descriminalizá-lo.
O movimento
espírita encetou
e continua
trabalhando
arduamente ao
lado de outras
entidades
igualmente
notáveis para
que aquela
pretensão
legislativa não
venha prosperar.
E olha que se
não fossem esses
movimentos provavelmente
já estaríamos
com a novidade
no nosso
ordenamento
jurídico. O
espírita tem
sempre que
valorizar a sua
vida e respeitar
a de seu
próximo. O
Espírito que
está em processo
de reencarnação
merece respeito
qualquer que
seja a situação
em que esteja
retornando
porque nós
espíritas
entendemos que o
acaso não existe
no vocabulário
divino. Por
isso precisamos
ter muito
cuidado e
responsabilidade
quando alguém
pede nossa
opinião sobre o
assunto. A
resposta é
encontrada
claramente nas
obras espíritas.
A eutanásia e a
distanasia, ou
distanásia,
assuntos também
em
voga, igualmente
não podem ter
uma resposta
simplista como
comumente
ouvimos. O
respeito à vida
deve ser encarado
como um direito
inalienável que
está devidamente
inscrito na Lei
Natural. Quem o
desrespeita
comete ilícito
que, se não
punido pela lei
humana,
certamente o
será pela Lei de
Deus.
– Sobre as
dificuldades de
união vividas
pelo movimento
espírita, que
caminhos você
indicaria?
Os problemas do
exclusivismo
ainda grassam no
meio espírita,
infelizmente.
Mas não podemos
desanimar. Quem
enxerga o
problema que
procure
pacientemente e
sem
ostensividade
quebrar as
amarras. Que os
órgãos de
unificação
promovam meios
de fazer a
aproximação,
organizando
algumas
atividades que
ensejam esse
mister.
Organizem escala
de expositores
com elementos de
todas as casas
promovendo
rodízio entre
elas; promovam
seminários;
palestras,
teatro e se
empenhem no
sentido de que
todas
participem. Façam
divulgação
das atividades
de todas, sem
exclusão, ainda
que de imediato
os resultados
não sejam o
esperado. Enfim,
estamos bem
longe do
movimento
cristão
primitivo onde
comunidades de
países distantes
estendiam suas
mãos para as
outras. Creio
que é isso que
Jesus espera de
cada um de
nós. Para Jesus,
que vê uma
universalidade,
não deve ser
nada animador
ver a desunião
vigendo entre
aqueles que
deveriam
constituir uma
grande e unida
família. Se numa
cidade de dez
casas espíritas
uma delas não
caminha bem, a
preocupação por
ajudá-la deve
merecer atenção
de todas as
outras porque
esta
certamente está
merecendo
maiores cuidados
por parte
da espiritualidade. Infelizmente temos
apego excessivo
por aquilo que é
nosso e muita
facilidade em
enxergar o
próprio
umbigo.
– Sobre
aquecimento
global, ameaça
da falta de
água, aumento da
criminalidade e
violência,
epidemias, entre
outros desafios
sociais, que
contribuição
oferece o
Espiritismo na
superação desses
desafios?
O Espiritismo
pugna por tudo
aquilo que
enseja a
harmonia e o
respeito à obra
da criação. E
não é só questão
de ideologia,
mas de mudança
de
comportamento.
Quem deve
representar o
Espiritismo
somos nós, os
espíritas. Que
cada um de nós,
cidadãos,
exerçamos nossos
deveres de
cidadania com
firmeza e
respeito. Temos
de nos engajar
em todos os
movimentos
sérios que lutam
por vencer esses
desafios, que
são desafios de
todos nós. E
isso podemos
fazer aliando
nossos
conhecimentos
técnicos, nas
respectivas
áreas de atuação
à luz
da Doutrina
Espírita que
vem nos ajudando
a melhorar o
caráter.
Médicos,
juristas,
filósofos,
escritores,
jornalistas,
administradores
e políticos
espíritas, temos
que aplicar a
formação e os
conceitos que
esposamos
naqueles espaços
que atuamos.
Felizmente temos
tido grandes
exemplos a nos
inspirar.
– Sobre a
literatura
espírita
disponível e seu
considerável
aumento nos
últimos tempos,
você acha que
está havendo
prejuízos com o
surgimento de
obras de caráter
duvidoso?
É um tema
recorrente no
meio espírita.
Parece que uma
pessoa só se
realiza se tiver
uma obra
publicada. É
livro surgindo
aos borbotões.
Não restam
dúvidas que a
bibliografia
espírita
é notável,
porém,
presentemente, parece
que estamos num
quadro de
disputa para ver
quem escreve
mais. E o filão
dos "romances
espíritas",
sobretudo os
psicografados, parece
que lidera. É só
pegarmos um
catálogo de
editora e
compararmos. Se
não bastassem
aqueles que nada
acrescentam,
ainda surgem
muitos rotulados
de
espíritas que não
se apresentam
com a coerência
da doutrina
espírita tão bem
alicerçada pelo
coerente Allan
Kardec. Não
somos ninguém
para admoestar
quem quer que
seja, porém que
escritores,
editores e
distribuidores
espíritas
meditem
seriamente sobre
as
responsabilidades
que pesam sobre
seus ombros.
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