ASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
O Livro dos Médiuns
Allan Kardec
(2ª Parte)
Damos continuidade neste número ao
estudo de “O Livro dos Médiuns”,
segunda das cinco
obras que constituem o chamado Pentateuco Kardequiano, que Allan Kardec lançou em Paris
no ano de 1861, a qual será aqui apresentada na
forma de 175 questões objetivas. |
Questões
objetivas
8.
Quais são as conseqüências gerais do sistema
polispírita ou multispírita?
Todos
os 13 sistemas mencionados na questão
precedente resultam de uma observação parcial
dos fenômenos ou de sua má interpretação.
Eis as conseqüências gerais que foram
deduzidas de uma observação completa e que
constituem o ensino da universidade dos Espíritos:
1o)
Os fenômenos espíritas são produzidos por
inteligências extracorpóreas (os Espíritos); 2o)
Os Espíritos constituem o mundo invisível e
estão em todos os lugares, inclusive ao nosso
redor, em contato conosco; 3o)
Os Espíritos reagem sem cessar sobre o mundo físico
e sobre o mundo moral; 4o)
Os Espíritos não são seres à parte na Criação:
são as almas dos que viveram na Terra ou em
outros mundos. As almas dos homens são Espíritos
encarnados; 5o) Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia,
de saber e de ignorância; 6o)
Estão todos submetidos à lei do progresso e
podem chegar à perfeição, mas como eles têm
livre arbítrio, alcançam-na num tempo mais ou
menos longo, segundo seus esforços e sua
vontade; 7o)
Eles são felizes conforme o bem ou o mal que
tenham feito durante a vida e o adiantamento a
que chegaram. A felicidade perfeita e sem
sombras é partilhada apenas pelos Espíritos
que chegaram ao grau supremo de perfeição; 8o)
Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias,
podem manifestar-se aos homens; 9o) Os Espíritos se comunicam por intermédio dos médiuns,
que lhes servem de instrumentos e intérpretes; 10o) Reconhece-se o adiantamento dos Espíritos pela sua
linguagem; os bons aconselham o bem e não dizem
senão coisas boas; tudo neles atesta elevação.
Os maus enganam e suas palavras trazem o selo da
imperfeição e da ignorância. (Item 49)
9. Por que há Espíritos maus que não
valem mais do que os chamados demônios?
O
fato é verdadeiro e a razão é simples: é
que há homens muito maus e que a morte não
torna imediatamente melhores. Não sendo os
Espíritos mais do que as almas dos homens e
não sendo estes perfeitos, resulta que há
Espíritos igualmente imperfeitos e cujo caráter
se reflete em suas comunicações. (Item 46)
10. Como prevenir os inconvenientes que
apresenta a prática espírita?
O
melhor meio de se prevenir contra os
inconvenientes que pode apresentar a prática
do Espiritismo não é proibi-lo, mas fazê-lo
compreendido. Deus nos deu a razão e o
discernimento para apreciar os Espíritos,
tanto quanto os homens. Um temor imaginário
não impressiona mais do que um instante e não
afeta todo o mundo. A realidade claramente
demonstrada é compreendida por todos. O
conhecimento prévio da teoria e da Escala
Espírita nos darão condições para
compreender e controlar as manifestações.
(Item 46)
11. Os bons Espíritos podem insuflar o
azedume e a cizânia entre os homens?
Não;
os bons Espíritos não insuflam jamais o
azedume ou discórdia. Os que agem assim são
Espíritos imperfeitos, que, devido à sua
inferioridade, podem induzir os homens à
desunião. Os bons Espíritos têm a prática
do bem como meta e é isso que os
caracteriza. (Item 50)
12. É possível ao homem esquadrinhar o
princípio das coisas?
Não,
porquanto o princípio das coisas, como é
ensinado em O Livro dos Espíritos, está
nos segredos de Deus. Pretender folhear com
a ajuda do Espiritismo o que ainda não é
da alçada da Humanidade é desviá-lo do
seu verdadeiro fim. Que o homem aplique o
Espiritismo em seu melhoramento moral, eis o
essencial, porque o único meio de progredir
é tornar-se melhor. (Item 51)
13. A forma humana é encontrada também em
outros mundos?
A
forma humana, excetuadas algumas minúcias,
necessárias ao meio em que o Espírito é
chamado a viver, encontra-se nos habitantes
de todos os globos; pelo menos é o que
dizem os Espíritos. É igualmente a forma
de todos os Espíritos não encarnados e que
possuem apenas o perispírito como envoltório;
é ainda aquela sob a qual, em todos os
tempos, representaram-se os anjos ou Espíritos
puros. Podemos concluir, portanto, que a
forma humana é o tipo de todos os seres
humanos de qualquer grau a que pertençam.
(Item 56)
14. Qual a causa da dúvida dos homens
acerca das manifestações dos Espíritos?
Uma
causa que contribuiu para fortificar a dúvida,
numa época tão positiva como a nossa, em
que se exige conta de tudo, em que se quer
saber o porquê e o como de cada coisa, é a
ignorância da natureza dos Espíritos e dos
meios pelos quais podem manifestar-se.
Adquirido esse conhecimento, o fato das
manifestações nada tem de surpreendente e
entra, assim, na ordem dos fatos naturais.
De fato, a idéia que fazemos dos Espíritos
torna, à primeira vista, incompreensível o
fenômeno das manifestações. Estas não
podem produzir-se senão pela ação do Espírito
sobre a matéria. Mas, se julgam que o Espírito
é a ausência de toda matéria, perguntam,
com relativa razão, como pode ele agir
materialmente. Ora, aí está o erro, porque
o Espírito não é uma abstração, é um
ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito
encarnado no corpo humano constitui a alma;
quando o deixa pela morte, não sai sem
nenhum invólucro. Todos nos dizem que
conservam a forma humana e é assim que eles
nos aparecem. (Itens 52 e 53)
15. Que ocorre ao homem logo após a morte física?
No
momento em que acabam de deixar a vida corpórea,
os indivíduos estão num estado de perturbação;
tudo é confuso ao redor deles; vêem seu
corpo perfeito ou mutilado segundo o gênero
de morte; por outro lado, vêem e se sentem
viver; alguma coisa lhes diz que este corpo
era o deles, e não compreendem que estejam
separados dele. Continuam a se ver sob sua
forma primitiva, e esta vista produz em
alguns, durante um certo tempo, uma singular
ilusão: a de se julgarem ainda encarnados;
falta-lhes a experiência de seu novo estado
para se convencerem da realidade. Passado
esse primeiro momento de perturbação, o
corpo se torna para eles uma velha veste da
qual se despojaram e da qual não guardam
saudades; sentem-se mais leves e como que
desembaraçados de um fardo; já não
experimentam dores físicas e são muito
felizes em poder elevar-se, transpor o espaço,
assim como fizeram muitas vezes em seu
sonhos. Entretanto, apesar da ausência do
corpo, constatam sua personalidade; têm uma
forma que não os embaraça; têm, enfim, a
consciência do seu eu e de sua
individualidade. (Item 53) (Continua
no próximo número.)
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