AYLTON PAIVA
paiva.aylton@terra.com.br
Lins, São Paulo
(Brasil)
O castelo da
vida
Em um belo dia de verão,
na praia, olhava duas
crianças que brincavam
de construir castelo
com areia molhada.
Durante muito tempo elas
iam, correndo, com o
baldinho vazio, até o
mar, colhiam a água e
voltavam cautelosas a
fim de que a água não
derramasse. Despejavam a
água na areia e depois
tomavam esta molhada nas
mãos e, pacientemente,
deixavam que a areia
molhada escorresse entre
os dedinhos. Caindo umas
sobre as outras, aquelas
bolotinhas de areia
molhada, paulatinamente,
tomavam a forma do
castelinho que as
pacientes crianças
procuravam moldar.
Repentinamente, quando o
castelinho estava quase
pronto, uma onda maior
estendeu-se sobre a
orla, avançando até
atingir a construção que
se transformou,
novamente, em um punhado
de areia coroado pelas
espumas das cristas das
ondas...
Observei as crianças...
quanto trabalho... muita
paciência... Por certo o
choro explodiria em seus
olhinhos, que atônitos e
desolados olhavam para o
que nada sobrara do
castelo... a não ser...
areia e água. Tanto
esforço... tanta
dedicação...
Preparei-me para
consolá-las...
De súbito... uma olhou
para a outra... e
desandaram a rir
gostosamente...
Correram, novamente, com
os baldinhos em direção
às ondinhas, que
mansamente beijavam as
areias da orla...
Encheram as
vasilhinhas... e alegres
molharam a areia...
Tomaram-na nas mãos e
começaram tudo de novo!
Surpreso e feliz, colhi
a bela lição daquelas
crianças inocentes e
alegres, numa bela
demonstração da arte de
viver.
A Doutrina Espírita
revela-nos que a vida
física que usufruímos é
um processo educativo
contínuo e permanente.
Muitas vezes, estamos
construindo algo em nós
ou para nós. Com o
baldinho do nosso
entendimento colhemos as
águas da esperança.
Corremos para a areia
das realizações
concretas. Estamos
felizes... construindo!
De inopino chega a onda
da adversidade,
destruindo alicerces,
paredes... e até mesmo a
cobertura de nossos
sonhos. Ficamos
perplexos... atordoados.
Pranto ou raiva querem
soprar em ventos de
emoções descontroladas.
Parece-nos, naquele
momento, que tudo está
perdido.
Não está!
Lembremo-nos das
crianças na tranqüila
areia e imprevista onda
destruidora de seu
castelo. Olhemos ao
redor... para a situação
destrutiva... para a
pessoa ameaçadora...
Olhemos para a
tranqüilidade e
o bom-senso. Novas
emoções... Com a
tranqüilidade e bom
senso... explodiremos a
gargalhada!
Decepção? Não!
Novas lições a serem
aprendidas... novas
oportunidades a serem
aproveitadas. Ao nosso
redor, circunstâncias
exteriores... conquistas
materiais,
sucessivamente, vão se
transformando ou
desaparecendo. São
oportunidades e lições
que a vida nos oferece.
Permanentes e eternos só
nós mesmos – almas
eternas – filhas do
Supremo Criador – a
construirmos, com as
areias dos sentimentos
nobres, da cultura
superior, e das emoções
enriquecidas, o castelo
do nosso Eu Superior.
Na praia da vida eterna,
conscientes e alegres
corramos, pelo
caminho da evolução, a
construir nosso
castelinho da plena
Felicidade!