Concluímos
nesta edição o estudo de O Livro dos
Médiuns, segunda das cinco obras que
constituem o chamado Pentateuco Kardequiano,
que Allan Kardec lançou em Paris no ano de
1861, o qual foi aqui apresentado na forma
de 175 questões objetivas. No próximo
número, a obra a ser estudada neste espaço
será O que é o Espiritismo, que o
próprio Codificador do Espiritismo entendia
como sendo a primeira obra a ser lida pelos
neófitos na doutrina.
Questões objetivas
168.
Devemos criticar o mal quando ele ocorra em
nosso meio?
Sem dúvida
nenhuma, esse é um direito e mesmo um dever.
Porém, se a intenção do crítico é realmente
boa, deve emitir sua opinião com decência e
benevolência, abertamente e não às ocultas.
O fato se aplica às reuniões, quando entram
no mau caminho. Se a opinião das pessoas
sensatas e bem-intencionadas não é seguida,
elas devem retirar-se, porque não se concebe
que quem não tem nenhuma segunda intenção
permaneça numa sociedade onde se fazem
coisas que não lhe convêm. (Item 337)
169.
Qual é a melhor garantia para saber-se se um
princípio é a expressão da verdade?
A melhor
garantia de que um princípio é a expressão
da verdade é quando ele é ensinado e
revelado por diferentes Espíritos, por
médiuns estranhos uns aos outros e em
diferentes lugares e, além do mais, é
confirmado pela razão e sancionado pela
adesão do maior número. Somente a verdade
pode dar raízes a uma doutrina; um sistema
errôneo bem pode recrutar alguns aderentes,
mas, como lhe falta a primeira condição de
vitalidade, não tem mais que uma existência
efêmera; eis por que não há do que se
inquietar dele: ele se mata por seus
próprios erros e cairá inevitavelmente
diante da arma possante da lógica. (Cap.
XXXI, item XXVIII)
170.
Qual é a missão dos Espíritos?
A missão
dos Espíritos não é resolver as questões de
ciência, nem poupar aos homens o trabalho
das pesquisas, mas sim torná-los melhores,
porque é desse modo que a Humanidade se
adiantará realmente. (Cap. XXXI, item XVII)
171.
Qual é o objetivo da vida?
Deus quis
que os Espíritos se voltassem para os
interesses da alma. O aperfeiçoamento moral
do homem, eis aí o fim e o objetivo da vida.
O Espírito humano segue uma marcha
necessária, imagem da gradação sentida por
tudo o que povoa o Universo visível e
invisível. Todo progresso chega em sua hora:
a da elevação moral chegou para a
Humanidade; ela não terá o seu ápice nos
dias em que vivemos, mas assistimos,
contudo, à sua aurora. (Cap. XXXI, item XI)
172.
Qual é a tarefa principal dos Espíritos em
relação aos homens?
Os
Espíritos têm objetivo principal fazer-nos
progredir. Para isso eles nos ajudam quanto
possam. A Providência traçou limites à
revelações que eles podem fazer aos homens.
Assim, os Espíritos sérios guardam silêncio
sobre tudo o que lhes é proibido anunciar.
Quem pedir aos Espíritos superiores a
sabedoria, jamais será enganado; mas não se
deve pensar com isso que eles perderiam seu
tempo em ouvir todas as nossas tolices e em
nos predizer a sorte. Essa tarefa fica por
conta dos Espíritos levianos, que se
divertem com isso, da mesma forma que os
meninos traquinas. (Item 289, parágrafo 11)
173. Que
é que o espiritualismo, se ressuscitado pelo
Espiritismo, pode dar à sociedade?
É do
Espírito de Rousseau a seguinte proposição:
Se o Espiritismo ressuscitar o
espiritualismo, dará à sociedade o impulso
que dá a uns a dignidade interior, a outros
a resignação, a todos a necessidade de se
elevaram ao Ser supremo, esquecido e
desconhecido por suas ingratas criaturas.
(Cap. XXXI, item III)
174.
Qual o caminho no qual Kardec trabalhava por
fazer entrar o Espiritismo?
Eis o
pensamento textual de Kardec: "A bandeira
que arvoramos bem alto é a do Espiritismo
cristão e humanitário, ao redor do qual
somos felizes de ver já tantos homens se
unirem em todos os pontos do globo, porque
compreendem que nela está a âncora da
salvação, a salvaguarda da ordem pública, o
sinal de uma era nova para a Humanidade.
Convidamos todas as sociedades espíritas a
concorrerem para esta grande obra; que de um
extremo a outro do mundo estendam-se mãos
fraternas e colherão o mal em redes
inextricáveis". (Item 350)
175.
Como o Espiritismo poderá trazer, como
predito, a transformação da Humanidade?
Essa meta
somente poderá ser alcançada com o
melhoramento das massas, o que pode
acontecer gradualmente e pouco a pouco
apenas pelo melhoramento dos indivíduos. Com
efeito, de que vale acreditar na existência
dos Espíritos, se esta crença não torna
melhor, mais benevolente e a mais indulgente
o indivíduo e se não o faz mais humilde e
mais paciente na adversidade? De que serve
ao avarento ser espírita se ele permanece
avaro; ao orgulhoso, se está sempre cheio de
si mesmo; ao invejoso, se está sempre com
inveja? Todos os homens poderiam então crer
nas manifestações e a Humanidade permanecer
estacionária. Mas, tais não são os desígnios
de Deus.
É para o
fim providencial que devem tender todas as
sociedades espíritas sérias, agrupando ao
seu redor todos os que possuem os mesmos
sentimentos; então haverá entre elas união,
simpatia, fraternidade e não um vão e pueril
antagonismo de amor-próprio, de palavras
antes que de fatos; então elas serão fortes
e poderosas, porque se apoiarão num base
indestrutível: o bem para todos; então serão
respeitadas e imporão silêncio à tola
zombaria, porque falarão em nome da moral
evangélica respeitada por todos. (Item 350)