ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
“Sem a luz da
razão, desfalece
a fé.”
(1)
Allan Kardec
Joanna de
Ângelis
esclarece que
“para
legitimar-se, a
fé se deve
consorciar com a
razão que
elucubra e
analisa,
passando pelo
crivo da
argumentação
lógica tudo o em
que se crê.”
O Espiritismo
postula (2):
“Fé inabalável
só o é a que
pode encarar
frente a frente
a razão, em
todas as épocas
da Humanidade.”
Deve-se o
declínio da
influência das
religiões da
atualidade, com
o conseqüente
incremento dos
despautérios
morais de vária
ordem, ao fato
de estarem essas
mesmas religiões
atreladas a
dogmas
ancilosados que
atentam contra
os mais
comezinhos
princípios da
lógica e da
razão, bem como
permanecem
subjugadas pela
avidez de
conquista
horizontais,
puramente
materialistas e
pela ânsia de
dominação e de
poder temporal
de seus líderes
aferrados a
ambições
diametralmente
opostas da
verdadeira
missão de
consolar,
instruir e
regenerar Almas,
fazendo-as
gravitar para
Deus.
Esclarece o
Mestre Lionês:
“Dá-se com os
homens, em
geral, o que se
dá com os
indivíduos em
particular. As
gerações têm sua
infância, sua
juventude e sua
maturidade. Cada
coisa tem de vir
na época
própria; a
semente lançada
à terra, fora da
estação, não
germina. Mas,
o que a
prudência manda
calar
momentaneamente,
cedo ou tarde
será descoberto,
porque, chegados
a certo grau de
desenvolvimento,
os homens
procuram por si
mesmos a luz
viva; pesa-lhes
a obscuridade.
Tendo-lhes
outorgado a
inteligência
para
compreenderem e
se guiarem por
entre as coisas
da Terra e do
Céu, eles tratam
de raciocinar
sobre a sua fé.
É então que não
se deve pôr a
candeia debaixo
do alqueire,
visto que,
sem a luz da
razão, desfalece
a fé.”
No item seguinte
afirma (3):
“Se pois, em sua
previdente
sabedoria, a
Providência só
gradualmente
revela as
verdades, é
claro que as
desvenda à
proporção que a
Humanidade se
vai mostrando
amadurecida para
as receber.
Ela as
mantém de
reserva e não
sob o alqueire.
Os homens,
porém, que
entram a
possuí-las,
quase sempre as
ocultam do vulgo
com o intento de
o dominarem. São
esses os que,
verdadeiramente,
colocam a luz
debaixo do
alqueire. É por
isso que todas
as religiões têm
tido os seus
mistérios, cujo
exame proíbem.
Mas, ao passo
que essas
religiões iam
ficando para
trás, a Ciência
e a inteligência
avançaram e
romperam o véu
misterioso...
Tudo o que se
acha oculto será
descoberto um
dia e o que o
homem ainda não
pode compreender
lhe será
sucessivamente
desvendado, em
mundos mais
adiantados,
quando se houver
purificado. Aqui
na Terra ele
ainda se
encontra em
pleno nevoeiro.”
Diz-se que a fé
se vai; e com
razão, pois
realmente a fé
que se vai é
justamente a fé
cega, aquela que
colide com a
evidência e a
razão; aquela
que aceita tudo
sem verificação;
aquela que gera
o fanatismo,
quando
exacerbada e
levada ao
excesso nos
desdobramentos
da ignorância.
Dá atestado de
impotência de
argumentação
todo aquele que
preconiza a fé
cega sobre um
ponto de crença,
vez que
falecem-lhe os
meios de
demonstrar que
está com a
razão.
A
LEGÍTIMA
ACEPÇÃO DE FÉ
(4)
“A fé sincera e
verdadeira, é
sempre calma;
faculta a
paciência que
sabe esperar,
porque, tendo o
seu ponto de
apoio na
inteligência e
na compreensão
das coisas, tem
a certeza de
chegar ao
objetivo visado.
A fé vacilante,
ao contrário,
sente a sua
própria
fraqueza; quando
a estimula o
interesse,
torna-se
furibunda e
julga suprir,
com a violência,
a força que lhe
falece. A calma
na luta é sempre
um sinal de
força e
confiança; a
violência, ao
contrário,
denota fraqueza
e dúvida de si
mesmo.
Cumpre não
confundir a fé
com a presunção.
A verdadeira fé
se conjuga à
humildade;
aquele que a
possui deposita
mais confiança
em Deus do que
em si próprio,
por saber que,
simples
instrumento da
vontade divina,
nada pode sem
Deus. A
presunção é
menos fé que
orgulho, e este
é sempre
castigado, cedo
ou tarde, pela
decepção e pelos
malogros que lhe
são infligidos.”
Continua Kardec
com seu
raciocínio
lúcido e
cristalino
(2):
(...) A fé
necessita de uma
base, base que é
a inteligência
perfeita daquilo
em que se deve
crer. E para
crer não basta
ver; é preciso,
sobretudo,
compreender.
A fé cega já não
é deste século,
tanto assim que
precisamente o
dogma da fé cega
é que produz
hoje o maior
número dos
incrédulos,
porque ela
pretende
impor-se,
exigindo a
abdicação de uma
das mais
preciosas
prerrogativas do
homem: o
raciocínio e o
livre-arbítrio.
É principalmente
contra essa fé
que se levanta o
incrédulo, e
dela é que se
pode, com
verdade, dizer
que não se
prescreve.
Não admitindo
provas, ela
deixa no
espírito alguma
coisa de vago,
que dá
nascimento à
dúvida. A fé
raciocinada, por
se apoiar nos
fatos e na
lógica, nenhuma
obscuridade
deixa. A
criatura então
crê, porque
tem certeza,
e ninguém tem
certeza senão
porque
compreendeu.
Eis por que não
se dobra.
A esse resultado
conduz o
Espiritismo,
pelo que triunfa
da
incredulidade,
sempre que não
encontra
oposição
sistemática e
interesseira.”
Bibliografia:
1. KARDEC,
Allan. O
Evangelho Seg. o
Espiritismo.
121.ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
2003, cap. XXIV,
item 4.
2. Idem, ibidem,
cap. XIX, item
7.
3. Idem, ibidem,
cap. XXIV, item
5.
4. KARDEC,
Allan. O
Evangelho Seg. o
Espiritismo.
121.ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
2003, cap. XIX,
itens 3 e 4.