AYLTON
PAIVA
paiva.aylton@terra.com.br
Lins,
São
Paulo
(Brasil)
Libertar-se
Um homem queria
libertar-se de
suas crenças
limitadoras e
preconceitos.
Procurou um
místico muito
admirado pelos
seus conselhos.
Aproximou-se,
respeitosamente,
e expôs as suas
inquietações.
O sábio olhou
para ele
atenciosamente
como que o
envolvendo na
sua aura de
conhecimento e
compaixão...
Subitamente,
andou em direção
a uma pilastra,
abraçou-a e
começou a
gritar:
− Socorro!
Salve-me desta
pilastra! Ela
está me
prendendo!
Salve-me desta
pilastra!
O homem que
fizera a
pergunta achou
que o místico
ficara maluco.
Os gritos
desesperados
começaram a
atrair
viandantes.
Surpreso o
consulente
indagou:
− Por que está
gritando assim?
Vim de longe
para fazer-lhe
uma pergunta
importante para
a minha vida.
Pensei que o
senhor era
sábio, mas,
parece-me que é
louco.
− O senhor está
segurando a
coluna, porém
pode largá-la na
hora que
desejar.
− Não é ela que
o está
prendendo!
O místico soltou
a pilastra,
olhou
tranqüilamente,
sorriu e disse:
− Muito bem,
então você já
tem a resposta à
pergunta que me
fez. Não são as
suas crenças e
preconceitos que
o aprisionam.
Você é que se
agarra
fortemente a
eles e não
deseja
soltar-se.
Pervagou o
tranqüilo olhar
pelas pessoas
que o cercavam,
fixou olhar no
atônito
consulente e
esclareceu:
− Para livrar-se
deles, basta
saber e querer
largá-los no
momento que
quiser.
Esta fábula
apresenta-nos
material para
reflexão sobre a
liberdade de
pensamento.
É importante
desenvolvermos a
capacidade de
pensar e sentir,
pois é através
dela que
poderemos
conhecer a nós
mesmos e o mundo
em que vivemos.
Pelo pensamento
desfrutamos de
liberdade ampla,
embora à mercê
dos limites da
concepção que
dela temos.
Quando nos
agarramos, por
exemplo, a uma
idéia e ela
passa a ser uma
crença ou um
preconceito,
ficamos
agarrados à
pilastra. É
difícil
soltá-la. Por
medo e
insegurança
ficamos
cultivando a
certeza de que é
a melhor, a
correta, a
verdadeira, a
única.
Quando, porém,
começamos a
sentir que,
talvez,
estejamos
equivocados, a
tendência é nos
agarrarmos,
ainda mais, a
ela. Não
queremos ter a
sensação e a
percepção de que
estávamos
enganados, o que
explicita uma
manifestação de
baixa
auto-estima e
insegurança.
Se não deixarmos
nossas crenças
limitantes e
preconceitos
intransigentes,
seremos o
ignorante que
não se liberta
da ilusória
pilastra,
ficando
impedidos do
livre pensar e
sentir no
processo da
construção da
verdadeira
felicidade.
Vamos nós,
também, procurar
o místico para
ouvi-lo.
Lá está ele,
sereno e
tranqüilo, no
oásis das nossas
mais elevadas e
belas paisagens
dos ideais
superiores, na
topografia de
nossas mentes.
− Mestre também
queremos nos
soltar da
pilastra.
− Aceitem que
vocês não têm a
plena sabedoria.
− Suas idéias
são idéias,
podem ser
verdadeiras ou
não. Seus
conceitos podem
ser conceitos ou
preconceitos.
Aceitem que
vocês podem
cometer erros e,
através deles,
encontrar os
acertos.
Pensem: “As
pessoas vão
gostar de mim,
ainda que
algumas vezes
cometa enganos”.
Não precisamos
estar sempre
certos para
estar bem.
Estejamos bem e,
com maior
freqüência,
conseguiremos
os acertos, pois
não
permaneceremos
agarrados à
pilastra das
crenças
limitadoras e
dos
preconceitos.