De: Ricardo Baesso de Oliveira (Juiz de Fora, Minas Gerais)
Domingo, 23 de setembro de 2007, às 11:39:14
Prezados confrades,
Durante o mês de outubro estaremos realizando no IDE-JF uma campanha de esclarecimento sobre o pensamento espírita a respeito do aborto provocado. Serão palestras e distribuição de um cartilha para todos os freqüentadores.
Enviamos o rascunho da cartilha. Se quiserem, podem publicar.
Abraços
Ricardo
N.R.: Dada a importância do assunto, que é bastante atual, publicamos o texto enviado por nosso colaborador Ricardo Baesso de Oliveira, o qual é transcrito na íntegra:
ABORTO PROVOCADO
IDÉIAS CENTRAIS
A encarnação do Espírito é uma necessidade evolutiva. Todos fomos criados simples e sem conhecimentos, mas dotados de perfectibilidade, ou seja, a capacidade de, um dia, chegarmos à perfeição relativa que nos é possível. Para tal, o contato com a matéria física, através das reencarnações sucessivas é indispensável. O mundo físico possui certas características, como o esquecimento do passado, o período de infância, a luta pela sobrevivência e a convivência com Espíritos de evolução diferente que tornam as reencarnações uma necessidade imperiosa ao nosso progresso. O Espírito, via de regra, reencarna junto de outros Espíritos afins. Todos formamos grandes famílias espirituais. Ao reencarnarmos continuamos juntos de membros dessa família espiritual. Os Espíritos se ligam por simpatia e o nascimento em tal ou tal família não é um efeito do acaso. Quando chega o momento de reencarnar o Espírito é atraído para junto da futura mãe e aguarda então o momento da fecundação para ligar-se ao novo corpo que vai se formar.
É no momento da fecundação que o Espírito se liga à matéria física.
Quando o espermatozóide encontra o óvulo, na tuba uterina, e fundem-se os núcleos dessas duas células, o Espírito reencarnante liga-se ao novo ser, através de um delicado cordão fluídico, e não pode ser substituído. A encarnação é um processo complexo em que as mentes da mulher e do futuro filho estão ligadas muito intimamente. O Espírito reencarnante ligado ao embrião/feto, embora esteja em um estado de perturbação, tem, quase sempre, consciência de tudo o que se passa a sua volta. Alegra-se com as alegrias da mãe e sofre com suas dores e angústias.
E O ABORTO?
A conseqüência natural do que foi exposto é esta: “O Aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção. É uma transgressão da Lei de Deus, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.” Livro dos Espíritos – item 358
O benfeitor Emmanuel, através de Chico Xavier, assim se manifesta:
“Existe um crime mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza. Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos de reação. Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam à morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes que possam sorrir para a bênção da luz.”
CONSEQÜÊNCIAS...
Quase sempre, aqueles que foram responsáveis direta ou indiretamente pelo crime do aborto vão atrair pela própria consciência estados dolorosos, cuja finalidade é o auto-perdão. O sentimento de culpa pode acompanhar os delituosos por toda a vida, e até mesmo em futuras existências, como um sentimento indefinível de angústia. O Espírito desligado do corpo pelo ato criminoso pode não perdoar as pessoas envolvidas e passando a acompanhá-los, pode acarretar-lhes transtornos obsessivos os mais variados. Depressão e loucura, muitas vezes, têm origem em perturbações espirituais obsessivas ligadas ao aborto criminoso. Em novas existências, o complexo de culpa pode se manifestar como doenças ligadas ao aparelho genital e freqüentemente a infertilidade e a frigidez sexual têm raízes nesse delito.
SITUAÇÕES ESPECIAIS
A GRAVIDEZ DECORRENTE DE UM ESTUPRO
Um crime não justifica o outro. A criança que vai nascer é Espírito vinculado à jovem ferida pela violência sexual. Reencarnaria por seu intermédio mais tarde se o ato bárbaro do estupro não tivesse acontecido. O agressor nenhuma relação espiritual possui com o Espírito reencarnante. Foi um triste instrumento da Lei de Causa e Efeito para que se reencontrassem mãe e filho, almas afins que transitaram juntas na Terra, em outras eras e que agora se reencontram para prosseguirem em direção da Luz.
O ABORTO EUGÊNICO
Denomina-se a Aborto Eugênico aquele que tem como objetivo impedir o nascimento de crianças com deficiências físicas ou mentais severas. Atitude duplamente criminosa, pela postura fria e preconceituosa. Injustificável sobre todos os aspectos. A criança com anomalias é um Espírito como qualquer outro, que necessita do retorno ao mundo terreno para reconstrução espiritual. Até mesmo nos casos de anencefalia o abortamento não se justifica. A anencefalia nunca é completa e o Espírito reencarnante pode estar ligado às poucas células cerebrais existentes. Isso ficou evidente na situação de Marcela, bebê que nasceu sem cérebro e completou, no mês de setembro, dez meses de idade. A menina de Patrocínio Paulista pesa 11,2 kg, respira sem ajuda de aparelhos e está cada vez mais ativa. (Folha de São Paulo, 21/09/07.)
O ABORTO TERAPÊUTICO
Consiste na interrupção da gravidez quando a mãe corre sério risco de vida. É a única situação em que o Espiritismo admite a interrupção da gravidez. Trata-se de uma indicação médica e não de uma escolha das pessoas envolvidas. Segundo o Livro dos Espíritos, item 359, é preferível sacrificar um ser que ainda não tem compromissos perante a vida, que outro, com responsabilidades muito maiores e bem definidas.
E QUANDO APARECE O ARREPENDIMENTO?
Sabemos que é possível renovar o destino todos os dias. Quem ontem abandonou os próprios filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios necessitados de carinho e abnegação. O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro, adverte-nos quanto à necessidade de cultivarmos ardente caridade uns para com outros, porque a caridade cobre a multidão de nossos males.
O Livro dos Espíritos, item 1000, diz assim:
– Podemos, já nesta vida, resgatar nossas faltas?
R.: Sim, reparando-as. Mas, não creiais em resgatá-las por meio de algumas privações pueris, ou mediante doações póstumas, quando de nada mais precisais. Deus não leva em conta um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne suportado durante anos, sem outro objetivo senão o bem de si mesmo.
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